Com a ideia de se manter líder de mercado, a Fiat Strada – que já soma mais de 60 mil unidades emplacadas no acumulado do ano – chegou à linha 2024. Dentre as inovações, o principal destaque é a adoção do motor 1.0 turboflex. Assim, torna-se a primeira picape do segmento B (que tem a Volkswagen Saveiro como concorrente direta) com esse tipo de propulsão.
Mesmo com certo atraso, cumpre-se a promessa de incluir o motor turbo à linha da Strada, afinal, a Chevrolet Montana – que não é concorrente direta, mas já pega alguns consumidores da Fiat – oferece essa opção desde o começo do ano. Já usado pelos irmãos Pulse e Fastback, o propulsor turbinado de três cilindros tem, também, injeção direta de combustível. Em números, não difere da dupla de SUVs. Entrega, portanto, 125 cavalos de potência com gasolina e 130 cv quando a opção é o etanol. Para testar o comportamento, na prática, o Jornal do Carro, a convite da Fiat, viajou até Santa Catarina.
Ao volante da Strada Turbo
Em trecho misto (cidade/estrada), a Fiat Strada tem bom comportamento. Seus 20,4 mkgf, disponíveis a breves 1.750 rpm, garantem vigor na entrega de torque. O motor enche rápido e, assim, garante mais agilidade, principalmente, em situações como ultrapassagens e retomadas de velocidade. A vantagem do motor turbo é notável, com entrega de potência mesmo em baixas rotações.
De acordo com dados divulgados pela Fiat, a Strada Turbo 200 (número em alusão ao torque, em Nm) vai de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos (9,8, com gasolina). Já a velocidade máxima é de 180 km/h. Não entrega alta performance, afinal, não é essa a proposta. Em síntese, não sobra, mas também não falta.
Câmbio CVT com 7 marchas simuladas
Esse desempenho agravável se deve, também, ao câmbio CVT. Tem comportamento semelhante ao de um automático convencional, na prática, com a vantagem de simular sete marchas. As relações podem ser trocadas tanto pelas aletas atrás do volante quanto pela própria alavanca. Há três modos de condução, do mais econômico ao mais esportivo.
Ponto também para outros quesitos que englobam a mecânica, como suspensões, direção e freios, que ganharam novos ajustes nas unidades equipadas com a motorização turbo. A vantagem é também não ser um carro ruidoso. O isolamento acústico é bom. Destaque também para a direção elétrica, que garante o conforto rodando na estrada.
Consumo
Seja como for, o propulsor turboflex entrega bom custo benefício. Assim, proporciona eficiência, bom desempenho e baixo consumo de combustível – predicados essenciais com regras cada vez mais rígidas de proteção ao meio ambiente. De acordo com medições do Inmetro, na cidade, faz 12,1 km/l (gasolina) e 8,3 km/l (etanol). Já na estrada, tem médias de 13,2 km/l e 9,4 km/l, com os respectivos combustíveis.
De qualquer forma, conosco, durante o teste, cravou média de 11 km/l. Mas cabe informar que tais dados servem apenas como referência, afinal, consumo de combustível é relativo. Depende de diversos fatores, como velocidade média e peso, por exemplo. Este último item é ainda mais importante quando estamos falando de picapes, que varia o peso carregado na caçamba. O compartimento na Strada, aliás, continua com 844 litros de capacidade nas versões com cabine dupla.
Novo volante
Em relação a ergonomia e espaço, a Strada não deixa a desejar. O banco tem regulagem de altura e deixa o motorista em posição confortável. Entretanto, falta ajuste de profundidade do volante (só tem de altura). A peça, aliás, é nova. Veio do Pulse. Tem comandos multifuncionais e botão Sport. Futuramente, a Fiat o adotará nas demais configurações.
O interior da Strada continua funcional. Tudo está ao alcance das mãos. O plástico impera no acabamento, mas os materiais não apresentam encaixes mal feitos ou rebarbas e, na versão Ultra, avaliada pelo JC durante o lançamento, tem até forração com couro para os bancos e costuras vermelhas nos assentos, descansa-braço, manopla do câmbio e painéis de portas.
Apesar de tudo, permanece apertado para quem viaja atrás – são 2,74 metros de entre-eixos. Entretanto, considerando que ninguém anda com o carro cheio o tempo todo, a picape da marca italiana continua valendo a pena como única opção na garagem. Cabe recordar que, de acordo com a Fiat, 45% do público que compra a Strada é lifestyle. Os 55% restantes, têm uso voltado ao trabalho. Mas a fabricante estima que isso deve mudar em breve, afinal, as picapes estão caindo cada vez mais nas graças do consumidor, que têm abandonado até mesmo SUVs em nome desse tipo de veículo.
Principais equipamentos
Na lista de equipamentos, não foi desta vez que a Strada ganhou comodidades como controle de velocidade ou partida do motor por botão, por exemplo. Quem quiser esse tipo de equipamento, deve recorrer à irmã maior, Toro. Entretanto, ainda assim, a lista da picape compacta é generosa. Tem, de série, central multimídia de 7″ – que exibe imagens da câmera de ré – com espelhamento Android Auto e Apple CarPlay sem uso de fios. Ademais, carregador de smartphone por indução, ar-condicionado automático e digital, estribos laterais e rodas de 16″ estão na lista.
Visual
Por falar em rodas, que têm novo design, cabe falar um pouco de estética. De acordo com a Fiat, o tapinha no visual ostentado pelas versões topo de linha serviu para fazer jus à força da nova motorização. Assim, para-choque, grade dianteira (em formato colmeia) e faróis de neblina (luzes de LEDs) foram redesenhados. Atrás, a inscrição T200 denota o uso do motor. As demais versões da Fiat Strada 2024 seguem com design inalterado.
Versão Ultra é nova
Seguindo os passos da irmã maior Toro, a linha 2024 da Strada acrescentou a versão Ultra ao portfólio. Assim como a Ranch (que usava motor 1.3 aspirado), a nova configuração traz o mesmo design na parte dianteira e o logo T200 na tampa da caçamba. Entretanto, ambas as configurações diferem apenas pelo uso de cores distintas no friso da grade (vermelho na Ultra e cinza na Ranch) e no miolo do para-choque (respectivamente, preto e cinza). Por dentro, mudam apenas as cores dos revestimentos.
Configuração de entrada também tem mudanças
A versão de entrada da Strada, Endurance, também têm mudanças na linha 2024. A Fiat tirou o motor 1.4 flex e, no lugar, entra o 1.3 aspirado aliado ao câmbio manual de 5 marchas. O Firefly Flex tem quatro cilindros em linha e potência de 98 cv (6.000 rpm), com gasolina, e 107 cv (6.250), com uso de etanol. O torque é de, respectivamente, 13,1 mkgf a 4.250 rpm e 13,7 mkgf a 4.000 rpm.
E o modelo também ganhou direção hidráulica. As inovações , entretanto, não saem de graça. Agora, o modelo mais barato subiu R$ 1.000 e, assim, sai por R$ 100.990. Confira, abaixo, os preços por versão.
Preços e versões
- Endurance Cabine Plus (câmbio manual): R$ 100.990
- Freedom Cabine Plus (câmbio manual): R$ 106.990
- Freedom Cabine Dupla (câmbio manual): R$ 112.990
- Volcano Cabine Dupla (câmbio manual): R$ 114.990
- Volcano Cabine Dupla (câmbio automático): R$ 120.990
- Ranch Cabine Dupla (câmbio automático): R$ 132.990
- Ultra Cabine Dupla (câmbio automático): R$ 132.990
- Edizione 25 Cabine Dupla (câmbio automático): R$ 135.990
Série Especial
Com o mesmo motor 1.0 turboflex das versões Ranch e Ultra, a Fiat oferece a exclusividade da série especial Edizione 25. Em comemoração aos 25 anos do modelo no Brasil, a edição é limitada a 1025 unidades. Cada uma delas vêm com numeração no painel e adesivo nas laterais em alusão à série. Com base na versão Ultra, não sai por menos de R$ 135.990.
Ainda sob o tema exclusividade, a Fiat destaca a linha de acessórios Mopar. São mais de 20 só para a caçamba. Tem, por exemplo, extensor, divisores, caixa organizadora (chamada de Fiat Box) e até reboque e santantônio.
*O jornalista viajou à convite da Fiat