Desde 2002, o Procon-SP reúne um banco de dados com informações sobre todas as campanhas de recalls realizadas no Brasil. O intuito é ajudar o consumidor a descobrir quais produtos já foram convocados. Para isso, basta realizar uma simples busca pelo nome da fabricante ou modelo no site do órgão. De acordo com o sistema, o setor de veículos detém mais de 81% do número total (1.657). Afinal, só nas últimas duas semanas, quatro montadoras abriram chamado: Hyundai, Land Rover, Subaru e Volvo.
Com base em dados do sistema, desde o primeiro dia de janeiro de 2002 até esta quarta-feira (19) foram efetuados 1.344 recalls por montadoras de carros e motos. No período, houve um total de 20,6 milhões de veículos convocados para reparo de defeitos graves. Isso poderia, no entanto, colocar a integridade e até mesmo a vida dos clientes em risco.
E o consumidor deve estar alerta, afinal, desde abril, os veículos que não fizeram recall não podem ser licenciados nem transferidos. Esse bloqueio do documento tem base na alteração feita no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) por meio da lei 14.071, de 2020. O flagrante para esse tipo de situação resulta em infração gravíssima, que rende multa de R$ 293,47 e sete pontos no prontuário da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Além disso, o carro pode ficar retido.
GM dá R$ 500 de vale-combustível em recall
O recall envolvendo os airbags da Takata é o maior da história mundial. No total, mais de 100 milhões de bolsas infláveis estão envolvidas na campanha, o que já ocasionou 30 mortes ao redor do planeta. Uma delas, em janeiro de 2020, aconteceu no Brasil, quando — durante o acidente — os fragmentos metálicos projetados pelo equipamento de segurança atingiram, então, um motorista de Aracaju (SE). Ele dirigia um Chevrolet Celta.
E é justamente para evitar esse tipo de fatalidade que a Chevrolet criou uma nova estratégia. A fim de incentivar os proprietários de Celta e Classic a aderirem o recall dos airbags Takata, a fabricante lançou a promoção “Seu Chevrolet Seguro”. Nela, é ofertado um vale-combustível no valor de R$ 500 no app Shell Box. Vale apenas para quem obedecer a data da campanha, entre 6 de abril de 2021 e 30 de junho de 2021.
No total, o chamado envolve 91.573 unidades do Celta (fabricados de 2013 a 2016) e 144.272 Classic (2012 a 2016). Os números de chassis são, respectivamente: DG124288 a GG100849 e DB186193 a GR160004.
Hyundai, Land Rover, Subaru e Volvo também têm recall
Na manhã desta quarta-feira (19), todavia, a Hyundai e a Caoa anunciaram o recall do modelo New Tucson 1.6, que pode apresentar problema no módulo do freio ABS caso não haja substituição do multifusível, localizado na central de fusíveis.
De acordo com o comunicado, a montadora afirma que o módulo ABS pode apresentar mau funcionamento e, dessa forma, provocar um curto-circuito. Caso o fato ocorra, poderá gerar princípio de incêndio no compartimento do motor. Nesse caso, os veículos envolvidos ano/modelo 2016 a 2021 têm fabricação entre 11/10/2016 e 20/04/2021. Números de chassis (não sequenciais) vão de HB000001 a NB016743. A campanha, nesse sentido, começa em 14 de junho. Mais detalhes no 0800 770 3355 ou no site da montadora (clique aqui).
Conforme supracitado, só nas duas últimas semanas, além da Hyundai, Land Rover, Subaru e Volvo também anunciaram recalls por problemas em seus veículos. No caso da montadora inglesa, o New Discovery pode ter defeito no tubo de escapamento (saiba mais). A fabricante japonesa anunciou problema no suporte da barra estabilizadora dos SUVs Forester e XV (consulte). Já a marca sueca, por fim, alega inconformidade no display do controle elétrico dos bancos traseiros do XC90 Excellence (veja).
Se por um lado essa onda de recalls representa um avanço em termos de direito dos consumidores, por outro, é um mau sinal, afinal, as campanhas visam reparar defeitos em produtos. Questionado pelo Jornal do Carro sobre as vantagens e desvantagens das ações, o Procon-SP não se manifestou até o fechamento desta reportagem. O órgão, no entanto, alerta que os consumidores que sofreram algum tipo de acidente em decorrência desses problemas, poderão solicitar reparação por meio de ação na Justiça.