O constante reajuste de preço nos carros novos se tornou uma situação corriqueira nos últimos meses. Já tem modelo que, só neste ano, subiu mais de 15%. A previsão, no entanto, é que essa situação não seja revertida tão cedo. É o que voltou a comentar Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, a representante das montadoras de veículos no Brasil.
Desde o início do ano, nas reuniões mensais da Anfavea, Moraes critica a alta de impostos (sobretudo do ICMS, que disparou em São Paulo), justamente numa época difícil, marcada pela pandemia da Covid-19. Desta vez, Luiz Carlos Moraes afirma ao Jornal do Carro que não há indicação sobre possíveis reduções de preço dos veículos 0-km no País.
Moraes espera que a competição entre as fabricantes de carros promova ações de marketing que ajudem a vender mais veículos. Entretanto, lembra que isso depende da estratégia de cada empresa. “Em termos de custos, não vejo em pouco tempo uma alteração estrutural que permita redução nos valores finais. Talvez, baixe apenas na metade do ano que vem”, prevê.
Dólar, commodities e outros problemas
Conforme o Jornal do Carro noticiou recentemente (leia aqui), a alta de preço sofrida pelos veículos não vem apenas do dólar alto e da pandemia. Tem commodities no meio do caminho, como inflação, taxa Selic, entre outros fatores. Nesse sentido, todas as altas influenciam no custo final dos produtos. Ou seja, tudo impacta nos preços dos veículos.
Em relação à disparada do dólar norte-americano, o executivo explica que o impacto no custo se dá pela necessidade de importação de componentes (tanto por parte das montadoras, quanto pelos fornecedores). Para ele, outra vertente é o aumento das commodities.
Imposto é absurdo no Brasil
Moraes explica que a enxurrada de impostos cobrada no Brasil (como ICMS, PIS/Cofins, IPI, etc) rende uma carga tributária sobre o automóvel 0-km entre 40% e 50%. “Em qualquer país moderno no mundo, a taxa vai de 15% a 18%, no máximo”, lembra, ao justificar que as montadoras não conseguem absorver esse custo e, assim, repassam parte dele ao consumidor.
Por outro lado, Moraes reconhece que há ociosidade no mundo todo. Entretanto, o surgimento de novos projetos exige um Brasil mais competitivo para receber os investimentos necessários.
“Se não tivermos (um País mais competitivo), podemos perder novos investimentos. Isso (a competitividade) é muito importante para o setor automotivo, até porque queremos exportar mais. Isso acaba melhorando toda a cadeia produtiva nacional e, inclusive, gera empregos para o País”, pontua o presidente da Anfavea.