Quando o novo Jeep Compass estreou, muito se falou sobre o inédito motor 1.3 turbo flexível e a plataforma de conectividade Adventure Intelligence. Contudo, o SUV recebeu uma importante adição para reduzir emissões de gases poluentes: o tanque de Arla 32. Novidade entre utilitários esportivos com motor a diesel, o reagente a base de ureia é um velho conhecido dos motoristas de caminhões e ônibus.
A fim de entender qual o benefício da solução para as versões a diesel, o Jornal do Carro conversou com o Erlon Rodrigues, especialista de produto da Engenharia da Jeep. Erlon explica que o tanquinho de 13 litros é abastecido com o Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA) com 32,5% de ureia na sua composição — por isso o nome Arla 32, número referente à diluição de ureia de alta pureza no reagente.
A composição faz parte do sistema de redução catalítica seletiva (SCR), cujo principal objetivo é transformar os óxidos de nitrogênio (NOx) em água e nitrogênio. Resíduos da combustão do diesel, esses gases são nocivos à saúde humana e, por essa razão, estão na mira das próximas etapas dos programas de controle de poluentes por veículos.
Desse modo, Erlon explica que a solução de Arla 32 é injetada antes do segundo catalisador do sistema do escapamento. É nesse ponto onde o reagente entra em contato com a fumaça residual, que contém NOx, e faz a quebra das moléculas, liberando para a atmosfera vapor d’água e N4 (nitrogênio).
Atende as normas do Proconve P7
Embora seja a primeira vez que um SUV nacional traga um tanque de Arla, caminhões e ônibus já possuem o reservatório há bastante tempo. O fato é que essa solução estará cada vez mais presente nos SUVs a diesel no Brasil, uma vez que a próxima fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P7) entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2022.
A redução de emissões entre o PROCONVE L6 e o L7 é de aproximadamente 22% nos poluentes NMHC e NOx que são afetados pelo Arla. Em MP, a redução é de 50%. Além disso, a exigência de durabilidade de emissões é o dobro.
Portanto, a Jeep aproveitou a reestilização do Compass para adicionar o tanque de Arla e se antecipar perante às novas leis. Sem confirmar oficialmente, o novo Commander, SUV de 7 lugares que chega no fim deste ano, também deverá dispor do tanquinho de Arla 32.
O carro perde potência?
É comum que, ao utilizar a solução, caminhões e ônibus percam torque e/ou potência. Contudo, Erlon assegura que não é o caso do novo Compass. Ou seja, o motor 2.0 turbo diesel continua gerando os mesmos 170 cv de potência e até 35,7 kgfm de torque.
Quanto é o consumo de Arla 32?
O especialista explica que o o consumo de Arla 32 é baixíssimo em relação ao consumo de diesel. Desse modo, o carro consegue rodar de 6 mil a 10 mil km, dependendo do estilo de direção. Se a condução for mais agressiva, o motorista precisará abastecer com Arla após 6 mil km, mas caso o uso seja mais brando, o SUV poderá rodar até 10 mil km.
O preço do litro do reagente varia entre R$ 2,50 a R$ 4. Portanto, o proprietário gastará até R$ 53 para encher o tanque. Além disso, a Jeep também vende um galão de 20 litros da composição em suas concessionárias por R$ 80.
Considerando uma quilometragem mensal média de 1.000 km e o litro do reagente por R$ 4, o Compass gasta R$ 5,77 de Arla no mês, com uma direção moderada, e R$ 7,43, sob um modo de condução severa.
Como faço para abastecer?
O cliente pode optar por encher o tanque nos postos, bem como em casa. O produto não é inflamável, explosivo ou tóxico. Marcado na cor azul, o bocal do reservatório fica ao lado bocal do tanque de diesel. Cabe enfatizar que, de forma alguma, eles podem ser misturados.
Como a solução já é comum em caminhões e ônibus, os frentistas já estão acostumados com o abastecimento e não haverá problema em encher o tanquinho auxiliar da Arla.
Todavia, Erlon afirma que, assim que o cliente adquire o veículo, há avisos e recomendações no retrovisor interno sobre o uso do Arla 32. A Jeep também disponibiliza um vídeo explicativo sobre o abastecimento.
Carro não dá a partida com reservatório vazio
Para ter certeza de que o carro não rodará sem a solução, a fabricante criou um sistema que inibe a partida do motor caso o reservatório esteja vazio. “O carro emite um alerta no painel quando precisar abastecer. E avisa com muita antecedência, cerca de 2 mil km antes de acabar”, Erlon esclarece.