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Óleo de cozinha vira combustível
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Óleo de cozinha vira combustível

Óleos vegetais usados para fritura de alimentos estão sendo reaproveitados por empresas de transporte e até município. O óleo usado é filtrado e passa por processos químicos até se transformar no combustível biodiesel

16 de jun, 2010 · 6 minutos de leitura.

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 Óleo de cozinha vira combustível
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Como parte de programas ambientais, as empresas cada vez mais estão aproveitando o biodiesel em suas frotas. Para isso, algumas reaproveitam óleo de cozinha e o transformam no combustível.

A rede de restaurantes McDonald’s, por exemplo, está aproveitando o resíduo das frituras de 20 restaurantes da Grande São Paulo em quatro veículos. São duas opções, o B20 (20% de biodiesel e 80% de diesel) e o B100 (100% de biodiesel).

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O óleo é processado em laboratório. Cada 2,5 litros rende um litro de biodiesel, que vira fonte de energia para os caminhões da transportadora que leva os alimentos às lojas da rede, a Martin-Brower.

A Coca-Cola também já tem veículos rodando apenas com biodiesel (B100), enquanto a prefeitura de Indaiatuba recolhe o resíduo da fritura dos munícipes e utiliza a produção mensal de 7 mil litros do combustível B20 para a frota da cidade.

“Os dois combustíveis, diesel e biodiesel, são armazenados separadamente, misturados no módulo dosador, que segue para o sistema de injeção. Exceto no momento da partida e do desligamento, em que só o diesel é utilizado”, diz Renata Mendonça, engenheira da MAN, que participou do desenvolvimento dos kits que equipam os caminhões. “Isso é feito porque o biodiesel é mais pastoso que o diesel, então é necessário impedir a cristalização do combustível, que resultaria em solavancos na hora de ligar o motor”, explica.


Para se obter biodiesel, todo o óleo de cozinha é filtrado e passa por processos químicos (transesterificação) até virar fonte de energia. “É mais complexo do que produzir a partir das sementes de vegetais”, explica Antonio Bonomi, diretor de biocombustíveis da Associação de Engenharia Automotiva (AEA) e diretor do Programa de Avaliação Tecnológica do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol. “A vantagem é que a matéria-prima já existe, pois o óleo de cozinha é descartado em restaurantes e residências.”

Bonomi diz que a produção a partir de sementes tem rendimento baixo. “Cada hectare plantado de soja rende 500 litros de biodiesel. Da mesma área de cana, é possível obter 8 mil litros de etanol.”

B20 dispensa alterações no motor

Para abastecer o veículo com o B20, que mistura 20% de biodiesel com 80% de diesel, não é preciso modificar o motor. “É como na gasolina, que tem álcool misturado”, diz o diretor técnico do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa), Antonio Oliveira. “A vantagem do biodiesel é poluir menos que o diesel, que gera enxofre e mais gás carbônico.”


Já o B100 demanda cuidados. “É preciso fazer calibração diferente no motor. Por isso, é necessária mais manutenção em seus componentes”, diz o engenheiro da MWM Guilherme Ebeling, que participou dos testes de motores a biodiesel B5 na Ford Ranger. “E o armazenamento do B100 requer atenção, pois a umidade absorvida é maior.”

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