Um estudo da Mobiauto revelou que picapes e SUVs com motores a diesel à venda no mercado brasileiro de veículos usados têm desvalorizado mais que os modelos similares com propulsão flexível (gasolina e/ou etanol). A princípio, a ideia era reunir apenas modelos 2022. Entretanto, por falta de opções flex de picapes médias, o levantamento foi realizado considerando valores de modelos 2021. Os preços capturados para o levantamento revelam a variação percentual entre agosto de 2022 e agosto de 2023.
Com base em 2021, quando havia maior oferta de carros movidos a diesel, a pesquisa engloba sete modelos: Chevrolet S10 Cabine Dupla, Fiat Toro, os Jeep Compass e Renegade, Land Rover Discovery Sport, e, por fim, os Toyota SW4 e Hilux Cabine Dupla. As versões escolhidas foram definidas a partir da apuração das mais ofertadas versus as mais acessadas na plataforma.
De acordo com o estudo, a diferença nos índices de depreciação foi significativa. A princípio, modelos flex perderam 6,16% das cotações de um ano atrás. Já os veículos movidos a diesel caíram 13,63%. Ou seja, mais que o dobro do percentual. No entanto, houve casos com diferença de 12 pontos percentuais – em dois modelos da Toyota.
Veja a tabela abaixo:
De acordo com o idealizador da pesquisa, o economista Sant Clair de Castro Jr, consultor automotivo e CEO da Mobiauto, “Nos últimos anos, o preço do diesel disparou no Brasil e ainda não voltou a ser o que era. Ele está mais caro que a gasolina, e aí aquele comprador dos grandes centros, que visava um SUV ou picape a diesel por questões de autonomia e custo-benefício, perdeu o interesse”. Assim, os modelos a diesel ficam parados nas revendas e, desse modo, o preço médio cai.
Nada mais contraditório, principalmente quando se apura que são as versões flex que estão desaparecendo das ofertas de zero km de picapes médias. Para se ter ideia, em 2022 dois veículos deixaram de oferecer motores flex: Toyota SW4 e Chevrolet S10. Isso é tendência, afinal, modelos como a nova geração da Ford Ranger, por exemplo, tem gama composta 100% por motorização a diesel. Já o Jeep Renegade, vai na contramão, e trocou as opções diesel pelo 1.3 turboflex em nome da economia.
“O Brasil ainda valoriza SUVs e picapes movidos a diesel, sobretudo no interior do País. E isso tem explicações históricas. Ainda vivemos sob a lei de que ‘picape a diesel é cheque visado’, e que só modelos a diesel são capazes de encarar certos ambientes e oferecer a autonomia necessária para rodar por certas regiões”, argumenta.
SW4 perdeu menos de 1%
Em percentuais absolutos de variações, o campeão de toda a pesquisa foi o Toyota SW4 2.7 flex. Entretanto, mesmo perdendo menos de 1% de um ano pra cá, o modelo permanece no mercado de usados, mas já saiu de linha. “Poucos veículos do nosso mercado nessa faixa de R$ 250 mil a R$ 260 mil mantiveram sua cotação no último ano. É um resultado muito bom e que mostra a boa reputação do modelo”, ressalta Castro Jr.
Na outra ponta da tabela, o mau resultado da família Jeep encontra explicação na valorização intensa desses modelos durante a pandemia e a oferta abundante, agora, no mercado de usados e seminovos. “Já havíamos feito um levantamento como esse em 2022 e dois dos modelos que mais haviam valorizado no período de pandemia haviam sido o Renegade e o Compass. À época, os modelos zero km tinham subido muito os preços com a adoção dos novos motores para os modelos 2022. E isso ocasionou a elevação também dos seminovos, que chegaram a valorizar entre 2021 a 2022″, explica.
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