O ano da Great Wall Motors (GWM) promete muitos lançamentos. A linha de SUVs da marca chinesa começa a aterrissar no Brasil em dois meses. O plano é disputar mercado com híbridos de marcas como Jeep, Toyota e Volkswagen, por exemplo. De imediato, quem chega em esquema de pré-venda é o Haval H6 GT, um SUV com estilo de cupê.
Mas não é só o visual que vai chamar a atenção, afinal, a novidade tem plugue para recarregar as baterias de 34kWh que alimentam os motores elétricos. Segundo a GWM, o Haval H6 GT percorre até 170 km apenas em modo elétrico e supera os 1.000 km de autonomia total com o motor a gasolina. Além disso, surpreendeu ao volante com boa dirigibilidade e tecnologias de ponta, como o sistema de reconhecimento facial. O preço ainda é segredo, mas os interessados já podem fazer reservas na página da GWM no Mercado livre. O sinal é de R$ 9.000.
Para conhecer de perto o Haval H6 GT, que começou a desembarcar no Brasil em janeiro, a GWM convidou a imprensa especializada. Assim, o Jornal do Carro deu duas voltas na pista do autódromo de Interlagos, em São Paulo, durante a sua apresentação. De início, o SUV cupê vem importado da China. Mas a Great Wall pretende produzir o utilitário no País a partir do primeiro semestre de 2024, na fábrica de Iracemápolis (SP) que era da Mercedes-Benz.
Pitada de esportividade
Na parte estética, o Haval H6 GT é cheio de esportividade. Dá pra notar logo de cara o para-choque avantajado com uma grande boca que abriga grade e a placa de identificação do carro. Os faróis de neblina ficam nas extremidades. Esteticamente, exceto os faróis de LEDs, o SUV com estilo cupê é diferente da versão convencional H6 Premium.
As laterais não são tão agressivas. Não há vincos muito marcantes. Destaque para o acabamento piano black nas capas dos retrovisores e nas rodas de 19″. O conjunto calça pneus Michelin 235/55 R19 e deixam à mostra as pinças de freio vermelhas. Mas, verdade seja dita, a caída do teto e a última janela lateral tem forte herança do Volkswagen Pointer, que disputava o segmento de hatches na década de 1990. Por fim, a traseira do SUV tem lanternas horizontais mais estreitas que ficam ligadas por uma barra preta. A versão tem ainda spoiler, aerofólio e refletores bem grandes. O conjunto não fica tão harmônico como no H6 normal, mas é ousado.
Da porta para dentro
Entretanto, o Haval H6 GT não vem só maquiado de esportivo. A GWM levou a esportividade também para dentro da cabine. Tem, por exemplo, bancos com couro e suede (tecido que lembra Alcantara e é comum em carros esportivos). Além disso, os assentos dianteiros têm ajustes elétricos e trazem a inscrição “GT” em vermelho nos encostos. O acabamento, por fim, tem nível similar ao do Haval H6 Premium e é elegante e caprichado.
O quadro de instrumentos é exibido em uma tela digital de 10,5 polegadas. O equipamento tem ótima definição, mas poderia ser um pouco maior. No mais, o SUV tem lista farta. Dentre os equipamentos, teto solar panorâmico, carregador de celular por indução e central multimídia com tela de 12,3″ e espelhamento sem fio com iPhone e Android. Como é de se esperar, está tudo em português, inclusive os comandos de voz. Legal que a marca teve esse cuidado, ao contrário de outras chinesas.
Na segurança, o Haval H6 GT tem recursos de condução semiautônoma – que a marca chama de “nível 2,5”. Ou seja, é mais atuante que o nível 2, mas não tão avançado quanto o nível 3. Por exemplo, tem piloto automático adaptativo (ACC) com função Stop & Go e frenagem automática de emergência que reconhece pedestres, ciclistas e motociclistas. O sistema também identifica placas de trânsito, reconhece mudanças involuntária de faixa – e ajusta o volante automaticamente – e monitora os pontos cegos.
Mas a cereja do bolo é a câmera de reconhecimento facial, que tem, inclusive, detector de fadiga e distração do motorista, bem como personaliza os ajustes do veículo para até cinco diferentes condutores. O recurso atua, por exemplo, nas preferências de qualidade do som, luminosidade das telas, temporizador dos faróis e por aí vai.
Motor, dados técnicos e consumo
Na mecânica, o Haval H6 GT tem a mesma combinação da versão convencional. O conjunto une o motor 1.5 turbo a gasolina a outros dois motores elétricos – um em cada eixo – e ao pacote de baterias, que pode ser recarregado em fonte externa.
Na tomada de casa (convencional, com aterramento), o SUV leva em média de 5 horas para completar a carga. Já em pontos de recarga rápida, o tempo cai para cerca de 30 minutos – vai de 10% a 80%. Com a carga completa, a GWM promete alcance de até 170 km apenas em modo elétrico, ou seja, não há emissão de poluentes. O Jeep Compass 4xe, por exemplo, roda 44 km com as baterias. Enquanto isso, o Haval H6 GT tem consumo médio é de 27 km/l e autonomia total de 1.052 km.
Pela ficha técnica, os três motores do Haval H6 GT geram 393 cavalos de potência e brutos 77,7 mkgf de torque. Em síntese, traduzindo do “engenheirês”, isso quer dizer que o Haval H6 GT tem cerca de 6 vezes mais força que um Chevrolet Onix (13 mkgf). Por exemplo, em arrancadas e retomadas, o desempenho dele é seis vezes melhor que o modelo de entrada da GM.
Com números tão representativos, o SUV cupê consegue atingir velocidade máxima de 180 km/h. Cabe salientar que todos os dados são combinados, afinal, a marca não comenta números isolados para motorização a combustão e elétrica.
Sobre o funcionamento do conjunto, vale explicar que, de acordo com a GWM, aliás, a tecnologia e-Traction permite que os dois motores elétricos fiquem responsáveis pela tração, deixando o propulsor a combustão como uma espécie de apoio para a geração de energia à bateria. Na prática, portanto, o 1.5 atua em condições específicas.
Impressões ao dirigir
Antes de desbravar a pista do Autódromo de Interlagos, o piloto que nos acompanha explica que alguns ajustes podem ser feitos no carro. Tudo, por meio da central multimídia. Por exemplo, o Haval H6 GT permite dirigir usando apenas o pedal da direita. Com a tecnologia One Pedal, dá para acelerar afundando o pé e frear, aliviando.
Como o test-drive era na pista, não deu para avaliar cada ponto do carro. Ainda assim, dá para afirmar que o modelo tem bom comportamento de suspensões. Faz curvas com segurança e tem, de fato, fôlego de sobra. Com o pé embaixo, entrega forte aceleração. Entre zero e 100 km/h, leva 4,8 segundos.
A volta foi rápida, e não permitiu perceber o uso real do carro – ambiente urbano. Mas, a princípio, não pareceu lento por causa das duas toneladas de peso em ordem de marcha, ou mesmo molengão, por ter mais de 1,70 metro de altura. Por falar em medidas, o porta-malas perdeu capacidade em relação ao irmão SUV. Cai de 560 litros para 515 l. Os demais dados são bem semelhantes entre ambos (veja a ficha técnica abaixo).