Recentemente, a BMW foi reconhecida por uma pesquisa como a marca premium mais bem posicionada em relação à eletromobilidade. De fato, a marca bávara vem concentrando esforços para inovar e acelerar a eletrificação de seus carros. Mas, no caso do recém-lançado i7, ser elétrico tornou-se algo secundário. Afinal, o que chama a atenção a bordo do sedã tipo limusine é o luxo e requinte e, diga-se, o quase exagero em termos de conforto. A convite da fabricante, O Jornal do Carro passou uma tarde com o modelo, que tem preço de R$ 1.282.950.
Para demonstrar todo refinamento do i7, a BMW buscou o jornalista em casa para uma espécie de “dia de marajá”. Durante uma parte do teste, bastava sentar no banco de trás e curtir tudo o que o carro oferece, como a TV de 31 polegadas e as poltronas, dignas de primeira classe de avião, com massagem, ventilação e aquecimento. Na sequência, os papéis se inverteram e, assim, pudemos também experimentar o banco da frente e acelerar o sedã.
Conduzido com chofer
Na parte de trás do i7 xDrive60, o luxo já começa pela abertura da porta. Basta o toque em um botão localizado na extremidade da maçaneta (as quatro são embutidas, para melhorar a aerodinâmica do carro). Nessa hora, entretanto, é necessário se afastar da área de abertura da porta (para que o sensor não barre o procedimento). E, pronto, lá está um salão totalmente forrado com couro e os materiais mais sofisticados e sensíveis ao toque que um carro vendido no Brasil pode apresentar.
Mas o destaque é a enorme tela de 31,3″ com resolução 8K. Algo que só o i7 tem. Tanto que, nem os concorrentes Audi RS e-tron GT quattro (R$ 1.103.990) e Mercedes-Benz EQS Sedan (R$ 1.399.900) oferecem. Trata-se de uma verdadeira sala de cinema. Nela, o Amazon Fire TV integrado reúne serviços de streaming. Para reproduzir tudo isso, a BMW oferece 20 GB por mês em dados durante um ano e conexão 5G.
Mesmo com função touch screen, dá para operar a tela por meio de duas outras telinhas, de 5,5″, localizadas nos puxadores das portas traseiras. Por ali, inclusive, pode-se mexer no ar-condicionado, abrir ou fechar as persianas, mudar a ambientação do carro e, claro, comandar todas as funcionalidades da poltrona, inclusive, a reclinação – basta que não haja passageiro no banco da frente.
Neste sedã até o som é de grife, afinal – com 2.000 watts de potência -, vem da Bowers & Wilkins. Bem ao estilo Rolls-Royce (marca de extremo luxo do BMW Group), o teto panorâmico é personalizável. Não tem estrelas, mas formas geométricas que fazem toda a diferença no habitáculo – principalmente, à noite.
Teste a bordo
Massagem, ar gelando, solavancos quase zero (afinal, as suspensões do i7 são trabalhadas para proporcionar o máximo de conforto aos passageiros traseiros) e boa música rolando ao longo do trajeto. Essa é a vida que muita gente almeja. Mas, estamos falando de trabalho, então, hora de pular para o banco da frente e guiar o sedã 100% elétrico. O trajeto considera o interior de São Paulo, na região de Mogi das Cruzes, até a capital. O comportamento do carro é absurdo.
Antes, uma breve ambientação. O BMW i7 tem desde regulagens elétricas para todos os lados (como bancos e volante, por exemplo) até modos de condução que mudam a iluminação interna do carro e produzem ruído – para agradar os órfãos de carros a combustão. O painel tem detalhes como saídas de ar-condicionado escondidas e ausência de diversos botões. A ventilação, mesmo, só opera pela tela central, de 14,9 polegadas. Mas esse excesso de concentração de comandos na multimídia pode desagradar os que não se ligam muito em tecnologia – nesse caso, dá para recorrer aos comandos por voz. Na mesma peça, vale ressaltar, vai o quadro de instrumentos, com monitor de 12,3″. Ali, por exemplo, entre diversas funções, dá para acompanhar as coordenadas do GPS de realidade aumentada.
Cabe, a princípio, explicar que, mesmo com seus 5,39 de comprimento, suas mais de 2,7 toneladas e essa cara de mau (destaque para as luzes diurnas de LEDs feitas com cristais e a grade dianteira com comando ativo, para resfriar as baterias), o i7 está longe de ser pesadão.
Comportamento de esportivo
Equipado com um conjunto de dois motores elétricos (um no eixo dianteiro e outro no eixo traseiro), o i7, de tração integral, conta com 544 cv de potência total. Falar que o comportamento é como “andar sobre trilhos”, é redundância. Afinal, tem dinâmica típica de carros alemães. E alemães esportivos, por que não?
Com aceleração de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos, o i7 chega a ter desempenho comparável à Porsche. Afinal, enquanto o sedã grandalhão de motor elétrico realiza o feito nesse tempo, o superesportivo 911 GT3 RS leva 3,2 segundos (leia avaliação). Ou seja, estamos falando em apenas 1,5 segundo de diferença para um carro de corrida e homologado para andar nas ruas!
Mas isso é facilmente justificável, até porque, a cada aceleração, o sedã dispara carregando todo o torque de 75,9 mkgf – em elétricos, o torque é instantâneo. Não deu para chegar a tanto durante nosso test-drive, mas a BMW declara velocidade máxima de 240 km/h.
Oficialmente, a autonomia é de 479 km (Inmetro). Contudo, após todo o trajeto, o veículo ainda tinha pouco menos de 50% da carga total ao fim do dia de teste. Assim, a bateria (de 101,7 kWh) ainda rodaria mais uns 200 km.
Largura é empecilho
O i7, entre as comodidades, tem suspensão pneumática e eixo traseiro direcional, por exemplo, o que ajuda muito nas manobras e na condução do dia a dia. O difícil é enfrentar as faixas de rolagem cada vez mais estreitas das grandes cidades. Mesmo porque falamos de um carro com 1,95 metro de largura. Nessa hora, a princípio, o sistema de manutenção em faixa com correção do volante quase enlouquece.
Além deste equipamento, o sedã da BMW tem outros recursos semiautônomos, como controle adaptativo de velocidade, frenagem automática, estacionamento por controle remoto e outras funcionalidades. Mas, mesmo que dirigi-lo seja tarefa fácil – com respostas extremamente precisas de direção e freios -, quase todos os 16 endinheirados que já compraram seu i7 vão, certamente, preferir ocupar o banco de trás. Certamente, seria a minha escolha!
Siga o Jornal do Carro no Instagram!