Em entrevista à revista inglesa Autocar, o CEO do Grupo Renault, Luca de Meo, detalhou como pretende reestruturar a marca francesa. O ponto alto da conversa que cita o plano agressivo de eletrificação da fabricante “Renaulution”, porém, foi a afirmação de que os modelos subcompactos vendidos na Europa devam custar o dobro do preço até 2025, quando será implantada a norma Euro 7, que visa barrar emissões de poluentes por veículos automotores.
De acordo com ele, isso é certo porque os atuais modelos precisarão, invariavelmente, investir em tecnologia (para diminuir seus índices de emissões). O fato, entretanto, não será vantajoso para as fabricantes que por sua vez, vão subir os preços dos veículos.
O executivo explica que, para atender às normas de emissões na Europa, os subcompactos precisarão abandonar os motores puramente a combustão. Precisarão ser híbridos ou elétricos. Ou seja, ficarão muito mais caros e, consequentemente, passarão a não gerar lucro por causa das baixas vendas.
Conta subcompactos x carros grandes
Numa conta básica, de Meo explica que para tornar um motor a combustão menos poluente, é necessário acrescentar filtro de partículas com platina, ródio e outros materiais caros. “É desvantajoso tanto para um Clio, de € 15 mil (R$ 98 mil, numa conversão direta), quanto num Mercedes-Benz Classe S de € 120 mil (R$ 784 mil). Entretanto, o filtro do Classe S sai muito mais barato em termos percentuais”, explica. Ou seja, o custo diluído é muito mais vantajoso em carros mais caros.
Por outro lado, ele aponta que o custo das baterias está caindo cerca de 10% ao ano. Uma vez que os veículos elétricos pequenos precisam de baterias menores, o custo reduz. Em resumo, “À medida que os preços dos carros pequenos a combustão aumentam, o EV equivalente cai. Aproxima-se o momento em que as duas curvas de custo se cruzarão. É quando o carro elétrico se tornará mais viável na Europa”, acredita de Meo.
Longe da realidade
O executivo que já passou por montadoras como Toyota, Fiat, Volkswagen, Audi, Seat, entre outras, revela que a chegada do Euro 7 pode democratizar os carros elétricos em toda a Europa. “A empresa que chegar primeiro a este ponto de passagem (vantagem da combustão sobre o elétrico) será a grande vencedora”, diz, acreditando na chegada do Renault 5.
Apesar de acreditar que os elétricos sejam o futuro, o CEO da Renault tem os pés no chão. “Não creio que todos os europeus estejam prontos para utilizar veículos elétricos até 2030. Basta ir até o sul da Espanha ou sul da Itália e perceber que a população não tem poder de compra para esse tipo de veículo. Também não há infraestrutura”, pondera.