Se você olhar 20 anos para o passado, veria um mercado automotivo diferente. O frenesi dos SUVs compactos ainda não havia começado no Brasil, e toda montadora que se preze tinha um hatch compacto como carro chefe de vendas. No caso da Volkswagen, essa era a missão do Fox. O modelo era fruto de um design nacional, que chegou a ser exportado para outros países.
Com mais de 2 milhões de unidades produzidas, a “raposa” da Volkswagen foi um sucesso absoluto nas duas primeiras décadas deste século, mas perdeu força a alguns anos, antes de sair de linha em 2021. Agora, no Jornal do Carro, você acompanha a história de um dos maiores sucessos da VW no Brasil, e ela começa muito antes de seu lançamento.
Projetado por Luiz Alberto Veiga, responsável também pela segunda geração do Gol G2, apelidado de “Gol Bola”, o Fox não agradava a todos na matriz alemã. Mas mesmo assim, obteve o aval de Ferdinand Piëch, o CEO global da Volkswagen, que deu sinal verde ao modelo. O modelo hatch se destacava pelo teto mais alto, que motivou o slogan de lançamento “compacto para quem vê, gigante para quem anda”.
Modelo foi um de muitos que tentaram acabar com o Gol
A princípio, sua missão era fazer o público migrar de vez do Gol para um novo produto, e seria lançado com preço menor que o veterano, mas pesquisas indicavam que o público estava disposto a pagar mais pela novidade, e assim o fez. À época, a VW chegou a ter três ofertas diferentes de hatches 1.0 16v: o Gol, o Polo e o Fox, o que deu um nó na cabeça do público. Porém, sem opções de SUVs, isso era perfeitamente normal.
Assim, com o empobrecimento da linha Gol a partir da quarta geração, em 2004, o Fox passou a ter uma posição de desejo na linha. Seu motor 1.0 tinha 72 cv e 9,2 mkgf de torque, e a versão 1.6 tinha mais fôlego, com 103 cv de potência, e 14,6 mkgf de torque, por exemplo. Nas duas versões, o câmbio era manual de cinco marchas, mas ganharia uma caixa automatizada no futuro.
CrossFox e SpaceFox
É impossível falar do Fox sem sua versão aventureira, uma das pioneiras nos aventureiros urbanos: o CrossFox. O modelo tinha suspensão elevada e o estepe no porta-malas, emulando grandes fora-de-estrada do passado, e fez sucesso com quem queria um SUV, mas não podia. Não à toa, iniciou uma febre que muitas montadoras tentaram replicar, e poucas tiveram sucesso.
Além do crossover, a versão perua SpaceFox também fez parte da linhagem do modelo. Uma das últimas peruas do mercado, o modelo também foi vendido em outros mercados. Entretanto, em destaque, uma de suas versões mais interessantes era a SpaceCross, versão alongada do crossover aventureiro. Contudo, o modelo saiu de linha oficialmente em 2019.
Polêmicas e melhorias
No entanto, um dos problemas mais famosos da linha Fox foi o sistema de rebatimento dos bancos traseiros nas primeiras versões. Oito pessoas tiveram seus dedos decepados durante a tarefa, o que obrigou a VW a realizar um recall em mais de 400 mil unidades do modelo, após pressão feita pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor.
Em 2010 veio o aguardado facelift, que “unificou” a frente dos modelos da marca, fazendo todos eles serem confundidos entre si, por exemplo. Nessa mesma geração, o Fox teve uma das maiores variedades de modelos disponíveis, dentre elas a Trend, Prime, Confortline, Bluemotion, Rock in Rio, Highline e Track, por exemplo. Assim, na linha 2015, o modelo ficou mais moderno, com controle de estabilidade e motor 1.6 16v MSI, com bons 120 cv de força, e o raro câmbio automático de seis marchas.
O começo do fim
Entretanto, mesmo completo com central multimídia, câmbio i-motion e volante multifuncional, o modelo começou a patinar nas vendas. Nos seus últimos anos entrou em declínio, incapaz de repetir o sucesso de 2012, ano em que vendeu quase 168 mil unidades. Já disputando espaço com modelos como Up, Gol e o então recém-lançado Novo Polo, o Fox perdeu o motor MSI, e ficou restrito a duas versões: Connect e Xtreme, essa última tentando replicar o sucesso do CrossFox.
O modelo saiu de linha em 2021, 18 anos após seu lançamento, incapaz de “matar” o Gol, que resistiria mais um tempo, e hoje são substituídos pelo Polo. Sucesso em mercados sul-americanos, o Fox foi um dos grandes sucessos da VW no Brasil, com importante legado na história da marca.
Epílogo: Fox muito antes de ser Fox
O nome Fox não era novidade na Volkswagen, pois nos anos 80, isso era sinônimo de Voyage e Parati, rebatizados, para o mercado externo. Mandados para os EUA como carros de entrada, tinham motor AP 1.8 com injeção eletrônica, ainda que rudimentar, soldas melhores e diferenças estéticas pontuais. No mercado americano, duraram até 1993, e no Brasil, o Voyage de primeira geração saiu de linha em 1996.
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