O segmento de SUVs de 7 lugares está em alta no Brasil, sobretudo com a chegada do novíssimo Jeep Commander, feito em Goiana (PE). Mas como ele se sai contra o líder Toyota SW4, referência absoluta no mercado? O Jeep é primo irmão de Renegade e Compass, montado sobre a plataforma monobloco (small wide) dos dois modelos, com adaptações.
Cheio de novidades em equipamentos, o Commander tem perfil urbano e foco no conforto, embora seja 4×4. Já o Toyota é irmão da picape Hilux e sinônimo de robustez. O utilitário é montado sobre chassis em Zárate (Argentina) e traz tração traseira sobre eixo rígido, 4×4 com reduzida e bloqueio de diferencial, além de 280 milímetros de vão livre e bons ângulos de entrada (29) e saída (25), que lhe dão ótimas credenciais off-road.
Então, qual será a melhor pedida para quem precisa ou quer espaço para sete pessoas? O Jornal do Carro compara os utilitários em vídeo e traz os principais detalhes de cada um deles. Confira!
Motores a diesel
Mercedes-Benz GLB, Volkswagen Tiguan R-Line, Land Rover Discovery Sport e agora o Jeep Commander são todos SUVs de 7 lugares com plataformas em monobloco derivadas de carros de passeio. São modelos que, há algum tempo, encaram os utilitários tradicionais.
Ainda assim, existe uma parcela de consumidores que acredita que só os veículos montados sobre chassis – como Toyota SW4, Chevrolet Trailblazer e Mitsubishi Pajero Sport, todos derivados de picapes médias – têm motores fortes e aptidão para o fora-de-estrada.
Mas olhe só: o Commander tem configurações flex, com tração 4×2, além das versões turbodiesel, com tração nas quatro rodas. Já o SW4 acabou de aposentar o motor flex com a recém-lançada linha 2022, que resgatou a versão Diamond, com dianteira mais moderna. Assim, alinhamos neste comparativo versões 4×4 a diesel cedidas pelas fabricantes.
Nesse caso, o SW4 tem motor maior, de 2,8 litros, mais forte e potente, com 204 cv (a 3.400 rpm) e quase 51 kg de torque (a 2.800 rpm). No Commander, o 2 litros entrega 170 cv (mais tarde, a 3.750 rpm) e quase 39 kg de torque máximo (que chega mais cedo às rodas, a 1.750 rpm), gerenciados por câmbio de nove marchas da ZF.
Mas o Toyota é quase 300 kg mais pesado e utiliza um câmbio automático menos eficiente, de seis marchas. Com isso, a força bruta do SW4 é entregue a cada patada no acelerador e faz a cabine oscilar bastante, ainda que a marca japonesa tenha reduzido bastante os ruídos e vibrações do sistema nas últimas atualizações feitas no seu SUV de 7 lugares.
Suspensões e tração
Com menos ímpeto, porém um trabalho melhor de gerenciamento da carroceria, e com uso de suspensão multilink, o Commander é muito mais suave em acelerações e retomadas. Inclusive, de uma forma que não se vê por aí em modelos diesel com frequência. Assim, entrega um nível de conforto sem precedentes, tanto na cidade, quanto em viagens.
Falando em tração, o SW4 é 4×4 com caixa de reduzida, comando eletrônico e bloqueio de diferencial. Já no Commander, a tração é eletrônica com programas de condução pré-definidos.
Visual e estilo
Não tem jeito: as linhas dos modelos neste segmento se encontram e isso não é à toa: o Toyota SW4 é referência total quando o assunto é SUV com 7 lugares. Então, as outras marcas que querem disputar esse nicho acabam recorrendo a alguns ou até mesmo muitos destes elementos para fazerem mais sucesso. E, quando não usam, apostam em estilos que precisam ser justificados, como é o caso do Pajero Sport.
No Commander, muita coisa faz menção ao SW4, ainda que não descaradamente: skid plate, cromados na grade frontal, na traseira e definindo a linha de janelas; para-choque frontal robusto, recortado e imitando carros esportivos; faróis estreitos e barras de LED; lanternas horizontalizadas e altas; rack de teto e spoiler.
Mas também há bastante do próprio histórico da Jeep, claro. E até um aceno a modelos de Chrysler e Dodge, com arranjo do conjunto óptico Full LED e de detalhes do acabamento.
Porte e espaço
Sempre foi assim: o SUV derivado da Hilux tem porte avantajado e acaba dando um pouco de trabalho no trânsito pesado de cidades como São Paulo. Ainda assim, quem tem – ou precisa de um deles – sempre arruma uma forma de justificar o uso.
A Jeep sabe disso e tratou de chegar junto no tamanho, mesmo com a plataforma de Renegade e Compass. Na prática, o SW4 é só 3 cm mais comprido, com 4,79 m. Mas o Commander, veja só, tem 5 cm a mais na distância entre os eixos. Dessa forma, o SUV de 7 lugares feito em Pernambuco oferece melhor aproveitamento na cabine.
O porta-malas do SW4 comporta de 180 a 500 litros, mas, se você dobrar os bancos extras, a disposição não é muito prática. Essa é a vantagem da base mais avançada do Commander, que tem maior capacidade em qualquer situação, indo de 233 litros a 1.760 litros com o rebatimento total dos bancos de passageiros ao nível do assoalho. Além disso, a tampa traseira tem acionamento automático, que facilita ainda mais o uso no dia a dia.
Conforto
Aqui uma dica óbvia do que se encontra na cabine: o SW4 tem jeito de picape, enquanto o Commander eleva o patamar daquilo que se vê no Compass. Ambos são largos e altos, o que, então, permite ficar bem à vontade nos assentos.
Mas o Commander entrega recursos interessantes, como ajuste elétrico dos bancos dianteiros em mais posições, ar-condicionado de duas zonas, rebatimento total dos bancos de passageiros, deslizamento de 14 cm feito de forma suave para a segunda fileira, acesso mais fácil à terceira fila de bancos, bem como teto solar panorâmico.
No SW4, apesar do sistema mais simples de ar-condicionado, as saídas para os passageiros são melhor posicionadas e acessíveis, inclusive nos bancos da terceira fileira.
Padrão de acabamento
O SW4 se atualizou em termos de acabamento e tem nichos muito bem pensados, como, por exemplo, o porta-copos na base central do painel. Entretanto, nesse ponto, não tem jeito: couro pespontado e camurça, diferentes materiais e bastante suavidade, bem como o teto solar de duas folhas dão um ar premium ao Commander que o Toyota não tem.
Um ponto importante de falarmos aqui: o Commander tem suspensões independentes muito bem acertadas e cabine isolada acusticamente, a ponto de quase não se ouvir o som do motor a diesel, nem balançar seu corpo durante as arrancadas.
A Toyota fez um trabalho muito forte nos últimos oito anos para suavizar a vida a bordo do SW4, que também é pouco barulhento e um tanto suave. Mas, aqui, não tem jeito. Com a montagem sobre chassis e o conjunto traseiro de suspensão sobre eixo rígido, o conforto ao rodar não chega ao nível do Commander, ainda que tenha robustez em diferentes terrenos.
Tecnologias a bordo
Se você já dá como certa a vitória do Commander, melhor pisar no freio e olhar com cuidado. Sim, o modelo da Jeep é bastante avançado à primeira vista, dos faróis Full LED com luz de seta dinâmica na dianteira (a iluminação laranja corre do centro às laterais da peça), até o par de telas do painel, com cluster digital de instrumentos e a grande tela de 10 polegadas.
A multimídia tem sistema intuitivo, conexão com internet e central de monitoramento, alertas em tempo real, carregamento de celular sem fio e permite conectar sem fio com as interfaces Android Auto e Apple Carplay. Por fim, o equipamento também tem acesso à assistente virtual Alexa, da Amazon, que, assim, pode operar comandos no veículo.
Nesta versão de topo, temos ainda recursos semi-autônomos, mas adianto que o SW4 também tem alguns desses recursos. Por falar no modelo da Toyota, tudo parece mais simples, mas em termos de funcionalidade acaba sendo bem próximo ao Jeep.
O painel de instrumentos de 4 polegadas não é vistoso, a tela central de 8 polegadas não é tão fácil de usar e tampouco é bonita, mas também incorpora Android Auto e Apple Carplay, além de trazer TV digital, algo que já não é mais aposta de muitos modelos.
Equipamentos
Câmera de ré, os dois têm, mas o Commander alia isso ao assistente inteligente de estacionamento e traz gráficos mais vistosos e intuitivos. Som premium a mesma coisa. O Jeep com 9 falantes da Harman, e o Toyota vem de fábrica com 8 falantes da JBL. Ambos trazem teclas físicas para facilitar o acesso às principais funções.
Também nos dois, tomadas de força de 220V no SW4, e de 127V no Commander, que, por sua vez, entrega saídas USB para todas as fileiras, tanto do tipo A como do tipo C.
Seleção de tração é feita no seletor no SW4, com necessidade de parar para uso da reduzida. No Commander, a seleção de modos pode ser feita neste switch ou por toque na tela com o seletor de modos e terrenos.
Mas o Commander ainda permite monitoramento (via central) e partida remota (na chave) e tem recursos extras, como os espelhos elétricos rebatíveis.
Segurança
Aqui, uma repetição do que vimos em tecnologia. O Jeep é mais vistoso e até mais intuitivo de usar, mas não deixa o Toyota para trás por muito, não, quando deixa. O SW4 tem sete airbags, incluindo o de joelho para o motorista, controles de estabilidade e tração, assistentes de rampa e declive, monitoramento para frenagem de emergência, alerta para mudanças de faixa e até controle de cruzeiro adaptativo.
O Commander traz tudo isso e completa com sensores extras que enxergam pedestres e ciclistas, sistema que alerta e também corrige o volante em saídas de faixa, ainda que de forma meio lenta e tardia às vezes. Além disso, tem sensor de ponto cego, o que é bom por conta dos espelhos pequenos para o tamanho da carroceria. Tem ainda detecção de cansaço do motorista, controle anti-capotamento e faróis de LED adaptativos.
Preço
Com tudo isso, chegamos finalmente aos valores cobrados. E, aqui, não tem jeito: nenhum carro no Brasil é barato. Mas digamos que, neste segmento, com estas propostas, não tem pechincha. De novo, vamos deixar claro: os preços de Commander e SW4 acompanham uma faixa muito ampla, sobretudo com motores a diesel.
De toda forma, neste momento, o Commander dá mais opções ao consumidor, com duas versões flex 4×2 que partem de R$ 206 mil, e outras duas a diesel, que começam em R$ 266 mil, enquanto o SW4 começa em R$ 383.290 e sobe para R$ R$ 389.790 na versão SRX com 7 lugares. Isso deve dar boa margem de voo ao Commander, que tem tudo para vender bem neste segmento.
Vale lembrar que, desde o lançamento, o preço Commander já subiu mais de R$ 10 mil, principalmente no Estado de São Paulo, por causa do ICMS maior. Mas a Jeep ainda tem a vantagem de catálogo e uma ampla margem para superar o SW4 nas vendas. Já o Toyota tem cinco anos de garantia, contra três do Jeep, porém revisões e seguro mais caros.
Valores em novembro de 2021, na tabela de Brasília/DF:
- SW4 SRX Diesel (5 lugares): R$ 383.290
- SW4 SRX Diesel (7 lugares): R$ 389.790
- Commander Flex Limited T270: R$ 205.990
- Commander Flex Overland T270 : R$ 227.990
- Jeep Commander Diesel Limited TD380 4×4: R$ 265.990
- Jeep Commander Diesel Overland TD380 4×4: R$ 287.990
Vendas de SUVs de 7 lugares (janeiro-outubro)*:
- Toyota SW4 – 10.858 unidades
- Chevrolet Spin – 10.712
- Volkswagen Tiguan Allspace R-Line – 3.293
- Chevrolet Trailblazer – 2.859
- Mercedes-Benz GLB 200 – 2.105
- Mitsubishi Pajero Sport – 1.905
- Land Rover Discovery – 1.607
- Kia Carnival – 51
*Números da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos.