Na última semana surgiu a curiosa história da Lamborghini mexicana que quer produzir seus carros, bem como outros inúmeros empreendimentos, no Estado de Santa Catarina. Eis que, agora, a Lamborghini italiana emitiu nota afirmando que não só não reconhece os direitos adquiridos pela fabricante latino-americana, como pediu a nulidade do contrato.
O comunicado à imprensa foi enviado por Jiannina Castro, da área de Marketing e Comunicações da Automobili Lamborghini nos EUA e América Latina. Nele, a fabricante de Sant’Agata Bolognese afirma que é a única proprietária dos direitos da marca. Desse modo, não reconhece os direitos da Lamborghini Latinamérica.
Além disso, destaca que há ações em andamento na Justiça dos EUA, Itália, Brasil e Argentina pedindo a nulidade do contrato mexicano para combater “a exploração ilegal da marca”. Isto é, contrato firmado na década de 1990 que garante à empresa latina o uso do nome Lamborghini.
Antes do envio do comunicado oficial, a Automobili Lamborghini afirmou ao portal NSC que a Lamborghini Latinamérica tem pendências judiciais em vários países. Contudo, assume que a marca do mexicano Joan Férci teve os direitos da marca reconhecidos pela Justiça.
Entenda a história:
Conforme noticiamos no Jornal do Carro, a Lamborghini passou por várias crises. Sob domínio de um fundo de investimentos da Indonésia, em 1994, Jorge Antonio Fernández García, ou simplesmente, Joan Fercí, comprou os direitos da marca e passou a ser detentor de seu nome na região latina por 99 anos.
Ou seja, o acordo valia no México e na América Latina e permitia ao empresário reestilizar seus próprios modelos com base nas criações italianas. Assim, surgiram os projetos “tunados”, como o Coatl e o Alar 777. Esses modelos, no entanto, tiveram, no máximo, três unidades produzidas desde 1998.
Ação corre na justiça desde 2019
A Lamborghini resolveu se pronunciar sobre a empresa mexicana em 2019. Isto é, 25 anos após a compra dos direitos para uso de seu nome e de seus protótipos. De acordo com o Autoblog Argentina, a matriz italiana ressaltou na época que “A Lamborghini não tem relação com nenhuma entidade estabelecida na América Latina e já iniciamos uma ação contra o Sr. García perante os Tribunais da Itália e dos Estados Unidos “.
Nesse ínterim, Fercí buscou construir fábricas na Argentina, Paraguai e Uruguai.
Na Argentina, o veredicto foi favorável a Férci. O Tribunal da Câmara Nacional de Apelações em Matéria Comercial argentina reconheceu “o exercício normal dos direitos exclusivos” da fabricante mexicana para operar no país. Por fim, ordeu a Automobili Lamborghini SpA e ao Grupo Volkswagen que cessassem imediatamente “as ações ou omissões que perturbam os direitos exclusivos“.