Com mais de 5 milhões de unidades produzidas, entre os anos de 1949 e 1990, um dos modelos mais icônicos da Citroën faz aniversário: o 2CV. Apresentado ao público em outubro de 1948, seu projeto era ainda mais antigo, com data de 1936. Feito para ser um veículo leve, barato e de fácil manutenção, ajudou a motorizar a França, e acabou famoso nos quatro cantos do mundo.
Pesando só 370 kg e com apenas um farol, uma vez que a legislação francesa não obrigava o uso de dois, 250 unidades do “deux chevaux” (dois cavalos, em francês) foram produzidas para o Salão de Paris de 1939. Mas, com a explosão da Segunda Guerra Mundial, todas foram destruídas, com exceção de quatro, escondidas no Centro de Testes da Citroën em La Ferté-Vidame.
Com o fim da guerra, a produção do carrinho iniciou-se, e logo suas qualidades acabaram testadas e aprovadas pelo público. No entanto, mesmo pequeno e com motor bicilíndrico plano de 9 cv, 375 cc, e refrigerado a ar, o modelo encantou o público com sua agilidade, conforto e grande economia de combustível. Além de confortável, tinha bossas como teto escamoteável de lona, e bancos removíveis, que viravam cadeiras ao ar livre, por exemplo. Posteriormente surgiria a versão utilitária Fourgonnette.
Modelo tornou-se símbolo cult da França pelo mundo
Os anos se passaram e os pedidos pelo carrinho iam subindo, tanto que ainda em 1950, a demanda já era superior à capacidade de produção. No entanto, apesar da aparência frágil, o modelo recebia elogios pela dirigibilidade e robustez, muitas vezes posta à prova em vários Raids (competições cujo objetivo consistia trilhar caminhos desafiadores). Como o Raid Paris-Kaboul-Paris de 16.500 km, em 1970, o Raid Paris-Persépolis de 13.500 km, em 1971, e o Raid África de 8.000 km de Abidjan a Túnis em 1973, todos organizados pela montadora.
É importante frisar que o modelo, apesar do nome, não tinha apenas 2 cavalos. O nome é referência à potência fiscal, calculada por meio de parâmetros da época. O modelo, assim como o Volkswagen Fusca, tornou-se um ícone pop, com direito a séries especiais e aparições em livros e filmes, adquirindo status de símbolo cult francês. Contudo, montado em pelo menos oito países, incluindo Argentina, Chile e Uruguai, o último 2CV deixou a linha de montagem em Magualde, Portugal, em 1990.
Citroën 3CV 1976 é sonho de infância de jornalista
Como dito acima, a Argentina recebeu a produção do modelo, entre os anos de 1968 e 1980, mas nunca o Brasil. Entretanto, isso não impediu que um apaixonado pelo modelo realizasse seu sonho de infância: ter um modelo para chamar de seu. É o caso do colega jornalista Jason Vogel, do Rio de Janeiro.
Jason conta que conheceu o modelo durante o verão de 1979/1980, quando as praias cariocas foram tomadas por argentinos em viagem, e lhe chamara a atenção um 2CV amarelo e verde, imagem que guarda até hoje. Ele conta que recebeu da mãe, em 1983, durante viagem dela à França, catálogos do modelo, que ainda estava em produção. Quando as importações foram reabertas em 1990, último ano de produção, chegou a ver alguns modelos, mas o alto preço não ajudava.
Contudo, sem desistir, e mesmo após não ter sucesso restaurando outro modelo, achou em 2008, num classificado de clássicos, o “Pato” — um simpático Citroën 3CV (nome argentino para o 2CV6 francês), de ano 1976 e cor azul. Usado nos fins de semana, o 3CV é elogiado pela usabilidade. “É um carro extremamente leve e simples — faz o Fusca parecer uma máquina pesada e complexa”, afirmou.
Peças e manutenção são difíceis
Entretanto, nem tudo são flores. Vogel pontua que um dos problemas de se manter um 3CV no Brasil são as peças. Feito em uma época em que a marca ainda não tinha representação oficial no País, mão de obra e peças de reparo são quase impossíveis. Mesmo assim, o modelo segue firme, mantendo seu importante papel na vida do jornalista. “Não dá para se desfazer de um sonho de infância”, conclui o colega.
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