Quando se ouve falar em Ford Maverick, alguns podem até tentar falar da nova picape da marca no Brasil, mas, para os mais antigos, o resultado é sempre o mesmo: o modelo fabricado e vendido no País entre 1973 a 1979. Criado nos Estados Unidos para ser uma resposta da Ford à invasão dos importados no final dos anos 60, o Maverick veio parar no Brasil e, por algum tempo, disputou espaço no mercado com o Chevrolet Opala, por exemplo.
Pensado pela matriz americana como uma reação ao avanço do VW 1500, o Fusca, o Maverick foi apresentado ao público em 1969. Utilizava duas opções de motores de seis cilindros – 2.8 ou 3.3 litros – e tinha como objetivo ser uma opção barata, ao preço de US$ 1.995. Em 1970, ganharia mais uma opção: a 4.1, com 98 cv e seis cilindros, e, no ano seguinte, o aclamado V8 302.
Ícone de desejo na versão GT, o motor V8 tinha 199 cv (brutos), e 4.950 cilindradas cúbicas, que muitos arredondam para 5.0. Opção mais forte para quem não podia arcar com um Mustang na época, logo ganharia 4 portas. No mercado americano, o modelo cumpriu seu papel de 1969 a 1977, e vendeu 2.099.263 milhões de unidades. Além dos EUA, o modelo também vendeu no Canadá, México, Venezuela e Brasil.
Modelo médio da Ford era opção entre Corcel e Galaxie
No Brasil, o Maverick aportou em 1973, ano de grandes lançamentos automotivos, como o Chevrolet Chevette e o Volkswagen Brasília, por exemplo. Após uma pesquisa realizada pela Ford, em que o público deveria escolher entre o modelo Taunus alemão e o Maverick americano dar a vitória ao alemão, a Ford manteve o fastback vindo dos EUA, por questões de projeto. O modelo escolhido pela fábrica poderia receber o motor seis cilindros herdado da finada Willys-Overland, e equipou o Aero-Willys e o Itamaraty, por exemplo.
Feita a escolha de motor 3.0 seis cilindros como base para o carro, com 112 cv (SAE), o comprador tinha as seguintes configurações disponíveis no lançamento: Super (básica), Super Luxo e GT, exclusivamente cupê. A versão SL e GT receberam o V8 302 “canadense”, com 192 cv (SAE), e que no GT era a única opção disponível, à época. Em seguida, chegava também a versão sedã do modelo.
Ainda durante os testes, o motor 6 cilindros provou-se inadequado para projeto, pela pouca potência e facilidade de superaquecimento. Além disso, sua origem Willys lhe rendeu o apelido maldoso de “Aerovick”, em nada ajudado pelo 0 a 100 por hora na casa dos vinte segundos.
Para sanar o problema, a Ford introduziu ao modelo o motor quatro cilindros com comando de válvulas no cabeçote, de 2.3 litros e 102 cv (SAE), mas que para fins de tributação, tinha 99 cv divulgados. Mais moderno, substituiu o seis cilindros e resolvia de vez o problema do desempenho, e na iminência da crise do petróleo, deu sobrevida ao modelo.
Maverick x Opala: briga dentro e fora das pistas
Se nos EUA o Maverick deveria combater o Fusca, no Brasil essa tarefa cabia ao Corcel, por exemplo. Logo, seu competidor direto era o Chevrolet Opala, e nas pistas isso não era diferente. O desempenho das versões de pista tinha a ajuda do motor V8, que obrigou a GM a preparar a versão mais potente do Opala: a 250-S.
No encalço da novidade, e tentando recuperar a vantagem dos Chevrolet, mais leves e fáceis de guiar, a Ford chegou a oferecer um kit Quadrijet no modelo. Um carburador de corpo quádruplo assumia o lugar do original, de corpo duplo, ajudado por um coletor especial para o modelo, por exemplo. Considerado raro, o kit dava ao “Maveco” 257 cv (SAE), algo entorno de 170 cv líquidos, algo impressionante para a época.
Versão LDO anunciava o começo do fim
Com o avanço dos efeitos da crise do petróleo no Brasil, a versão GT passou a ter opção do motor 2.3 OHC de 4 cilindros em 1977, quando o modelo passou por uma ligeira modernização de desenho. Além disso, chegava à linha a versão LDO, com acabamento mais luxuoso, cujo único opcional era a transmissão automática de 4 marchas. O GT recebeu um capô novo, mas com a chegada do Corcel II, mais econômico, o fim do modelo já era certo.
Por fim, em abril de 1979, o Maverick saía de linha definitivamente, após vender pouco mais de 108 mil unidades no Brasil, entre cupês e sedãs. Ele fora substituído pelo Corcel II, mais moderno e eficiente, mas ainda deixa uma legião de fãs no País, que este ano comemoram seus 50 anos de existência.
Evento em São Paulo comemora os 50 anos do Maverick
Apaixonados pelo modelo mantém viva a memória do carro, e celebram os 50 anos de lançamento do Maverick no Brasil. Paul William Gregson, colecionador e entusiasta do modelo, organiza um evento que reúne vários modelos, nos dias 3 e 4 de junho. Segundo Paul, além da exposição, que conta com mais de 100 modelos confirmados, haverá ainda a presença de ex-engenheiros envolvidos no desenvolvimento do modelo no País, bem como caravanas de outros estados, por exemplo.
Além disso, o evento contará com uma feira com expositores e fabricantes com peças de reposição para os modelos feitos no Brasil. O evento ocorre no espaço Garagem 55, na Mooca, em São Paulo. Por fim, para participar, é necessário comprar ingressos. Quem deseja expor seu carro antigo, deverá efetuar a compra pelo site Sympla. Para os visitantes, os ingressos podem ser comprados no local.
Valor dos Ingressos:
Expositor: R$ 80 (incluso o veículo e duas pessoas)
Visitantes: R$ 35 (incluso o veículo e uma pessoa)
Endereço:
Garagem 55 Mooca
Rua Borges de Figueiredo, 1098, Mooca, São Paulo, SP.
Horário:
Sábado, 03/06: das 08h às 23h
Domingo, 04/06: das 10h às 19h