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Kit gás: Veja se vale a pena converter o carro para GNV e quanto custa
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Kit gás: Veja se vale a pena converter o carro para GNV e quanto custa

Com os preços dos combustíveis nas alturas, cresce a busca pelo Kit gás, que faz a conversão dos motores para GNV; cuidados devem ser tomados

Vagner Aquino, especial para o Jornal do Carro

27 de out, 2021 · 15 minutos de leitura.

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kit gás
Com a alta dos combustíveis, o kit gás volta ao radar dos motoristas que querem economizar
Crédito:Cegás/Divulgação

As visitas aos postos de abastecimento estão mais caras nos últimos meses. De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), encher o tanque do carro ficou 42% mais caro em um ano. Isso, consequentemente, aumentou a procura por instalações do kit GNV (Gás Natural Veicular), tão procurado no fim da década de 2000.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGÁS), um veículo movido a gás pode rodar até 57% a mais que quando bebe gasolina. Nesse sentido, tendo em vista os R$ 4,16 cobrados pelo m³ do GNV na média nacional – segundo a Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – o consumidor vem enxergando larga vantagem na conversão dos veículos para GNV.

Mas, colocando na ponta do lápis, vale a pena? Afinal, quanto custa? Como é a manutenção? É seguro? Portanto, para esclarecer essas e outras dúvidas, o Jornal do Carro procurou especialistas e constatou que tudo depende de uma série de fatores.

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O que é o kit GNV?

A princípio, cabe um panorama sobre o kit GNV. Basicamente, trata-se de um sistema capaz de fazer a transformação do motor para utilização de combustível a gás e não apenas combustível liquido. Vale para todos os tipos de veículos e cilindradas.

O procedimento consiste na adição de uma central eletrônica de controle de injeção do GNV no motor do veículo. O kit integra, nesse sentido, um redutor de pressão, filtro, sensor de pressão, fluxo e temperatura do combustível, além de mangueiras de gás e água, bicos injetores e o próprio cilindro de armazenamento exclusivo para o gás. Cabe salientar, no entanto, que o veículo continua com o sistema original de combustível (líquido) funcionando normalmente.

Preços

Em média, a conversão custa entre R$ 3.500 e quase R$ 9.000, dependendo do veículo e do kit escolhido. O serviço de instalação dura entre cinco e oito horas. As oficinas especializadas, a princípio, precisam de homologação por parte do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Nesse sentido, o órgão reúne uma página com todos os instaladores do Brasil registrados pelo órgão (confira aqui).


De acordo com os estabelecimentos consultados, a média de crescimento na demanda por conversão de veículos para GNV foi de 70% só neste ano. Algumas delas, inclusive, chegaram a dobrar o número de funcionários para dar conta do aumento da clientela.

gnv
Alex Santos/Arquivo pessoal

Uma dessas oficinas é a SM Serviços Automotivos e GNV, que fica na Zona Norte da capital paulista. “Contratamos quatro funcionários de maio para cá (eram três até então), afinal, nesse meio-tempo, nossa média pulou de 26 para 60 instalações de kit GNV por mês”, explica o proprietário do estabelecimento, Alex Santos.


O motorista de aplicativo Marcos Figueira é um dos brasileiros que se rendeu ao kit g´ás. Para ele, que fez a conversão em março, o investimento próximo a R$ 4.000 está valendo a pena. “Até então, eu gastava cerca de R$ 80 por dia para abastecer o carro (com etanol). Agora, gasto média de R$ 35 diariamente”, conta ele, que tem um Chevrolet Spin e acredita que terá o retorno do investimento em breve.

Medo de aumento

Por outro lado, o também motorista de aplicativo, Valdemar Ramos, que acabou de instalar seu kit GNV teme pela alta do combustível. “Minha intenção era gastar menos na hora de abastecer e, confesso, não me atendei aos demais pontos (como revisão e custos de instalação). O medo agora é o GNV subir (de preço)”, argumenta.

Nesse sentido, vale lembrar que o valor do m³ do gás natural sofre reajustes conforme a cotação do petróleo e do dólar. Nesta terça-feira, a moeda norte-americana custa R$ 5,55.




Cuidados

Que a instalação do kit GNV está em alta e que isso pode, sim, gerar economia a longo prazo é fato. Entretanto, não pense que é só pegar um cilindro, colocar no porta-malas (ou sob o assoalho) do carro e sair andando por aí. O procedimento exige uma série de cuidados essenciais. O primeiro deles consiste em saber se o cilindro produzido para o armazenamento do GNV é certificados pelo Inmetro.

Para se enquadrar em todos os quesitos de segurança, o produto é submetido aos mais variados testes. Suporte do cilindro de GNV, linha de alta pressão de GNV, linha de baixa pressão de GNV, válvula do cilindro de GNV, válvula ou dispositivo de abastecimento de GNV, redutor de pressão de GNV e sistema de ventilação precisam ser analisados.

Acidentes provocados por gambiarras

Realidade desde 1991 no Brasil – quando os abastecimentos de carros por GNV começaram por aqui – as ruas reúnem milhares de carros transformados. Só do ano passado para cá, houve aumento de 88,5% de carros movidos a Gás Natural Veicular no País, aponta a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) – antigo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Mesmo com números tãoe relevantes, quase não se ouve falar em explosões espontâneas. Afinal, o que pode provocar acidentes não é o componente em si, mas o descuido dos proprietários.


Especialistas apontam que acidentes que acontecem com vítimas são, em 100% dos casos, provocados por adulterações realizadas nos cilindros. Sem contar os descuidos e adulterações motivadas pelo desejo de gastar menos. Um exemplo é a instalação de kits GNV usados. Os preços são inferiores, mas tem que ter cuidado, pois a escolha pode ser fatal – principalmente, se o produto não passou por requalificação.

Por ser mais leve que o ar e armazenado nos veículos em cilindros sob alta pressão, o GNV não oferece risco de explosão. “O conjunto de normas técnicas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) dá a desejada segurança quando se fala em veículo e combustível”, explica José Luiz Albertin, chefe de Secretaria do Comitê Brasileiro Automotivo CB 005, do órgão.

Manutenção adequada

Os cilindros dos kits GNV devem passar por requalificação periódica. Nesse sentido, para avaliar se continuam próprios para o armazenamento de gás de alta pressão, o componente deve passar por ensaio de segurança a cada cinco anos. Essa é uma determinação do Inmetro. Trata-se, no entanto, do mesmo ensaio hidrostático realizado em cilindros de mergulho e de oxigênio hospitalar, por exemplo.


Para realizar o procedimento, o proprietário do veículo deve ir até uma oficina credenciada pelo Inmetro. Lá, o cilindro será desmontado e, por sua vez, enviado à uma empresa requalificadora (também registrada no Inmetro). A inspeção anual de todo o kit também é obrigatória.

Alex Santos/Arquivo pessoal

Com relação à durabilidade do motor, não há problemas. Afinal, os kits mais novos (quinta geração) mantém uma certa quantidade de injeção de combustível líquido no carro, fazendo com que as válvulas já não sofram tanto, como acontecia no passado. Outro ponto importante a ressaltar é o uso da tecnologia de injeção direta de combustível e de turbo pelos carros mais novos, algo já contemplado pelos novos kits. Entretanto, o custo é mais alto e sua instalação pode ultrapassar os R$ 9 mil.


Afinal, vale ou não a pena?

De acordo com Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), o primeiro ponto a ser levado em conta quando se decide transformar o carro é o custo da instalação. “Deve-se pegar esse montante e comparar com a economia que você vai ter. Isso vai, no entanto, depender da quantidade de quilômetros rodados diariamente. Quanto mais o veículo roda por dia, mais rápido esse investimento será diluído”, pondera.

Por outro lado, para quem roda pouco, é difícil pagar esse investimento. “Apesar de desembolsar menos com combustível, o baixo uso (do carro) dificulta o equilíbrio da conta”, enfatiza Romio. Segundo ele, se o capital não for recuperado em 4 a 5 anos, não compensa a instalação. Afinal, provavelmente, o consumidor troque o carro nesse meio-tempo. Nesse sentido, cabe lembrar que é possível passar o kit GNV de um carro para outro. Entretanto, a ação gera o custo de uma nova instalação.

Prós e contras

Em síntese, veículos movidos a GNV têm como uma das principais vantagens a redução nas emissões de poluentes. De acordo com a União Internacional de Gás (IGU), veículos abastecidos com gás natural veicular jogam até 30% menos CO² na atmosfera quando comparado aos modelos movidos a etanol e/ou gasolina.


No mais, se por um lado o gasto é menor no posto de abastecimento, por outro, nem sempre o GNV será encontrado nos estabelecimentos. Uma das reclamações dos proprietários, afinal, é a dificuldade de encontrar o combustível fora dos grandes centros. Mas já tem até aplicativos para smartphones que ajudam nessa busca.

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Fiat/Divulgação

Por falar em dificuldade, é bom deixar claro que o veículo dotado de kit GNV perde em desempenho. Fica mais lento, menos potente e mais pesado – devido aos cilindros – e pode acarretar na perda de garantia. É preciso consultar a fabricante. Aliás, a Fiat é a única a disponibilizar o opcional “prédisposição GNV”. O kit (R$ 1.023) pode ser instalado no Grand Siena Attractive 1.4, que custa R$ 73.666.


Mas se tem gente que reclama, outros tantos se gabam por pagar IPVA mais barato em algumas regiões do Brasil. Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro pagam alíquota do imposto menor que os 4% pedidos em São Paulo, por exemplo.

E tem, ainda, a impossibilidade de adulteração do combustível. Portanto, se este é seu desejo, faça uma avaliação prévia em estabelecimentos credenciados e siga em frente. Só não se esqueça dos gastos com a documentação, que precisa ser modificada.

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Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.