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Carros do México não terão IPI elevado
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Carros do México não terão IPI elevado

Um detalhe esquecido pelas notícias de ontem era se carros que hoje vêm do país latino da América Norte também estariam isentos do aumento no imposto. Eles estão livres e as montadoras instaladas no Brasil, que podem trazê-los, felizes

16 de set, 2011 · 5 minutos de leitura.

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 Carros do México não terão IPI elevado

Iuri Dantas e Raquel Landim

Um detalhe esquecido pelas notícias de ontem era se carros que hoje vêm do México também estariam isentos do aumento no Imposto sobre Produto Industrializado (IPI). Eles estão livres e as montadoras instaladas no Brasil, que podem trazê-los, felizes.

Para o governo, continua valendo o acordo bilateral com o país latino da América do Norte, pelo qual os veículos feitos lá chegam ao Brasil sem recolher a taxa de importação. Na prática, é como se eles tivessem 65% de conteúdo de fabricação brasileira ou do Mercosul, um dos requisitos para se obter a isenção da elevação no IPI.

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No começo de agosto, ao anunciar a política industrial Brasil Maior, o governo informou que reduziria o IPI pago pelas montadoras, mas, conforme antecipou o Estado, mudou de ideia porque as empresas se recusavam a assumir contrapartidas ambiciosas. Ficou de fora, por exemplo, uma meta de eficiência energética, reduzindo o consumo de combustível.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o aumento do IPI, se repassado ao preço, provocará alta de 25% a 28%. Os novos níveis de imposto só começarão a ser cobrados em 60 dias. Nesse prazo, os fabricantes tentarão se adequar às exigências. As montadoras que falharem pagarão o imposto retroativo. Mantega estimou que 12 a 15 montadoras devem se habilitar.

De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, cerca de metade dos automóveis importados deve ser afetada pelo aumento do IPI em dois meses. “A medida visa, também, a atrair empresas para fabricar aqui e não apenas para vender aqui.” O governo prometeu ainda evitar que as montadoras nacionais utilizem a medida como desculpa para elevar os preços.


As montadoras comemoraram as medidas. “É a primeira vez que o IPI é utilizado como política industrial. Antes, só usamos o imposto como política de estímulo ao consumo”, disse Rogelio Golfarb, vice-presidente de assuntos corporativos da Ford.

Retaliação possível
O aumento do IPI para veículos sem 65% de peças nacionais pode ser questionado na Organização Mundial de Comércio (OMC), avaliam especialistas. “As medidas anunciadas pelo governo tem dois pontos sensíveis. A OMC proíbe discriminação entre produtos locais e importados e não permite exigência de conteúdo nacional”, disse Rabih Ali Nasser, sócio do Nasser Advogados e professor da Fundação Getúlio Vargas.

Segundo ele, apesar de não ter sido anunciada como barreira aos importados, se a medida tiver esse efeito, o Brasil pode ser punido. Pelas regras da OMC, o único imposto que pode ser discriminatório é o de importação.


Para fontes ouvidas pela reportagem, o governo federal está ciente que a medida pode trazer problemas na OMC, mas resolveu correr o risco. Na avaliação do Ministério da Fazenda, vários países, como Canadá e China, possuem medidas do tipo e as utilizam para proteger sua indústria automotiva da crise internacional.

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Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”