Com as sanções impostas por causa da Guerra na Ucrânia, a Rússia se tornou uma “ilha” para a indústria automobilística. Praticamente todas as marcas tradicionais fecharam suas fábricas no país e deixaram o mercado desde o início dos conflitos. E a solução tem sido resgatar projetos antigos. Assim, nesta semana, a fabricante Moskvich, criada na era soviética, renasceu e voltará a produzir carros. A marca vai montar veículos da chinesa JAC Motors.
O acordo foi selado pela Kamaz, fabricante parceira da JAC. A produção será feita em uma fábrica que pertencia ao grupo Renault e foi rebatizada de “Moscow Automobile Plant Moskvich”. De lá, sairão 100.000 carros por ano a partir de 2024, com 20% de carros elétricos. Por ora, o plano da Kamaz é montar 600 unidades até o fim do ano – 400 a combustão e 200 elétricos. Em 2023, entretanto, o total saltará para 50 mil unidades.
As vendas começam já em dezembro. De início, a marca soviética venderá o Moskvich 3 e Moskvich e3. A despeito do nome, trata-se o clone do SUV elétrico JAC E-JS4, que tem uma mistura de Hefei e Volkswagen – a marca alemã é parceira da JAC na China.
Na mecânica, o Moskvich 3 a combustão terá opção de motores 1.5 de 109 cv e 1.6 turbo de 136 cv. Os câmbios são manual de 6 marchas ou automático do tipo CVT. Já o elétrico Moskvich e3 tem motor com 150 cv de potência e 31,5 mkgf de torque. Além disso, alcança 410 km de autonomia com as baterias totalmente carregadas.
Nacionalização gradual
O SUV da JAC chega à Rússia em regime CKD (com kits prontos para montagem). Isso, portanto, causa dependência de seus parceiros chineses – país que mantém livre comércio com a Rússia. Entretanto, a Moskvich quer ampliar a nacionalização. A partir de 2024, a Kamaz, que é a detentora da marca, afirma que vai adotar componentes com produção local. A montadora também tem outros modelos na manga, mas, por ora, não deu mais detalhes.
Um dos carros da JAC cotados para chegar ao mercado russo é o elétrico E-JS1, que estreou no Brasil em 2021 como o elétrico mais barato à venda. Na Rússia, o modelo deverá se chamar Moskvich e1. No comunicado, o diretor-geral da Kamaz, Sergey Kogogin, conclui: “Estamos satisfeitos, pois a Kamaz servirá para o desenvolvimento da indústria automotiva russa, de acordo com a tendência global de veículos ecologicamente amigáveis”.