A oferta de carros de sete lugares tem crescido no País, desde modelos mais em conta aos mais sofisticados. Um dos pioneiros desse segmento é o Toyota SW4, que, entra ano, sai ano, continua entre os mais vendidos na categoria de luxo – apesar de toda sua brutalidade. Apenas no acumulado deste ano, foram mais de 6 mil emplacamentos, número admirável para um veículo que custa entre R$ 380 mil (em configuração de cinco lugares, aliás) até praticamente R$ 450 mil.
Mas vamos falar da Diamond, a segunda opção mais cara da linha (a primeira é a esportiva GR-Sport, que tem 20 cv e 4,1 mkgf extras). Essa versão traz o visual mais moderno que estreou na GR-Sport e depois de espalhou para as demais configurações do modelo, com faróis afilados e para-choque mais robusto. E, apesar de ser o SUV da Hilux, a picape média mais vendida do mercado brasileiro, o design das duas é bem distinto. Diferentemente de Chevrolet S10 e Trailblazer, por exemplo, que têm a mesma dianteira.
Espaço na cabine do SW4
Vamos começar pelo interior. O acabamento é sóbrio e bem feito, como padrão da Toyota, mas parece antiquado quando comparado a outros carros nessa faixa de preço. Há o básico da tecnologia e uma central multimídia lenta e com resolução ruim, mas características interessantes, como saídas de ar-condicionado não só para a segunda fileira de bancos, mas também para a terceira. Os bancos são de couro.
Falando nela, a terceira fileira de assentos não é tão ruim em termos de espaço quanto a outros carros da categoria. Além do bom entre-eixos de 2,75 metros, há recursos como encosto reclinável e trilhos para a segunda fileira. Isso aumenta o espaço para as pernas para quem vai lá atrás.
Todos os bancos têm apoio de cabeça e cinto de três pontos. Mas os dois assentos extras ficam pendurados nas laterais do porta-malas de 500 litros e não são removíveis. A operação para armá-los é simples, entretanto, além de ocuparem espaço, fazem barulho durante a condução quando estão recolhidos. Com sete lugares, a capacidade do bagageiro cai para 180 l. A tampa traseira tem abertura elétrica com função de memória e sensor de presença.
Lista de equipamentos
Para sua categoria e custando mais de R$ 400 mil, o SW4 tem uma lista de equipamentos razoável. Há bons itens de segurança e o básico do conforto e entretenimento, mas faltam alguns mimos para um carro desse preço. São sete airbags e itens como assistentes de subida, descida e de reboque e frenagem autônoma de emergência, por exemplo. Mas a cereja do bolo é o Toyota Safety Sense, pacote que inclui assistente de pré-colisão com detector de pedestre e ciclista, controle de cruzeiro adaptativo e alertas de mudança de faixa, de ponto cego e de tráfego traseiro.
Na parte de tecnologias, a central multimídia tem tela de 9” com conectividade para Apple CarPlay e Android Auto, carregador de celular por indução e quadro de instrumentos com tela de 4,2″ de TFT. Há ainda ar-condicionado de duas zonas, câmera 360 graus, três modos de condução (Eco, Power e Sport) e sistema de som JBL com oito alto-falantes, dois tweeters e um subwoofer.
Conjunto mecânico
Sem mudança de geração desde 2016, o SW4 tem arquitetura de chassi sobre longarinas, o que o torna bastante resistente, mas o conforto ao rodar fica prejudicado. O conjunto é muito valente: apesar de antigo, o motor 2.8 turbodiesel entrega bom desempenho com seus 204 cv e 50,9 mkgf de torque. Não são números que impressionam, mas dão conta do recado quando necessário.
Já o câmbio automático de seis marchas merecia uma atualização – ou até mesmo ser substituído por uma transmissão mais moderna, com mais marchas. O sistema de tração 4×4 com opção de reduzida, entretanto, tem capacidades louváveis e dificilmente vai te deixar na mão. Só que a Toyota precisa ficar de olho porque há concorrentes mais novos tão capazes quanto o SW4, com construção mais moderna e cheios de tecnologia. Tudo indica, contudo, que uma nova geração da dupla de SUV e picape no forno, com estreia marcada para 2025, plataforma nova e motorização híbrida. A conferir.
Mercado e rivais
Na versão Diamond, o SW4 custa R$ 433.490. Mesmo sendo mais caro, vende mais – bem mais – que seus rivais diretos, ou seja, SUVs mais “parrudos” a diesel. Entre as opções estão o Chevrolet Trailblazer, que custa R$ 368.550 e o Mitsubishi Pajero Sport, com uma gama que varia entre R$ 339.990 e R$ 415.990. No acumulado do ano, enquanto o SW4 emplacou 6.177 carros, Trailblazer vendeu 681 unidades e Pajero, 802.
Outro que pode ser considerado um concorrente, mas entrando no universo das marcas premium, é a versão de topo do Discovery Sport. Na configuração a diesel Dynamic SE de sete lugares, entretanto, custa R$ 46 mil a mais que o Toyota, saindo por R$ 479.490. E não é preciso nem dizer que também fica a léguas de distância nos emplacamentos.
O que explica então o sucesso do SW4? Primeiro, a tradição de marca, já que as japonesas – e a Toyota em particular – tem fama de ter uma mecânica refinada e muito robusta. Também tem baixo índice de desvalorização, vide as ofertas de modelos usados atualmente no mercado. Uma unidade de até 8 anos de uso normalmente faz o valor do veículo despencar, mas isso não acontece no SW4. Como exemplo, uma versão SRX 2016 pela tabela Fipe é avaliada em mais de R$ 207 mil. Além disso, é bastante versátil, entregando conforto, espaço e capacidade de atravessar os trechos mais difíceis, sejam estradas de terra, enchentes e até os trechos de off-road mais complicados.
Ao volante do SW4
Não dá para falar em dirigir o SW4 sem mencionar seu tamanho. São 4,79 m de comprimento e 1,85 m de largura, ou seja, uma barca. Você se sente rodando em um caminhãozinho por conta da posição elevada e impõe respeito no trânsito. Quer mudar de faixa? É só acionar a seta que o caminho se abre, já que ninguém é doido de querer disputar espaço com o grandalhão. Mas também tem seus contras. Estacionar é tarefa difícil, não só por conta do tamanho em vagas de prédios ou shoppings cada vez menores, mas também por sua baixa manobrabilidade, especialmente por conta da direção hidráulica.
Ou seja, não tem o mesmo conforto de uma direção elétrica. A suspensão também é preparada para o fora de estrada, então não espere um rodar suave de um SUV com construção monobloco. O Toyota é mais rígido e nem os pneus largos calçados em rodas de 18” aliviam os impactos sentidos ao passar em buracos. Na hora de acelerar mais forte, as respostas até são boas por conta do torque elevado, mas as trocas de marchas em rotações mais altas deixam a experiência meio barulhenta. Fazer as trocas nas borboletas podem amenizar o resultado, mas não se empolgue demais na estrada. Nas curvas, o SUV inclina bastante em curvas mais rápidas.
Seu habitat natural é mesmo o off-road, onde ele enfrenta desafios sem cerimônias. É um tipo diferente de emoção. Não é um carro que entrega uma pilotagem refinada, mas sim um que te leva para as mais diversas aventuras sem passar perrengue. Se você quer um carro robusto para viajar com a família, o SW4 é a pedida certa.
Siga o Jornal do Carro no Instagram!