O último domingo de Páscoa (31 de março) foi marcado por um acidente na capital paulista. Na ocasião, um empresário que dirigia um Porsche 911 vitimou fatalmente um motorista de aplicativo, que conduzia um Renault Sandero, após colisão traseira. A repercussão do caso foi grande, afinal, houve imprudência. O esportivo trafegava em velocidade superior ao limite da via, que era de 50 km/h. Pelas imagens, é possível perceber a violência da colisão. Os dois carros ficaram totalmente destruídos.
O fato levantou uma questão. Afinal, muitos motoristas ainda desrespeitam os limites de velocidade e, desse modo, levam os casos de acidentes e fatalidades a números preocupantes. Para se ter ideia, de acordo com dados do Infosiga-SP, sistema do Governo de São Paulo coordenado pelo Detran-SP e gerenciado pelo programa Respeito à Vida, o Estado registrou 835 mortes no trânsito no primeiro bimestre deste ano. O número é 13,8% maior que os 734 casos contabilizados no mesmo período de 2023.
Os óbitos que envolvem apenas automóveis (sem contar ciclistas, motociclistas e pedestres) também aumentaram de um ano para cá. Respectivamente, 100 vítimas fatais ocupantes de veículos em fevereiro último, contra 80 no mesmo período de 2023. Portanto, aumento de 25%. No primeiro bimestre de 2024, todavia, aumento de 20,6% na comparação com o ano passado: 217 contra 180.
E os males de dirigir em alta velocidade não param por aí. Afinal, além de comprometer a segurança, o ato gera aumento no consumo de combustível, desgasta o veículo e ainda pode render multas e até suspensão do direito de dirigir.
Perda de controle
Dirigir dentro do limite de velocidade é algo fundamental para garantir direção segura. Afinal, quem está acima da velocidade recomendada, na hora de uma frenagem inesperada ou de uma simples curva, pode perder o controle do carro. Quanto mais rápido, menor o controle. Sem contar que, “além de comprometer o tempo de reação do motorista, a distância de frenagem vai subir de acordo com a velocidade”, explica Hilton Spiler, diretor de segurança veicular da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).
Ainda de acordo com ele, os riscos potencializam quando se trafega em dias de chuva ou com neblina. Afinal, nestes casos, os pneus perdem aderência. Por falar nisso, a velocidade maior exige trocas mais constantes do componente, que gasta mais, principalmente em curvas.
Gasto extra com peças e combustível
Respeitar a legislação é fundamental em todos os sentidos. Afinal, a desobediência aos limites de velocidade aumentam até mesmo as visitas aos postos de abastecimento. Isso porque, para atingir altas velocidades, exige-se mais potência do motor do carro, e o processo leva ao consumo extra de combustível.
Componentes da suspensão também desgastam mais com a alta velocidade. E o mesmo vale para o sistema de freios, que precisa de trocas mais constantes de pastilhas.
Hoje em dia, até o seguro pode ter custo maior para quem anda com o pé embaixo. “Algumas seguradoras já estão monitorando, principalmente em locadoras (de veículos), a velocidade média praticada pelo cliente. Isso, portanto, é medido via sensor instalado no carro e pode encarecer o seguro”, pondera Spiler.
Multas
Seja pelo maior consumo de combustível ou pela necessidade de reparo após uma pane no motor ou acidente, dirigir um carro em alta velocidade pode custar caro também por conta de multas de trânsito. A princípio, cabe lembrar que existem três valores diferentes no quesito excesso de velocidade, conforme determina o artigo 218 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). São eles: R$ 130,16 para veículos até 20% acima do limite permitido; R$ 195,23 de 20% a 50% acima do permitido; R$ 880,41 para velocidades superiores a 50% do limite permitido. Ainda pode-se perder de quatro a sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Vilã até a página 2
Um ponto importante. A velocidade não é necessariamente inimiga do carro. Afinal, veículos também foram projetados com este fim. Por isso, cabe entender que a vilã da história não é a velocidade em si, mas o desrespeito aos limites determinados pela legislação. Para enfatizar, um exemplo simples. Um carro que passou de 100 mil km rodados fazendo, por exemplo, o trecho Rio-SP, na estrada, em alta velocidade (mas dentro do limite permitido) tem desgaste muito menor do que um carro que andou 30 mil km no anda e para da capital paulista, sem sequer passar dos 50 km/h.
Siga o Jornal do Carro no Instagram!