Blog do Boris

Lombadas: Bolsonaro atirou no que viu…

Piores que as eletrônicas são os quebra-molas: além de irregulares, danificam carros, provocam acidentes e matam

Boris Feldman

18 de mar, 2019 · 6 minutos de leitura.

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Crédito: Lombada em marginal da BR-040 (Brasilia-Rio), de responsabilidade do DNIT: altura (14 cm) superior à máxima permitida (10 cm) e largura inferior à minima, sem pintura e sem sinalização anterior, nos dois sentidos

Semana passada o presidente fulminou as lombadas eletrônicas. Diz que vai eliminá-las pois não passam de uma indústria de multas. Ele tem razão, em parte. Lombadas em trechos retas de estradas, sem cruzamentos, marginais ou curvas apertadas, existem exclusivamente para enfiar a mão no bolso do motorista. Mas algumas são estratégicas e o obrigam a respeitar a velocidade máxima indicada e reduzir riscos de acidentes em locais perigosos. Foi o que, aliás, ponderou Tarcisio Freitas, seu ministro de Infra Estrutura (e presidente do Contran) no dia seguinte: serão analisadas e só se renovarão os contratos das colocadas em pontos necessários.

Uma lombada leva à outra, que deveria merecer também a atenção do presidente: as fincadas no asfalto, ainda piores.

Para começo de conversa, a legislação de trânsito proíbe a instalação das “ondulações transversais” ou “quebra-molas”, só admitidas em “casos especiais”, com autorização expressa da autoridade de trânsito e depois do estudo de outras alternativas. Além disso, elas devem ser monitoradas e, um ano após sua implantação, avaliado se houve redução dos acidentes no local. Não sôa até jocoso? Quero ver, de qualquer lombada:

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  1. o rigor do estudo de “outras alternativas”;
  2. a avaliação de sua eficiência depois de 12 meses!

Na verdade, o “quebra-molas” é uma excrescência só admissível num país que não respeita a lei nem os direitos do cidadão. A rigor, deveriam ser banidos de ruas e rodovias, pois:

  1. Não respeitam as dimensões estabelecidas pelo Contran. Mais altos que a altura máxima e mais estreitos que a largura mínima, danificam até carros em baixa velocidade;
  2. Não observam as exigências feitas pela lei em relação ao fluxo máximo de veículos, movimentação de pedestres e distância mínima da esquina;
  3. Raramente são precedidas pela obrigatória sinalização vertical para alertar o motorista de sua existência;
  4. Cada vez que o motorista reduz a marcha antes da lombada e volta a acelerar, há um aumento de consumo e emissões;
  5. Inúmeras lombadas são próximas a favelas e a redução de velocidade facilita o bandido de apontar a arma para o motorista;
  6. Muitas têm objetivos meramente eleitoreiros, para beneficiar moradores próximos;
  7. Às vezes são construídas por populares e fica tudo por isto mesmo…

A legislação específica (Contran – 600/16) é muito clara também ao proibir tachos e tachões (conhecidos também como “tijolinhos”) colocados transversalmente para limitar a velocidade.

Além disso, tanto as lombadas eletrônicas como as ondulações provocam congestionamentos e acidentes. A legislação permite também sua instalação em trechos de rodovias que serão reformadas, para alertar os motoristas de desvios à frente. Entretanto, é comum as autoridades de trânsito ou empreiteiras deixarem os obstáculos depois do final das obras.


Já correram (e ainda correm) na Justiça inúmeras ações contra órgãos de trânsito (Detran, DNIT) exigindo indenizações de danos materiais e morais provocados por lombadas colocadas irregularmente. Existem algumas praticamente “invisíveis” e sequer pintadas de preto e amarelo como exige a lei. Dezenas de motos, carros e ônibus já se acidentaram devido aos quebra-molas sem sinalização que resultaram em feridos e mortos. Motociclistas são os mais prejudicados pois, se não reduzem a velocidade, levantam vôo com a moto. Ou são atingidos na traseira porque, ao reduzi-la, o motorista que vinha atrás não tinha percebido o quebra-molas.

Donos de carros que tiveram danificados componentes inferiores (molas, amortecedores, cárter do motor, caixa de marchas, travessas) sequer se animam a processar os órgãos de trânsito responsáveis pelas ondulações irregulares. Desanimam diante da morosidade da justiça brasileira.

Uma objetiva e irrefutável comprovação da inobservância da legislação pelos próprios órgãos do governo está gravada na parte superior da maioria dos quebra-molas: marcas indeléveis deixadas pelos automóveis atestam estarem fora das dimensões estabelecidas pelo próprio Contran.


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Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.