O mercado de picapes dificilmente muda. Noventa e nove por cento dos modelos vendidos são 4×4. As unidades a diesel e com cabine dupla também abocanham cerca de 90% das comercializações. Ainda em números, 84% têm câmbio automático e 79% têm potência entre 181 cv e 210 cv. E, para embarcar nesse sucesso, a JAC acaba de lançar oficialmente a Hunter.
“Nossa picape tem todas as características necessárias para adentrar o segmento”, diz Sergio Habib, presidente do Grupo SHC e da JAC Motors Brasil. Afinal, de acordo com o executivo, “não dá para prosperar no Brasil vendendo só carros elétricos”, em menção à estratégia adotada pela marca em 2022. A justificativa é o aumento de preço dos carros movidos a bateria (por conta da taxa de importação, que chegará a 35% em 2026) e, soma-se aí à falta de infraestrutura do País.
Anunciada há alguns meses, a Hunter chega em versão única, HD. Com motor 2.0 turbodiesel de 191 cv e 46,9 mkgf de torque, conta com câmbio automático de oito marchas, feito pela ZF. A tração é 4×4 com reduzida e opção 4×2 (traseira).
De olho nos clientes da Fiat Titano – a mais próxima em termos de preço -, a picape, de R$ 239.990, ocupa a mesma faixa de algumas versões dos principais players disponíveis no mercado nacional, como Toyota Hilux SRV (R$ 289.990), Chevrolet S10 Z71 (R$ 296.490) e companhia. Cabe ressaltar que, embora a JAC considere a Ford Ranger XLS (R$ 292.900) como concorrente, a opção mais justa seria a Black, que também tem motor 2.0 diesel e tração 4×4 e custa R$ 267 mil. Seja como for, a picape da marca chinesa tem preço acessível e condições especiais de venda a produtores rurais.
Como anda?
Embora tenha o apelo de ser a mais barata do segmento (nessas especificações), a Hunter não é um primor na hora da condução. O principal ponto é a trepidação. Seja na cidade, ou em trechos fora de estrada, os sacolejos se fazem presentes em 100% do tempo. E sem dó. Talvez, quando chegar o modelo com suspensão traseira Multilink – prometido para o começo do ano que vem e sem diferença de preço -, isso melhore. Por ora, apenas eixo integral e feixe de molas.
Na prática, o modo Esporte (no total, são quatro, pois conta ainda com Normal, Econômico e Lama), a Hunter rende respostas melhores de aceleração. O giro fica mais alto e a entrega de força é mais eficaz. Seja como for, são quase 12 segundos entre zero e 100 km/h. O casamento entre câmbio e motor não é perfeito, mas é digno. Já a posição de dirigir, que conta com regulagem elétrica do banco (o do passageiro também é), poderia ser melhor com a inclusão do ajuste de profundidade do volante. Só tem de altura.
Acabamento
Mesmo que não seja a picape mais linear da categoria, o modelo surpreende pelo capricho do interior. Tem bons encaixes, peças com acabamento soft touch, bancos revestidos com couro e alguns equipamentos indisponíveis na concorrência. A tela central, por exemplo, tem 13 polegadas e conectividade com Android Auto e Apple CarPlay. Teto solar elétrico e ar-condicionado digital (que poderia ser de duas zonas) também estão presentes.
Ademais, conta com carregador de celular por indução, câmera 360 graus e porta-objetos refrigerado. E surpreende com itens indisponíveis em modelos mais caros, como chave presencial e freio de estacionamento por botão, por exemplo, que a VW Amarok não tem.
Medidas generosas
Um dos pilares para tentar deixar a concorrência para trás está nas medidas. É mais larga e mais alta do que todas as rivais. Tem, respectivamente, 1,97 metro e 1,92 m. Já o comprimento, é de 5,33 m, e a distância entre-eixos de 3,11 m perde de lavada para a Ford Ranger, que com seus 3,22 m tem a maior medida do segmento. Seja como for, a Hunter não é apertada na parte de trás. E oferece saídas de ar-condicionado e portas USB como mimos.
E para que a Hunter caia nas graças do público, a JAC deixa bem claro que o modelo tem capacidade de carga de 1.400 kg. Excelente, afinal, as demais picapes do segmento giram em torno de 1.020 kg. Por falar nisso, a ideia de Habib é vender entre 3.000 e 4.000 exemplares ao ano. Ou seja, 2% do mercado. Para isso, já fechou vendas com o governo paulista.
Visual
Por fim, embora não seja mais segredo para ninguém, sempre cabe falar um pouco de visual. Robusta, a picape ostenta a enorme grade que toma boa parte da dianteira. Ali, divide espaço com os faróis, posicionados abaixo de filetes de LEDs e sobre os faróis de neblina. Plásticos pretos invadem os para-choques e as caixas de rodas.
Nas laterais, rodas com 18″, bem como estribos e maçanetas em tom cromado. Já na parte de trás, lanternas em formato vertical (também de LEDs), e santantônio. A caçamba peca por não ter capota marítima, mas tem revestimento para evitar danos à pintura. A tampa, que é bem pesada e não tem amortecimento, conta com a inscrição “JAC” em letras maiúsculas.
A JAC conta que há mais de 100 oficinas credenciadas no Brasil inteiro para atender o pós-vendas da nova picape e que suas vendas contam com test-drive delivery, onde o carro chega até a casa do cliente, evitando a necessidade de se deslocar até uma concessionária.
Por fim, tem garantia de 8 anos sem limite de quilometragem. Está última, apenas para clientes que adquirirem a Hunter para uso pessoal. E, antes de encerrar, vale dizer que o modelo contará com versão elétrica a partir de 2025.
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