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Continental revela detalhes de apoio ao regime nazista
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Continental revela detalhes de apoio ao regime nazista

Fabricante alemã de pneus e sistemas automotivos explorou mais de 10 mil trabalhadores e prisioneiros de campos de concentração nazistas

Emily Nery, special para o Estado

06 de set, 2020 · 5 minutos de leitura.

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CONTINENTAL FEZ ESTUDO SOBRE PARTICIPAÇÃO NA ALEMANHA NAZISTA
Crédito:CONTINENTAL

Após 81 anos do início da 2ª Guerra Mundial, quando a Alemanha invadiu a Polônia, a Continental, revelou ter se beneficiado e sido “parte importante” do regime nazista. Entre os crimes, a fabricante alemã de pneus e sistemas automotivos realizou testes em prisioneiros de campos de concentração. E também utilizou mão de obra forçada.

Para obter um estudo detalhado sobre o envolvimento com o regime nazista, a atual direção da empresa contratou um grupo de pesquisadores. O historiador Paul Erker, da Universidade Ludwig-Maximilians, em Munique, conduziu a pesquisa. O resultado deu origem ao relatório “Fornecedor da Guerra de Hitler. O Grupo Continental na Era Nazista”.



Continental explorou mais de 10 mil prisioneiros

Por meio do estudo, os pesquisadores apuraram que, durante a 2ª Guerra, a Continental fornecia pneus para aeronaves e veículos militares. A empresa usava prisioneiros de campos de concentração para testar seus produtos. Muitos deles morriam durante os testes.

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Os pesquisadores descobriram que prisioneiros do campo de Sachsenhausen, em Oranienburg, na Alemanha, eram forçados a caminhar 11 horas por dia. Eles andavam em uma pista usando sapatos com solas experimentais feitas pela Continental. Quem não conseguisse cumprir a ordem, recebia severas punições físicas.

Além disso, estima-se que a empresa tenha utilizado o trabalho forçado de cerca de 10 mil pessoas, muitas vezes submetidas a condições desumanas. Regularmente, os trabalhadores eram expostos a produtos tóxicos e químicos sem proteção.

Por causa dos frequentes bombardeios, muitos eram obrigados a trabalhar em locais inóspitos, como subsolos de prédios. Segundo reportagem do The New York Times, “muitos dormiam amontoados em baias de cavalos e centenas morreram”.


Empresa cria programa de responsabilidade

Após a Guerra, a Continental adquiriu empresas do ramo bélico e de tecnologia, como a VDO, fabricante de eletrônicos automotivos. Erker afirmou que a empresa era um “pilar dos armamentos nacional-socialista e da economia de guerra”.

“Não podemos falar em nome das gerações anteriores de gerenciamento e não queremos fazer acusações contra eles”, disse o presidente-executivo da Continental, Elmar Degenhart, diante das revelações do estudo.

Em resposta aos resultados da investigação, a Continental lançou o programa “Responsabilidade e Futuro”. O objetivo é, segundo informações da empresa, “fazer com que o aprendizado contínuo com o próprio passado seja parte integrante da cultura corporativa”.


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‘Revisão de passado’ de empresas é lei na Alemanha

Praticamente toda grande empresa alemã teve vinculo, em algum grau, com o regime nazista. Por isso, o governo da Alemanha tornou obrigatório a apresentação de estudos que revelem a participação da empresa durante essa época.

Empresas como Volkswagen, Daimler, Audi e Deutsche Bank já passaram pelo processo. “As culturas corporativas podem cair rapidamente sob a pressão de regimes políticos”. O alerta foi feito por Ariane Reinhart, membro do conselho executivo para relações humanas da Continental.


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INSTALAÇÕES DE TESTES DE PNEUS NA ÉPOCA DA ALEMANHA NAZISTA. CONTINENTAL
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