Após desligar as máquinas no Paraná em 2020, a Audi retoma a produção de carros no Brasil com a nova geração do Q3 e o inédito Q3 Sportback, versão com estilo cupê. Diante do domínio cada vez maior dos SUVs nas vendas de carros de luxo, a marca das quatro argolas vai produzir apenas os utilitários e não mais o A3 sedã, como fez na última década.
Para reativar a linha de montagem de São José dos Pinhais – onde divide espaço com a VW para a produção do T-Cross – a Audi investiu um aporte de R$ 100 milhões. Dessa forma, tem capacidade para montar cerca de 4 mil modelos por ano em dois turnos de trabalho. No entanto, de acordo com o Presidente e CEO da Audi, Daniel Rojas, a expectativa é de que a marca entregue 1.500 unidades neste ano.
A volta das atividades fabris aconteceu já nesse mês de junho, contando com novo maquinário, equipamentos e infraestrutura. E para colocar a produção em prática, a alemã escolheu o esquema Semi Knock Down (SKD), com kits semi-desmontados importados da Hungria. Portanto, não há peças nacionais. Segundo a montadora, esse método é uma excelente alternativa para veículos de baixo volume, principalmente, do segmento premium. O CEO ainda confirmou que há possibilidade de produzir outros modelos na fábrica do Paraná. Inclusive, a partir de 2023, a linha deve aumentar passando a operar com 200 funcionários.
Novos Q3 e Q3 Sportback
O Audi Q3 foi lançado no começo de 2020, pouco antes do estouro da pandemia da Covid-19. Apesar de já ter sido produzido por aqui, será a primeira vez que o Brasil vai fabricar os modelos com a tração integral quattro – que passou a equipar a nova geração. Inicialmente, o mix de produção será de 70% para o Sportback e 30% para o Q3. Vale dizer que o regime SKD traz uma diminuição nas taxas de importação, já que ele está na média dos 18%. No entanto, não há reduções de preço do Q3, que parte de R$ 315.990 e chega a R$ 339.990.
Em relação ao conjunto mecânico, o novo Q3 descartou o antigo motor 1.4 turbo de 150 cv e 25,5 mkgf de torque, que era combinado a um câmbio automático de seis marchas. Assim, para a alergia dos fãs do SUV, ele agora ganhou o motor 2.0 turbo de injeção direta. Com ele, o Q3 alcança os 231 cv e 34,7 mkgf. Além disso, há também a nova transmissão tiptronic de oito velocidades. Ainda, vale dizer que esse é o mesmo conjunto que equipa o novo VW Jetta GLI, que chegou neste mês ao Brasil.
Além do novo motor, tanto o design externo quanto o interno seguem a linha atual da Audi. Ou seja, há bastante luxo. Na cabine, o destaque fica para o display de 8,8 polegadas que é inclinado para o motorista. De acordo com a marca, o volante com shift paddles agora é item de série.
E o IPI?
Durante o evento de reinauguração, houve perguntas sobre as negociações feitas com o governo federal para receber os créditos tributários acumulados desde 2012 com o programa Inovar-Auto. Nele, a marca chegou a investir R$ 446 milhões na unidade paranaense. Para relembrar, nesse período, foi estabelecido que as marcas que investissem em fábricas no Brasil até o ano de 2017, receberiam novamente o benefício do Super IPI. No entanto, a Audi não chegou a receber esse valor. Rojas não deu detalhes, mas chegou a comentar que as negociações e acertos estão em andamento.
Investimento em eletrificados
Durante o evento de reabertura da fábrica, a Audi voltou a mencionar que vai lançar apenas modelos elétricos e eletrificados a partir de 2026. E, por ser uma estratégia global, servirá também para o mercado brasileiro. Portanto, a produção local de veículos eletrificados está nos planos. Contudo, por ora, não há uma previsão exata.
Com isso, além do investimento de R$ 100 milhões nos SUVs, a alemã também anunciou oficialmente um aporte de R$ 20 milhões na instalação de carregadores elétricos. De acordo com as informações, serão em média 43 novos pontos de recarga de até 150 kW espalhados nas lojas do Brasil. Os conectores serão do tipo CCS2. Ou seja, são compatíveis para veículos de outras marcas.