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Carro próprio virou desejo de jovens
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Carro próprio virou desejo de jovens

Por causa da pandemia motivada pelo novo coronavírus, pessoas que não pensavam em ter carro próprio mudaram de ideia

Hairton Ponciano Voz

24 de jun, 2020 · 15 minutos de leitura.

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A médica Anelis Freitas decidiu ter carro próprio para se preservar, e também para proteger quem depende do transporte público
Crédito:Hyundai/Divulgação

A médica Anelis de Sousa Martins Freitas, de 30 anos, nunca havia sentido necessidade de ter carro próprio. Em seus deslocamentos pela cidade de São Paulo, para ir e voltar do trabalho, ela diz que sempre privilegiou o transporte por aplicativo, metrô e trem. Mas a pandemia causada pelo novo coronavírus mudou tudo. Como trabalha em uma atividade essencial, Anelis não pôde deixar de sair de casa. Por isso, decidiu que havia chegado o momento de ter um carro. “Com ele, diminuo minha exposição ao risco”, diz. Além disso, a médica acrescenta que, agindo assim, também protege a população que utiliza transporte público.

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A médica, que utiliza o recém-adquirido sedã Hyundai HB20S nos trajetos entre a moradia e os três hospitais em que trabalha, é representante de uma nova tendência mundial. Pesquisa realizada pelo instituto Capgemini constatou que 35% dos entrevistados consideram comprar um veículo ainda neste ano. Na China, onde o novo coronavírus surgiu, o índice é ainda maior: 61%. Na Índia, 57% pretendem adquirir um automóvel e na Itália, 43%. O estudo envolveu 11 mil pessoas em 11 países.

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Busca de carro próprio por jovens é reversão de tendência

Entre os dados da pesquisa que mais chamam a atenção está o alto interesse dos jovens pelo carro próprio. Dos entrevistados com idade entre 18 e 24 anos que manifestaram intenção em comprar um automóvel, 85% pretendem comprar um carro pela primeira vez. Na faixa entre 25 e 35 anos, 79% também nunca tiveram carro.

De acordo com informações da Capgemini, o resultado da pesquisa aponta uma reversão histórica. Isso porque os mais jovens vinham demonstrando falta de interesse pelo veículo próprio. Até recentemente, essa parcela da população vinha privilegiando uso de transporte público. Também privilegiava carros por aplicativos e o compartilhamento de automóveis.


Todas essas modalidades passaram a ser evitadas por causa do maior risco de exposição ao novo coronavírus. O instituto constatou que 75% dos que pretendem comprar carro este ano tomaram a decisão para ter melhor controle sobre a higiene.

Movimento também já aparece nos CFCs

O estudo não contempla o Brasil, mas a nova tendência já foi percebida pelo diretor do Centro de Formação de Condutores (CFC) Veja, localizado na zona norte da capital, Fernando Atorino. O Detran-SP ainda não autorizou a realização de aulas para candidatos a motorista no Estado de São Paulo. Porém, ele afirma que vem recebendo muitas consultas de pais e mães de jovens. “Eles não querem que os filhos andem em transporte público.”

Atorino diz que a procura por informações sobre a obtenção de habilitação para motocicletas também tem sido grande.




Vice-presidente de vendas da Hyundai Motor Brasil, Angel Martinez diz que o número de compradores de carros da marca com menos de 35 anos cresceu em abril e maio. Mas o executivo pondera que ainda é cedo para saber se essa tendência irá se consolidar. Isso porque, de acordo com ele, as concessionárias ficaram fechadas por mais de dois meses, o que fez aumentar as vendas por meios digitais. Como os jovens em geral têm mais afinidade com esse tipo de ferramenta do que o consumidor tradicional, isso pode explicar a mudança percebida no perfil dos compradores.

Martinez admite, porém, que o consumidor mais jovem esteja buscando maior proteção diante dos riscos de contaminação e venha optando pela compra do carro próprio. O executivo da Hyundai acrescenta que muitas pessoas com menos de 35 anos são casais que já têm ou estão considerando ter filhos. “Com a perspectiva de vida em família, o carro próprio torna-se muito mais atrativo por oferecer proteção, conforto e comodidade”, diz.

Consumo celebrativo

Além da decisão de compra por quem pretende evitar aglomerações, o diretor de marketing da FCA, Frederico Bataglia, acrescenta que uma parte das vendas no período pós-pandemia poderá ser direcionada ao que ele chama de “consumo celebrativo”. Isso significa que, passada a fase de dificuldade, a parcela mais privilegiada da população tende a sair do isolamento social decidida a comemorar. E isso pode se manifestar na forma de consumo que inclui, por exemplo, comprar um “carro de sonho”.

Essa tendência foi percebida pelo Google. “Há quem decidiu comprar o carro que sempre sonhou, como se estivesse presenteando a si mesmo”, disse o líder da área de mobilidade da empresa, Gustavo Pena, em live promovida pela Anfavea.

A pandemia também deve trazer novos compradores por outras razões, segundo Bataglia. Ele afirma que tem havido aumento no número de separações de casais durante o período de isolamento. É possível que cada um decida ter seu próprio veículo (em vez de um único que servia para a família).

Home office definitivo

Outro fator que pode levar à alta nas vendas é aumento do número de pessoas trabalhando de forma remota. Segundo Bataglia, o isolamento social deixou evidente que muitas atividades podem ser exercidas sem que o funcionário esteja fisicamente na empresa. Assim, se antes a tendência era morar perto do trabalho para evitar longos deslocamentos, mesmo que isso significasse comprometer a qualidade de vida, agora muita gente deverá optar por trocar os centros urbanos por locais mais distantes, que ofereçam mais conforto e uma vida mais saudável. Nesse caso, haveria aumento da necessidade do carro, mas não para o trabalho, e sim voltado ao lazer.

Com isso, diz o diretor da FCA, a compra poderá ser mais “aspiracional”, o que significa a opção por automóveis mais caros. Isso reforça a tese de que os SUVs sairão da crise com prestígio inabalado, graças ao porte e ao status atribuído a eles.

Martinez, da Hyundai, concorda. De acordo com o executivo, em um primeiro momento pode haver alta na procura por carros básicos. Mas a preferência pelos SUVs não deverá diminuir, “pois trata-se de uma tendência consolidada”.

Bataglia lembra que nada disso vai se refletir em aumento do tamanho do mercado. Pelo contrário. O diretor da FCA diz que quem não tem opção continuará dependente do transporte público. A opinião é compartilhada pelo vice-presidente do instituto Capgemini no Brasil, Giulio Salomone. Segundo ele, assim como em outros países, aqui a busca pelo transporte individual também vai crescer.

Bataglia diz que para o Brasil retornar aos patamares de 2019 (cerca de 2,6 milhões de unidades entre automóveis e comerciais leves), serão necessários “de dois a três anos”.

Cliente adota a compra pelos canais digitais

Aos poucos, as concessionárias vão reabrindo as portas em diversas cidades, como São Paulo. Mas, por causa da pandemia e do isolamento social, uma parcela dos clientes migrou para as compras na internet e ao sistema de entrega domiciliar. E isso vale até para bens de valor elevado, como automóveis. Por isso, diversas fabricantes investiram em processos de vendas online.

De acordo com dados da pesquisa feita pelo instituto Capgemini, 46% dos entrevistados afirmaram que pretendem minimizar a visita às lojas para comparar ofertas. Eles também disseram que a intenção é usar principalmente canais online para pesquisa e compra.

Foi o que fez a médica Anelis de Sousa Martins Freitas. Ela conta que realizou todos os trâmites da aquisição de seu Hyundai HB20S de forma remota.

Depois de fazer uma pesquisa inicial na internet, ela entrou em contato com a concessionária e passou a se comunicar com o vendedor via WhatsApp. Anelis diz que recebeu todas as informações referentes a preços, versões e equipamentos.

Ela recebeu o veículo escolhido para test drive em casa e decidiu fechar o negócio. A assinatura do contrato também foi feita de forma digital. Uma semana após o início de todo o processo, o carro novo foi entregue no endereço escolhido por Anelis.

A nova modalidade de venda acaba de ser lançada pela marca. Batizada de Hyundai Express, o canal digital é para negociação das linhas HB20 e Creta. Tudo começa pela configuração do veículo no site. Após essa etapa, o atendimento é feito pelo vendedor, por meio de aplicativo de mensagem com videochamadas. Pelo canal é possível agendar test drive em domicílio, avaliar o usado que entrará na troca, simular financiamento e receber o carro em casa.

Segundo a Chevrolet, interesse pela compra online triplicou

A Chevrolet informa que, na comparação com o período anterior à pandemia, o interesse de consumidores que atualmente aceitam realizar todo o processo de compra online triplicou. A marca mantém uma loja virtual no Mercado Livre.

Além de uma loja virtual no mesmo site, a BMW lançou nesta semana um canal de vendas pelo Facebook. A novidade veio junto com a chegada do BMW X5 M50i ao Brasil. Segundo o responsável pelo marketing da BMW do Brasil, Jorge Junior, “estar presente em novas plataformas representa a evolução do comportamento de consumo digital, já que todos estão cada vez mais conectados”. A marca tem adicionalmente loja no Instagram.

A Mercedes-Benz estreou no dia 8 deste mês sua loja no Instagram. De acordo com o gerente sênior de vendas de automóveis da empresa no Brasil, Dirlei Dias, “as redes sociais têm sido um espaço além da distração neste momento, e estamos prontos para atender a este novo formato de mercado”.

Por ora, o novo canal de vendas da marca alemã oferece três modelos: o sedã C 180 nas versões Avantgarde e Exclusive (ambos a partir de R$ 169.900) e o SUV GLA 200 Advance (a partir de R$ 179.900). Para acessar a loja virtual e conhecer os produtos, basta visitar o perfil da Mercedes-Benz no Instagram @mercedesbenzbrasil e navegar a partir da função “ver loja”.

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