Duas semanas depois do lançamento, o novo VW Polo está a caminho das concessionárias brasileiras. A linha 2023 do hatch compacto recebeu uma reestilização após quatro anos de mercado. E tenta espantar a má fase, para esquecer 2022, um ano péssimo em que o modelo soma apenas 2.414 emplacamentos de janeiro a setembro – o líder Hyundai HB20, por exemplo, tem 70.745 unidades no mesmo período. Ou seja, missão difícil.
Mas a Volkswagen já virou essa página e pensa em 2023. O seu hatch compacto terá um importante reforço logo no início do ano que vem. A montadora vai lançar o Polo Track, substituto do veterano Gol, que sairá de linha em dezembro após 42 anos. Dessa forma, na soma das versões, o modelo pretende disputar a liderança de mercado contra Chevrolet Onix e Hyundai HB20, tal como contamos aqui no Jornal do Carro. E, por isso, a gama foi toda reposicionada.
Um VW Polo mais simples
De forma geral, a Volkswagen simplificou a linha Polo para conseguir preços mais competitivos. Por exemplo, o hatch deixa de oferecer freios a disco nas quatro rodas e passa a usar tambores na traseira. Isso evidentemente é um “downgrade”. Entretanto, segundo o gerente de desenvolvimento de produto da VW, André Drigo, o sistema de freios foi redimensionado e está ainda melhor que antes. A frenagem total a 100 km/h é feita em 38,3 metros, abaixo, portanto, da média da categoria, que é de 40 metros.
Da mesma forma, o novo VW Polo deixa de oferecer o motor 1.0 turbo flex com até 128 cv de potência e torque de 20,4 mkgf. O hatch agora traz uma versão atualizada do 1.0 turbo flex que era do subcompacto Up!. Ele está mais forte, com até 116 cv com etanol e 109 cv com gasolina – antes, gerava 105/101 cv. Já o torque de 16,8 mkgf com ambos os combustíveis é o mesmo de antes. Junto com o motor, que resgata a sigla 170 TSI, vem o câmbio manual de cinco marchas.
Pois foi justamente a versão TSI que aceleramos neste primeiro contato. Com preço de R$ 92.990, esta é a primeira opção da linha 2023 do hatch com o motor 1.0 turbo de 116 cv e a transmissão manual. O foco é o custo/benefício, mas o VW Polo traz novidades importantes. Por exemplo, tem faróis de LEDs em todas as versões. O conjunto agora tem alcance noturno de 130 metros – ante 70 metros com as lâmpadas halógenas. E traz um circuito eletrônico.
Painel do SUV Taos, multimídia do Fox
Visualmente, talvez muita gente nem note as mudanças no VW Polo. A verdade é que a reestilização foi bem mais discreta no Brasil em comparação com a Europa, onde o hatch ganhou lanternas prolongadas, que invadem a tampa do porta-malas. Aqui, faróis, grade e para-choques foram sutilmente retocados, e as lanternas mantiveram o formato anterior, mas ganharam novo desenho de luzes e agora trazem máscaras negras, que dão um ar mais esportivo.
Por dentro, a lógica é a mesma. A marca mexeu bem pouco no visual, que mantém as linhas já vistas na atual geração do Polo. Mas há evoluções. O volante, por exemplo, ganha o padrão mais moderno, com o novo logotipo da VW. Além disso, o quadro de instrumentos na versão TSI traz a tela de 8 polegadas já disponível na versão de entrada do SUV médio Taos. Ela é menor e permite menos customizações que o display de 10″ da versão topo de linha Highline.
Entretanto, como resultado, o quadro de instrumentos do novo VW Polo ficou bem mais interessante e moderno que o do novo HB20. Inclusive, no modelo da Hyundai, o novo painel está disponível somente na versão mais cara Platinum Plus, assim como os novos faróis de LEDs com luzes diurnas de condução. Ou seja, esse reposicionamento do Polo o deixou realmente competitivo em relação aos conteúdos disponíveis já nas versões de acesso.
Como ponto negativo, a versão turbo manual traz a velha multimídia Composition Touch, que tem tela der 6,5 polegadas e surgiu quase uma década atrás no Fox, que saiu de linha há um ano. Ou seja, estamos falando de uma tela mais antiga, com sistema já defasado. Mas, digamos que, para a proposta do carro, o equipamento cumpre o seu papel. Sobretudo porque traz conexão (por cabo) com as plataformas Android Auto e Apple Carplay.
750 km de alcance com gasolina
Um dos motivos que levaram a VW a trocar o motor do Polo foi a eficiência energética. Com o 1.0 turbo que era do Up!, o hatch apresenta menor consumo. Inclusive, segundo o gerente de produto, André Drigo, o compacto ganhou autonomia. Ele mantém o tanque de combustível de 52 litros, porém, bebe menos e roda mais. Com gasolina, alcança 750 km de autonomia em ciclo misto – a média, neste caso, é de 15,1 km/l com o câmbio manual.
Pelos números do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBVE), do Inmetro, o novo VW Polo 2023 chega como um dos mais econômicos da categoria. A versão TSI que avaliamos é a que tem o melhor rendimento na gama do hatch. Com etanol, são 9,6 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada – média mista de 10,5 km/l. Já com gasolina no tanque, são 14 km/l e até 16,4 km/l, na mesma ordem, o que resulta no consumo médio citado de 15,1 km/l.
Com câmbio automático e mais equipamentos, o Polo ganha peso e o motor 1.0 turbo bebe mais. Na versão Comfortline, por exemplo, faz médias de 8,7 km/l e 10,8 km/l com etanol, e de 12,5 km/l e 13,8 km/l com gasolina, respectivamente. O pior rendimento é da versão Highline, que faz 8,4 km/l e 10,5 km/l com o combustível vegetal, e 12,1 km/l e 14,9 km/l com o fóssil. Assim, é mais econômico que Onix (16,1 km/l) e que HB20 (15,5 km/l) nas versões turbo manuais.
Como anda o novo VW Polo
Embora a reestilização não tenha mudado a estética do Polo, a Volkswagen fez ajustes para deixar o hatch mais confortável. O principal deles foi na suspensão, que recebeu novos amortecedores que receberam um trabalho específico nas válvulas para deixar o hatch mais suave em movimento. Ao volante, a primeira impressão é de que deu certo. O Polo está mais macio, sem aquele ajuste mais firme que é tradicional nos carros da marca.
Um ponto que não mudou são as dimensões. O porta-malas, por exemplo, mantém os 300 litros de volume (padrão VDA). Além disso, a distância entre-eixos de 2,55 metros é maior que no HB20 e no Onix, ambos com 2,53 metros. O VW Polo também é mais largo. Isso garante mais espaço aos ocupantes do banco traseiro. O hatch ainda conta com saídas de ventilação atrás, e, a depender da versão, tem quatro portas USB-C de carregamento rápido.
A bordo, temos um clássico interior de hatch de entrada. O volante não tem revestimento e traz menos botões – basicamente para ajuste do som e da tela de 8″ do quadro de instrumentos. Além disso, os bancos dianteiros agora têm os apoios de cabeça integrados ao encosto. Há quem goste, mas é outra solução que ajudou a “baratear” o hatch. Por fim, o ar-condicionado é manual e o acabamento não enche os olhos, embora seja bem feito.
Segundo a VW, o novo Polo sai de fábrica já com itens importantes, como controles de estabilidade e de tração, e indicador da pressão dos pneus. O modelo tem ainda quatro airbags e dois itens exclusivos: o sistema BSW, que aproxima as pinças dos discos de freio em dias de chuva, para manter os componentes “limpos”, e tem o bloqueio eletrônico do diferencial XDS+, que atua em curvas – quando o carro começou a escorregar, joga o torque para a roda com maior aderência.