Criado em 2010 na Romênia como opção de baixo custo à francesa Renault, o SUV Dacia Duster ganhou nova geração em 2017, que agora tem sua reestilização de meia-vida.
Interessa ao Brasil?
Por aqui a trajetória é outra: o Duster estreou em 2011 com roupagem da Renault. Já em 2012, foi o SUV mais vendido, com predicados como espaço e até versão 4×4. Mas decaiu nos anos seguintes com falta de atualizações e rivais melhor equipados e com estilo mais moderno.
Apesar de não ter uma nova geração (leia-se, plataforma nova), o Duster brasileiro atualizou visual e nível de equipamentos em 2020. E com estilo baseado justamente na segunda geração europeia. Mas, eis que a reversal acontece — e não é a primeira vez dentro da Dacia-Renault.
Isso porque o novo Duster começa a ser vendido na Europa no segundo semestre com leves mudanças de estilo. Por outro lado, muitos dos equipamentos já estão no Renault Duster brasileiro. Por ora, não há preço definido, apenas as primeiras imagens do facelift.
Mudanças leves
Segundo a Dacia, o novo Duster europeu terá grade frontal em colmeia 3D e conjunto óptico alterado com mais uso de LEDs, inclusive nas setas. Além disso, finalmente haverá sistema que liga os faróis baixos automaticamente quando a partida é dada no SUV, alternando para luz alta quando a luminosidade pede.
Por fim, para-choques e falso skid plate também recebem pequenas variações, mas é no interior que estão as principais mudanças. E estas foram baseadas no Duster brasileiro.
Cabine mais chique
O quadro de instrumentos exibe grafismo para visibilidade melhorada. Também há novo sistema de entretenimento, que passa a ter tela sensível ao toque de 8 polegadas, bem como comando por voz. Logo abaixo, o ar-condicionado passa a ter comando digital e automático.
Mas, curiosamente, as saídas de ar continuam circulares. Essas são menos refinadas que aquelas usadas aqui no Brasil, indicando que o Dacia Duster segue fiel às origens de custo acessível.
Essas alterações já são encontradas no Duster nacional, que, assim, parte de R$ 89.690 (versão Zen manual), mas sobretudo nas versões intermediária (Zen CVT, de R$ 101.990) e topo de gama (a Iconic CVT por R$ 106.490). Da mesma forma, o Dacia Duster recebe nas versões mais completas apoio de braço (com baú de 1 litro e duas USB) no console central.
Ainda há novidade para os bancos, que incluem sistema de aquecimento na dianteira. Também chegam auxílios eletrônicos ao motorista como alerta de ponto cego, sistema Multivisão de câmeras e sensores de estacionamento, e auxílio de partida em rampa.
Tem 4×4
Finalmente, algo difere do atual Duster brasileiro: a versão 4×4, que continua à venda na Europa, agora tem auxílio eletrônico chamado Monitor 4×4. O recurso adiciona à tela central informações de inclinômetro lateral, ângulo de inclinação horizontal (usando dados do assistente de rampa), bússola digital e altímetro.
Há ainda um inédito controle adaptativo de descida para esse Duster 4×4. E o porta-malas cresce para 467 litros no 4×4 (similar ao volume de 465 litros do Brasil), subindo a 478 l no Duster convencional.
Mecânica turbinada
Há também alteração na motorização disponível na Europa para o SUV que já entregou quase 2 milhões de unidades. Além do câmbio manual de seis marchas na base, as demais versões passam a ter câmbio automatizado de dupla embreagem (EDC) e seis marchas. No Brasil, a Renault colocou o câmbio do tipo CVT nas versões de topo, em 2020.
Voltando à Europa, há uma opção de motor a diesel (126 cv, câmbio manual, tração 4×2 ou 4×4). Também existem três a gasolina (91 cv, 131 cv ou 152 cv, com tração 4×2, e câmbios manual ou EDC). Por fim, há agora uma versão híbrida de gasolina e gás natural com novos tanques (50 litros de gasolina, 50 litros de gás, 101 cv).
E o Duster no Brasil?
A Renault do Brasil fez dois movimentos importantes. Primeiro, anunciou investimento de R$ 1,1 bilhão para renovar linha da fábrica de São José dos Pinhais (PR). E já iniciou a fabricação do novo Captur com motor 1.3 turbo. O SUV fará sua chegada em breve, mas espera-se uma atualização de potência do motor 1.3 turbo.
Esse motor estreou na América Latina com o… Renault Duster! De início no México e na Colômbia. Assim, o novo motor gera 156 cv e 25,4 mkgf com gasolina, mas deve ter cerca de 10% a mais de potência no Brasil com etanol. Fora isso, a Renault diz que terá cinco remodelações em seu catálogo nacional até a metade de 2022.
Só que o Duster mudou há pouco tempo, em 2020, e, como visto, já tem equipamentos que só agora chegam à Europa. Como fica?
Nova Oroch a caminho
É possível que a picape Oroch siga os passos do Duster europeu. Ou seja, passe a ter o visual atual e também os equipamentos que já estão no Duster nacional. Também há espaço para o motor 1.3 turbo. Dessa forma, o Renault Duster pode finalmente usá-lo em um ano ou dois, já com tempo suficiente para que Captur ganhe espaço no mercado.
Mas a linha Dacia está com dias contados na Renault, seja no Brasil ou na Europa. Isso porque os chefões da marca-mãe já disseram na França que atualizações baseadas nos modelos da marca romena devem parar de surgir com roupagem Renault a partir do meio da década, dando espaço a modelos próprios.