O Brasil ainda tem uma frota pequena de carros elétricos. No primeiro semestre de 2022, superamos a marca de 100 mil veículos eletrificados no País. Cerca de 34 mil deles, comprados só neste ano. Mas, se há uma década esses modelos pareciam fora da realidade, atualmente a migração anda cada vez mais rápida. E as diferenças entre os elétricos e carros com motores a combustão são grandes. Os elétricos usam componentes diferentes, como é o caso, por exemplo, dos pneus.
Além de estabelecer o contato com o solo, os pneus influenciam em outros aspectos, como conforto de direção, desempenho, segurança de frenagem e até na autonomia, por exemplo. Por isso, o componente precisa ser dimensionado especificamente para cada caso e usar materiais diferentes para aplicação em carros elétricos e a combustão.
Nos veículos elétricos, por exemplo, há a necessidade de que os pneus trabalhem sob altos valores de potência e torque. Afinal, ao contrário dos modelos a combustão, os elétricos têm torque instantâneo. Ademais, exigem pneus com mais aderência e absorção de impactos, além de baixos níveis de resistência ao rolamento. Tudo isso, portanto, assegura autonomia extra.
“Pneus de baixa resistência ao rolamento geralmente são mais leves e com menos massa, o que é ruim para a emissão sonora. Encontrar o balanço perfeito entre essas necessidades é o que deixa este projeto desafiador”, explica Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental Pneus.
Diferenças
Essa produção sob medida traz uma série de demandas. A princípio, pneus feitos para veículos elétricos e para modelos a combustão têm a mesma estrutura básica em termos de componentes – talões, camada estanque, banda de rodagem e ombros. Contudo, várias alterações são feitas nos projetos. Os materiais utilizados, o desenho e as capacidades de carga, por exemplo, são revistos.
De acordo com a Continental, os pneus utilizados por veículos elétricos têm compostos mais resistentes e desenhos de banda de rodagem mais sofisticados. Sem contar, ademais, os reforços estruturais. Estes servem para que o peso adicional desses carros possam ser absorvidos pelos pneus. Contudo, a ideia é não afetar sua vida útil por desgaste prematuro.
Não pode usar pneu normal
Aqui vale uma dica. Nunca use um pneu normal em um carro elétrico. “Eles provavelmente se desgastarão mais rápido em razão do peso extra. E essa decisão pode impactar na aderência de frenagem em razão do alto torque dos elétricos”, alerta Astolfi. Por fim, a autonomia e o desconforto auditivo também sofrerão influência, no caso de uso incorreto.
Elétrico ou não, calibre!
O que muda, portanto, é a necessidade de calibrar os pneus. Seja qual for o tipo de carro, eles precisam estar sempre com pressão correta. Isso evita problemas como consumo alto e até esforço extra da suspensão.
No caso de calibragem incorreta, o carro pode ter problemas como perda de estabilidade em curvas e ficar com a direção pesada. Afinal, neste caso, a área do pneu que entra em contato com o solo muda. Quando murcho, aumenta-se essa área de contato com o piso. Dessa forma, entre os problemas, vai exigir força extra ao virar o volante.
Já nos casos de pneus muito cheios, quem sofre é o centro da banda de rodagem. Desse modo, passam a ser a principal área de contato do pneu com o solo. E isso prejudica o escoamento da água em dias de chuva mais forte. Há risco de aquaplanagem, inclusive. Portanto, calibrar é essencial. O procedimento deve ser feito semanalmente ou a cada 15 dias.