Após 81 anos do início da 2ª Guerra Mundial, quando a Alemanha invadiu a Polônia, a Continental, revelou ter se beneficiado e sido “parte importante” do regime nazista. Entre os crimes, a fabricante alemã de pneus e sistemas automotivos realizou testes em prisioneiros de campos de concentração. E também utilizou mão de obra forçada.
Para obter um estudo detalhado sobre o envolvimento com o regime nazista, a atual direção da empresa contratou um grupo de pesquisadores. O historiador Paul Erker, da Universidade Ludwig-Maximilians, em Munique, conduziu a pesquisa. O resultado deu origem ao relatório “Fornecedor da Guerra de Hitler. O Grupo Continental na Era Nazista”.
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Continental explorou mais de 10 mil prisioneiros
Por meio do estudo, os pesquisadores apuraram que, durante a 2ª Guerra, a Continental fornecia pneus para aeronaves e veículos militares. A empresa usava prisioneiros de campos de concentração para testar seus produtos. Muitos deles morriam durante os testes.
Os pesquisadores descobriram que prisioneiros do campo de Sachsenhausen, em Oranienburg, na Alemanha, eram forçados a caminhar 11 horas por dia. Eles andavam em uma pista usando sapatos com solas experimentais feitas pela Continental. Quem não conseguisse cumprir a ordem, recebia severas punições físicas.
Além disso, estima-se que a empresa tenha utilizado o trabalho forçado de cerca de 10 mil pessoas, muitas vezes submetidas a condições desumanas. Regularmente, os trabalhadores eram expostos a produtos tóxicos e químicos sem proteção.
Por causa dos frequentes bombardeios, muitos eram obrigados a trabalhar em locais inóspitos, como subsolos de prédios. Segundo reportagem do The New York Times, “muitos dormiam amontoados em baias de cavalos e centenas morreram”.
Empresa cria programa de responsabilidade
Após a Guerra, a Continental adquiriu empresas do ramo bélico e de tecnologia, como a VDO, fabricante de eletrônicos automotivos. Erker afirmou que a empresa era um “pilar dos armamentos nacional-socialista e da economia de guerra”.
“Não podemos falar em nome das gerações anteriores de gerenciamento e não queremos fazer acusações contra eles”, disse o presidente-executivo da Continental, Elmar Degenhart, diante das revelações do estudo.
Em resposta aos resultados da investigação, a Continental lançou o programa “Responsabilidade e Futuro”. O objetivo é, segundo informações da empresa, “fazer com que o aprendizado contínuo com o próprio passado seja parte integrante da cultura corporativa”.
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Inscreva-se‘Revisão de passado’ de empresas é lei na Alemanha
Praticamente toda grande empresa alemã teve vinculo, em algum grau, com o regime nazista. Por isso, o governo da Alemanha tornou obrigatório a apresentação de estudos que revelem a participação da empresa durante essa época.
Empresas como Volkswagen, Daimler, Audi e Deutsche Bank já passaram pelo processo. “As culturas corporativas podem cair rapidamente sob a pressão de regimes políticos”. O alerta foi feito por Ariane Reinhart, membro do conselho executivo para relações humanas da Continental.