A falta de infraestrutura para recarga de veículos elétricos no Brasil pode estar com os dias contados. Para tentar barrar a rejeição do público consumidor aos carros a baterias e, sobretudo, amparar quem optou pela compra, o deputado federal Fábio Macedo (PODE/MA) criou o Projeto de Lei n° 710/2023. A proposta visa obrigar estacionamentos públicos e privados, além de vias públicas, a instalar carregadores para carros alimentados por eletricidade.
A proposta – apresentada no dia 28 de fevereiro – tramita na Câmara dos Deputados. Pela justificativa do texto, a ideia é acabar com os empecilhos para a implantação definitiva da mobilidade elétrica no Brasil. “A carência de pontos de carregamento não só dificulta a utilização dos veículos elétricos e híbridos, mas também desestimula a aquisição”, descreve o texto.
Com o objetivo de diminuir a agressão ao meio ambiente, o Projeto de Lei propõe que estes locais disponibilizem carregadores por porcentagem das vagas. “Em estacionamentos privados de uso coletivo, os proprietários deverão disponibilizar estações de recarga em 5% das vagas, que ficarão reservadas”, propõe. Nos públicos, cai para 2%. Os locais poderão cobrar pelo serviço.
Em vias públicas, a princípio, as concessionárias de serviço de distribuição de energia elétrica deverão disponibilizar carregadores. Caso aprovada, a lei levará ainda o prazo de 1 ano para entrar em vigor. Por enquanto, não há informações sobre o que poderá acontecer com quem desrespeitar a lei, caso ela seja aprovada e sancionada pelo presidente Lula.
Base em estudo
Ainda como justificativa, o deputado se baseia em um estudo para defender a aprovação do PL. “Conforme o estudo ‘O futuro da mobilidade no Brasil: uma rota para eletrificação’, da empresa de consultoria empresarial McKinsey & Company, o Brasil deverá ter 11 milhões de automóveis movidos à bateria em 2040. Isso, portanto, representará 55% das vendas de novos veículos”, sustenta Fábio Macedo em sua justificativa.
Desse modo, o deputado federal maranhense acredita que é necessário estimular a demanda por esse tipo de carro, e propor mudanças estruturais e regulatórias. “Segundo o estudo citado, o crescimento da eletrificação no transporte depende de investimentos públicos e privados em quatro setores: apoio para quem compra, política de incentivo industrial, investimentos em pontos de recarga e adequação da infraestrutura”, finaliza.
Como são os carros elétricos e híbridos plug-in?
A princípio, os donos de veículos elétricos e híbridos plug-in não precisam depender de postos de combustíveis para abastecer. Afinal, ambos têm baterias recarregáveis em fontes externas, como tomadas e Wallbox, como é chamado o carregador doméstico.
Tem elétrico, por exemplo, que pode rodar mais de 300 km sem precisar recarregar. É o caso do Volvo XC40, por exemplo. É o que informam os números do Inmetro. Já entre modelos híbridos plug-in, o GWM Haval H6 PHEV, assim como o Haval H6 GT (vídeo), podem rodar até 170 km em modo elétrico com as baterias cheias. E com o tanque cheio de gasolina, supera, então, os 1.000 km de autonomia total.
Desvantagens
Os elétricos dispensam etanol, gasolina e diesel, mas também têm alguns problemas. No geral, a autonomia ainda é baixa. E as baterias demoram para recarregarem. Em tomadas convencionais, por exemplo, tem carro que leva cerca de 10 horas para completar a carga. E mesmo nas estações de carga rápida, alguns não são tão ágeis no abastecimento. No mínimo, gasta-se entre 20 minutos e meia hora para encher entre 10% e 80% das baterias.
Além disso, como a tecnologia ainda é cara, os preços desse tipo de veículo continuam salgados. Para se ter uma ideia, enquanto a versão flex do Renault Kwid 0-km custa R$ 68.190, o modelo com motor elétrico (E-Tech) tem tabela de R$ 149.990. Ou seja, é R$ 81.800 mais caro. A diferença, portanto, fica apenas na forma em que são colocados em movimento, pois, de resto, os modelos flex e elétrico são bastante semelhantes.
Combustão x Elétrico
No motor a combustão há quatro fases: admissão dos gases, compressão, combustão – que gera a potência enviada às rodas – e a exaustão (que libera os gases tóxicos). Problema este que os elétricos eliminam.
Um veículo 100% elétrico tem energia armazenada em baterias e liberada para o motor. Este, por sua vez, funciona com a atuação de campos eletromagnéticos. Outra diferença é que esse tipo de carro não precisa de relação de marchas. Os modelos a baterias funcionam como um carro automático. Mas com um adicional interessante: liberam o torque total de forma imediata. Assim, precisam apenas da primeira marcha e da ré.