Um dos motores mais longevos da história da indústria automotiva está com os dias contados. Trata-se do motor Fiat Fire, que equipou quase toda a sorte de modelos da marca italiana, servindo de propulsão para clássicos como Uno, Palio, Siena e outros, por exemplo. Hoje, o mais antigo motor de ciclo Otto para modelos de passeio do Brasil, equipa poucos modelos da marca, mas isso mudará em breve.
Assim como em outras partes do mundo, o Brasil também precisa cumprir com obrigações relacionadas a emissões de poluentes. Deta forma, e com a iminência do Proconve L8 em 2025, o longínquo motor da Fiat deixará de ser fabricado, dando espaço a uma unidade mais moderna no subcompacto Mobi: o motor Firefly, segundo informou o site Autos Segredos.
O motor em linha mais antigo do Brasil nasceu em 1985, na Itália, e ao contrário do que o nome sugere, sua origem não é da palavra “fogo” em inglês, mas sim uma sigla, para “Fully Integrated Robotised Engine”, que em português significa Motor Completamente Fabricado por Robôs. Foi o primeiro motor da marca italiana projetado para construção inteiramente eletrônica, feita por mão de obra robótica, economizando tempo e priorizando a produção em massa.
Subcompacto da Autobianchi foi o primeiro a utilizar motores Fire
Começou sua jornada equipando um pequeno hatch italiano, chamado Autobianchi Y10 (ou Lancia, dependendo do mercado). Curiosamente, o subcompacto divide muitas peças com o Uno de primeira geração, até mesmo a plataforma. Por lá, usava uma unidade Fire 0.8, com 34 cv, ou 1.0 de 45 cv de potência.
Por aqui, os primeiros Fire chegaram nos anos 2000, substituindo as robustas unidades Fiasa usadas até então. Coube ao Palio 1.3 16v, em fevereiro de 2000, ser o primeiro a receber a nova motorização, bem como a perua Palio Weekend e o sedã Siena. Em 2001, junto do facelift, chegava a versão 1.0 16v, e em 2002, as versões 8v dos 1.0 e 1.3, significando um cabeçote simples, para modelos de entrada.
Em 2003 o conjunto 1.3 passou a ter sistema bicombustível, e passou posteriormente a se chamar 1.4 (por conta do deslocamento de 1.368 cm³). Era equipado apenas com cabeçote de 8 válvulas, com variação de fases. Já em 2010 chegava ao mercado o Fire Evo, com atualizações como pistões e bielas novos. Assim, reduzia-se o atrito, e chegava o variador de fase contínuo na unidade 1.4. Em 2022, mais atualizações, desta vez para manter o motor conforme o Proconve L7 exige.
Fiat Mobi resiste como último Fire 1.0 em linha
Atualmente, os motores Fire só existem no subcompacto Mobi, em forma 1.0, e nos utilitários Fiorino e Peugeot Partner Rapid, na variante 1.4. No subcompacto, rende 71 cv com gasolina, e 74 cv com etanol, com 9,3 mkgf e 9,7 mkgf de torque, respectivamente. Nos utilitários, o 1.4 entrega 84 cv com gasolina, e 86 cv com etanol, e 11,8 mkgf e 12,2 mkgf de torque, respectivamente.
Contudo, apostando na virada do ano e a chegada do Proconve L8, é seguro dizer que a família de motores Firefly, 1.0 e 1.3, assumirá o posto. O conjunto de 1 litro tem três cilindros e seis válvulas, e rende até 75 cv e 10,7 mkgf de torque, com etanol. Já o 1.3 tem quatro cilindros e oito válvulas, com até 107 cv e 13,7 mkgf de torque, também no etanol.
Assim, é difícil crer em uma sobrevida dos motores Fire, uma vez que emissões e opções mais eficientes no Grupo Stellantis estão disponíveis. Desta forma, as unidades Fire dividem espaço com os motores Chevrolet Família I (1.8 SPE/4 presente na Spin) que remontam aos anos 80, e os PSA 1.6 EC5, vindos dos anos 90, como um dos motores mais antigos do País.
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