A Jeep está nadando de braçada no Brasil. Afinal, é segundo maior mercado da marca no mundo – atrás apenas dos Estados Unidos. Hoje, a montadora detém 22,6% das vendas de SUVs do País. E o Renegade é simplesmente o terceiro automóvel mais vendido em 2021, e líder dos utilitários esportivos com expressivos 18% de participação.
Mas, para 2022, a Jeep prepara uma mudança de impacto no Renegade. A marca vai equipar o seu SUV de entrada como novo motor 1.3 turboflex, que estreou neste ano na Fiat Toro e no Compass reestilizado. Com ele, a montadora, então, encerrará a oferta do motor 2.0 turbodiesel, disponível no utilitário desde o lançamento, em 2015.
Vale lembrar, na época da estreia, o Jeep Renegade tinha apenas cinco concorrentes diretos. Hoje, são mais de 13 SUVs compactos rivais – muitos deles de grande volume, como Chevrolet Tracker, Hyundai Creta e Volkswagen T-Cross, todos com motores 1.0 turbo. Nesse período, o Renegade ganhou versões, séries especiais e até um leve facelift. Mas faltava um motor flex mais moderno que o veterano 1.8 Etorq.
Com inspiração no jipe Wrangler, o Renegade vai continuar com seu estilo marcante e de personalidade, com destaque para faróis arredondados Full LEDs e grade dianteira mais achatada e dividida em sete partes. Mas isso é assunto para o lançamento, que deve acontecer entre janeiro e fevereiro. Por isso, nas fotos, o SUV ainda aparece camuflado.
4×4 Flex
O design não mudará muito, mas, por baixo do capô, o Renegade 2022 é diferente. Mais conectado desde a linha 2021, o SUV apostará no motor turboflex como opção ao 2.0 turbodiesel. Assim, será 4×4 flex.
Em números, o motor T270 entrega o mesmo que no Compass, no Commander e em outros modelos da Stellantis, como a Fiat Toro, por exemplo. São 185 cv de potência com etanol e 180 cv com gasolina. Já o torque é de 27,5 mkgf a 1.750 rpm.
De acordo com a Jeep (que nos apresentou o motor completamente desmontado), a engenharia levou mais de 15 mil horas para desenvolver o conjunto. O motor inova pelo coletor de admissão com trocador de calor integrado. Dessa forma, evita perda de calor e aumenta a eficiência. O propulsor também utiliza corrente “for life”, que não demanda troca.
Versões ainda são incógnita
Embora tenha afirmado que o motor 1.3 turboflex vai equipar todas as versões do Renegade, a Jeep não deu mais detalhes. O que se sabe, por ora, é que a versão topo de linha Trailhawk (agora Flex) continuará a ter o câmbio automático de nove marchas. Combinada ao motor 1.3 turboflex, a caixa foi recalibrada e apresenta relação de diferencial mais curta.
Nas versões 4×2, a marca também opta pelo motor T270 que, no entanto, vai trabalhar em conjunto com a transmissão automática de seis marchas. Os nomes das demais opções também seguem sob sigilo.
Na mecânica, o Jeep Renegade 2022 4×2 muda calibrações de software, das suspensões (para se adequar ao peso do novo motor) e do câmbio, que também teve as relações encurtadas.
Por fim, para ser o SUV compacto mais tecnológico do mercado, o Renegade ganhará frenagem autônoma de emergência em todas as configurações. E no modelo topo de linha, pneus All-Terrain (ATR) prometem fazer a diferença para quem for encarar a lama.
Na prática com o Renegade Flex 4×4
Foi justamente para encarar a lama e trilhas off-road que a Jeep convidou o Jornal do Carro. Aceleramos o SUV renovado em uma pista fechada na cidade de Curvelo, próxima a capital Belo Horizonte (MG).
Por lá, todas as condições de piso foram oferecidas. Foi possível fazer desde o 0-100 km/h (que não é dos mais ágeis, diga-se), até percursos off-road cheios de curvas, cascalho, lama e até situações extremas, como pirambeiras e a tradicional caixas de ovos. Para dados, a aceleração de zero a 100 oficial é feita em 9,9 segundos com gasolina – ou 9,7 s com etanol. Já a velocidade máxima é de 202 km/h.
Na lista, há controles de estabilidade e de tração que permitem ao SUV andar nos trilhos. Mas nada ajuda mais que a tração 4×4 com Select Terrain. Nela, os modos de condução Auto, Snow, Sand/Mud e Rock ajustam o Renegade para encarar praticamente qualquer tipo de piso, seja areia, barro ou mesmo neve (o que não é o caso, no Brasil).
A distância em relação solo da versão Trailhawk, de até 22 centímetros, faz toda a diferença na hora do off-road – e no “on-road” também, tendo em vista as péssimas condições do asfalto brasileiro.
Mais potente e elástico
Ao volante, além do ruído menor que o emitido pelo motor diesel, é possível notar outras diferenças. Segundo pontuou Aroldo Borges, engenheiro da Jeep, “além de mais potente, o novo motor 1.3 turbo tem maior elasticidade”. No mais, há novos mapas de pedal e calibrações, além de trocas de marcha que não decepcionam no off-road.
Já as versões 4×2 do Renegade, além de aposentarem o motor 1.8 Flex, passam a ter o Traction Control Plus como item de série. Na prática, a tecnologia serve para transferir o torque entre as rodas dianteiras, tracionando a que tiver com maior contato com o solo. O sistema estreou na picape Fiat Strada, mas tem calibração específica no Renegade.
E vem mais novidade por aí. Após o lançamento, será a vez da versão híbrida plug-in do Renegade. A ideia é que ao longo de 2022.