Ao contrário do que se via em décadas passadas, os carros chineses recém lançados no Brasil não se tratam mais de modelos populares, com preços competitivos e vida útil duvidosa. Agora, o investimento é pesado. A Great Wall Motors (GWM), por exemplo, já chegou comprando a antiga fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis (SP), onde pretende iniciar a fabricação de modelos eletrificados a partir de 2024. Outra que tem meta ousada é a BYD, que já tem seis modelos no portfólio e promessa de fábrica local.
Apesar de já contar com os modelos Han EV, Song Plus DM-i, Tan EV, Yuan Plus, D1 (apenas frota), eT3 (comercial), a aposta da vez na BYD é o Dolphin. Embora ainda não tenha previsão concreta de chegada às concessionárias, o hatch elétrico tem potencial para ser lançado no País ainda neste ano. De acordo com as revendas consultadas pelo Jornal do Carro, não há informações oficiais sobre o veículo. Uma delas, entretanto, afirmou que o lançamento acontecerá entre junho e julho.
O preço do Dolphin ainda não foi batido, mas não deve ultrapassar os R$ 199.990. Afinal, o diretor de vendas e marketing da fabricante, Henrique Antunes, afirmou durante live do Estadão na semana passada que a marca vai lançar, em breve, um carro abaixo de R$ 200 mil. Embora não tenha detalhado, certamente, trata-se do hatch elétrico.
O que oferece o Dolphin?
Bem como a GWM, a BYD aposta em modelos completos, eletrificados e com preços competitivos. Aqui, aliás, cabe um adendo. Recentemente, a marca surpreendeu com o lançamento do Yuan Plus (vídeo abaixo), que tem preço de R$ 269.990. Assim, o modelo tem preço de Jeep Compass 4×4 a diesel, desempenho de Chevrolet Bolt e autonomia maior que a do Volvo XC40 – de 305 km.
Voltando a falar do Dolphin, o modelo foi renovado na China no comecinho do ano. Embora o simpático design e o porte do hatch elétrico (equivalente ao Chevrolet Bolt, por exemplo) tenham permanecido intactos, o modelo ganhou em equipamentos na linha 2023.
O elétrico – mostrado no Salão de Guangzhou, na China – tem novas soluções de tecnologia e conforto. A princípio, oferece sistema de monitoramento da pressão dos pneus, câmera panorâmica de alta definição e bancos dianteiros com aquecimento e ajuste elétrico. Por fim, faz parte da lista sensor de obstáculos e retrovisores elétricos rebatíveis.
Na motorização, o Dolphin conta com o propulsor elétrico dianteiro com potência equivalente a 95 cv. O torque é de 18,3 mkgf na configuração base. Já na de topo de linha tem, respectivamente, 176 cv e 29,6 mkgf. Este último, vai dos 0 aos 100 km/h em cerca de 7,5 segundos. As baterias laminares do Dolphin, que utiliza a e-platform 3.0 da BYD, têm duas configurações. Na versão de entrada elas são de 30,7 kWh e, nas de topo, tem 44,9 kWh. Autonomia: entre 300 km e 400 km.
BYD na Bahia
Antes de falar em que pé anda o negócio, vale recordar que a BYD chegou ao Brasil em meados da década passada. Na ocasião, iniciou a montagem de ônibus elétricos em Campinas (SP). Hoje produz, ainda, painéis solares e baterias de ônibus.
Agora, entretanto, a BYD fará carros elétricos e híbridos. E isso deve começar até 2025. De acordo com a reportagem do Estadão publicada no início do mês, as negociações entre BYD e Ford para a compra da fábrica de Camaçari (BA) – descontinuada em 2021 – estão avançadas, mas ainda não concluídas. A princípio, o grupo assinou com o governo da Bahia um protocolo de intenções para a produção local de veículos elétricos e híbridos. Mas “ainda não há consolidação”, informou a BYD ao Jornal do Carro.
O protocolo em questão especifica que a BYD pretende investir R$ 3 bilhões em três unidades produtivas (as demais: chassis para caminhões e beneficiamento de lítio). Por hora, BYD e Ford negam a concretização do negócio. “A Ford comunica que continua ativamente em processo de negociação com potencial comprador e, portanto, a venda não foi concluída. Informações futuras sobre este tema serão comunicadas a depender do progresso das negociações”, explica a montadora norte-americana, em nota.