Depois de alguns meses de pré-venda e muita expectativa, o Volvo EX30 desembarca no Brasil nesta semana. O novo SUV elétrico de entrada tem uma importante missão no mercado brasileiro: dobrar as vendas da marca no País já neste primeiro ano de vendas. Ou seja, a expectativa é de que pelo menos 8 mil carros sejam emplacados até o fim de 2024. É uma tarefa árdua, mesmo que 2 mil unidades já tenham sido reservadas antes mesmo da chegada do modelo ao País.
Além disso, o EX30, com suas metas ambiciosas, é mais uma forma de a Volvo reforçar seu compromisso com a eletrificação por aqui. Um dos principais focos da fabricante sueca, que só tem carros híbridos e elétricos em seu portfólio, é expandir sua rede de carregadores. Hoje já existem mais de 1.000 aparelhos da marca espalhados pelo País, que cobrem aproximadamente 19 mil km de rodovias e demandaram investimentos de R$ 70 milhões.
Mas será que o EX30 tem os atributos para torná-lo o modelo mais vendido da Volvo de todos os tempos no Brasil? Nós dirigimos o SUV e contamos o que ele tem de mais legal e o que poderia melhorar.
Medidas e detalhes do EX30
Antes de entrarmos na avaliação, vamos falar um pouquinho sobre o carro em si. É o menor SUV da linha da Volvo, com 4,23 metros de comprimento e 2,65 m de entre-eixos – como comparação, o XC40 tem, respectivamente, 4,44 m e 2,70 m. O porta-malas tem capacidade de 318 litros, contra 423 l do “irmão”.
Mas não é apenas o tamanho que o torna o modelo mais em conta do portfólio da marca. Apesar de o design externo ser absolutamente reconhecível como um Volvo, com as luzes diurnas no formato “martelo de Thor”, o interior assusta a princípio pela simplicidade extrema.
Quem está acostumado com acabamentos mais luxuosos típicos da montadora vai estranhar a cabine espartana. Esqueça couro, black piano e fibra de carbono. A pegada é ter um carro com muito material reciclado por dentro. Há alguns pouquíssimos detalhes cromados, como nas saídas de ar ou no acabamento do volante. Botões? Apenas para o comando dos vidros, e que ficam em um console entre os bancos, e não nas portas. Aliás, são apenas dois botões para os quatro vidros – se você quiser abrir os de trás, por exemplo, precisa acionar o comando “rear” e usar os mesmos botões dos dianteiros.
Origem chinesa
Além dessas características que contribuem para que o carro seja mais barato, um ponto foi fundamental nesse quesito: a plataforma. De acordo com Abdallah Madi, diretor de produto da Volvo, o item principal que permitiu chegar a um valor inferior à média dos outros modelos da montadora foi o fato de já existir uma plataforma pronta para uso – um dos itens mais dispendiosos no desenvolvimento de um carro é, justamente, a arquitetura.
Trata-se da Sustainable Experience Architecture (SEA), da chinesa Geely – dona da Volvo. Portanto, se você ainda é daqueles que ainda torce o nariz para carros chineses, saiba que o EX30 não só é fabricado por lá como também tem como base uma plataforma “made in China”.
Versões, preços e equipamentos
O EX30 desembarca por aqui em quatro versões de nomes compridos: Core Single Motor (R$ 229.950), Core Single Motor Extended Range (R$ 249.950), Plus Single Motor Extended Range (R$ 277.950) e Ultra Single Motor Extended Range (R$ 293.950). A configuração de entrada é a única que traz uma bateria de 51 kWh, o que lhe confere uma autonomia de 250 km, conforme dados do Inmetro. As demais têm bateria de 69 kWh e podem rodar até 338 km.
Independentemente da configuração, todas são equipadas com motor elétrico traseiro de 272 cv de potência e 35 mkgf de torque máximo. No modelo de entrada, a aceleração de 0 a 100 km/h leva 5,7 segundos. As versões com a bateria maior cumprem a marca em 5,3 segundos. Já a velocidade máxima é de 180 km/h para todas.
Equipamentos de segurança, claro, não podiam faltar. Há controle de cruzeiro adaptativo, alerta de tráfego cruzado com frenagem automática, alerta de abertura das portas, assistente de estacionamento traseiro, frenagem de emergência, alerta de saída de faixa e monitoramento de ponto cego são de série desde a opção de entrada. As outras versões vão ganhado equipamentos conforme a etiqueta de preço sobe, com iluminação ambiente, teto panorâmico e câmera 360 graus, por exemplo.
Como é dirigir o novo EX30
Entrar no EX30 causa emoções conflitantes. Apesar da proposta interessante de ser totalmente minimalista e reciclável, não parece que você está dentro de um Volvo. Em um estilo meio Tesla, praticamente todos os comandos ficam reunidos na tela central de 12,3 polegadas. Até para um simples ajuste dos retrovisores externos é preciso acessar as configurações e direcioná-los por meio dos comandos no volante. Até o pisca-alerta é ativado por lá, então se a tela der algum problema, fica impossível até sinalizar por socorro. O acabamento simples lembra o do finado BMW i3, que também tinha essa pegada mais sustentável.
Mas talvez o maior problema no EX30 é a falta de um painel de instrumentos tradicional. Como todos os comandos ficam na tela, os dados de condução também aparecem no centro. Ou seja, para conferir a velocidade, é preciso desviar o olhar da via, o que pode afetar a segurança, um dos pilares da Volvo. Um head up display poderia resolver a questão.
Outro coisa que causa uma certa confusão é a chave, que nada mais é que um cartão com NFC, tecnologia que permite a troca de informações por aproximação e é bem comum em celulares. Na teoria, parece algo bem bacana, mas a praticidade não ajuda muito, especialmente na hora de ligar o carro. Isso porque você só consegue dar a partida se deixar o cartão sobre o carregador de celular por indução. Depois é possível movê-lo para colocar o telefone para carregar, mas se você fizer uma parada rápida, terá de repetir o processo.
Ao volante
Se você esqueceu que estava em um Volvo ao entrar na cabine, a lembrança volta com força na hora de acelerar. O EX30 é bem ágil e gostoso de dirigir e lembra bastante a dinâmica de XC40 e C40. Na estrada, a estabilidade agrada muito e as retomadas de velocidade impressionam. Ou seja, quando você precisar fazer uma ultrapassagem, a resposta ao pisar no acelerador é imediata, até mais rápida que em outros carros elétricos, já que o torque instantâneo é uma característica desse tipo de veículo.
Ao mesmo tempo que a suspensão firme ajuda para uma condução mais estável em curvas e trechos de velocidade elevada, em pisos esburacados pode incomodar um pouco. As batidas secas são sentidas com força na cabine, mas no dia a dia não é uma característica que vá incomodar o motorista. Isso porque há mais detalhes que poderão ser alvos de irritação na operação do carro que a performance – um dos grandes pontos positivos do EX30.
As versões de entrada devem tirar as vendas de BYD Yuan Plus, que custa R$ 235.800. Mas quem mais deve sofrer com o lançamento são os membros da própria família sueca: C40 e XC40. A própria Volvo admite que a recente queda nas vendas da dupla foi causada pela expectativa dos clientes com a chegada do EX30. Afinal, se dá para economizar cerca de R$ 100 mil na compra do seu próximo SUV elétrico, por que não? Ele pode até ter alma chinesa, mas ainda é um Volvo…
Siga o Jornal do Carro no Instagram!