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Renovação da frota ocorreu nos últimos anos
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Renovação da frota ocorreu nos últimos anos

Apenas de 2011 a 2015, mais de 16,4 milhões de carros novos chegaram às ruas, reduzindo a média de idade

27 de jan, 2016 · 9 minutos de leitura.

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 Renovação da frota ocorreu nos últimos anos
Eduardo e Artur (à direita) aproveitaram facilidades para trocar carros dos anos 90 por novos

Um Chevrolet Monza 1990 e uma Volkswagen Parati 1994 deixaram as garagens do empresário Eduardo Pereira e do arquiteto Artur Manhães. Assim como muitos brasileiros têm feito nos últimos anos, eles trocaram seus “velhinhos” por modelos zero-km.

Nesta segunda reportagem da série que retrata as condições da frota de usados no Brasil, mostramos as razões que permitiram a pessoas como Pereira e Manhães engrossar a multidão de felizes proprietários de veículos modernos.

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Um estudo encomendado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) aponta que 41% dos automóveis que circulam pelas vias do País têm até cinco anos de idade. São 16.849.395 unidades (veja no gráfico abaixo).


Ainda de acordo com o estudo, 67% da frota nacional tem até dez anos de uso. Isso quer dizer que os automóveis que circulam no Brasil são em média mais novos que os que rodam em países desenvolvidos, como Alemanha e Japão, por exemplo.

Os motivos que levaram Eduardo e Artur a comprar carros novos são os mesmos que fizeram com que 16.445.524 unidades zero-km chegassem às ruas entre 2011 e 2015: oportunidade, redução de impostos e crédito fácil. “Pensei em comprar um usado, mas a facilidade de ter um zero era maior”, diz o empresário Eduardo Pereira.

“Aproveitei a redução de imposto à época e a oferta da marca para pagar a dívida sem juros. Dei uma entrada e parcelei o restante em 36 vezes”, conta. Foi assim que ele vendeu seu Monza de 22 anos e saiu da loja com um Renault Logan novo no fim de 2012.


Com o arquiteto Artur Manhães, a história foi parecida. “Foi um bom negócio. Os preços estavam atrativos e eu não queria mais esquentar a cabeça com problemas de carro usado”, explica. Ele comprou em 2013 um Renault Clio, seu primeiro carro zero-quilômetro. E diz que pretende ficar com o veículo por pelo menos mais dois anos.

A consequência de tanta gente ter comprado carros novos nos últimos anos é que a relação entre população e frota circulante, que sempre teve uma disparidade muito alta no País, baixou drasticamente. Levantamento do Sindipeças indica que o índice de habitante por veículo, que em 2004 era de 8,1 por um, baixou para 4,9 pessoas por carro em 2014 (gráfico abaixo).


Alta de juros. Mas o cenário mudou e a escalada dos juros ajudou a frear as vendas. Segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), em 2013 os bancos das fabricantes praticavam taxa mensal de 1,27% e os de varejo, 1,62%.


A média anual, por sua vez, era de 16,35% e 21,30%, respectivamente. No ano passado, os bancos ligados às fabricantes de veículos cobraram juros anuais de 22,27% e nos de varejo a taxa foi de 25,9%.

Anfavea tem proposta. Com a queda nas vendas de veículos registrada a partir de 2013, diversas entidades ligadas ao setor, entre as quais a Anfavea (associação das fabricantes de veículos), elaboraram um programa de renovação de frota. A proposta prevê incentivos para a troca do “velhinho” por outro modelo novo (ou mais novo).

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, diz que o programa de renovação é um objetivo que a categoria persegue há mais de 20 anos, mas que até agora não foi adiante porque cada entidade apresentava um projeto diferente. “Juntamos as propostas, discutimos e apresentamos um programa único”.


De acordo com o executivo, o programa é baseado em três pilares – o primeiro é a segurança no trânsito: baixando a idade da frota, a tendência é que o número de acidentes caia. O segundo é a redução da emissão de poluentes e o terceiro é a melhora na eficiência energética (carros mais modernos consomem menos combustível).

Para Moan, o maior problema são os caminhões. “Há quase 250 mil deles com mais de 30 anos circulando, o que gera poluição, gastos com combustível e insegurança no trânsito.”

O programa prevê a possibilidade da troca do veículo velho por um mais novo, ainda que não seja zero-km. “A pessoa vai trocando até que chegue ao mais novo. Esse é o conceito.”


Para sensibilizar o governo e obter os recursos necessários para colocar a ideia em prática, a Anfavea pretende mostrar que o programa traz benefícios. “Cada carcaça recolhida é matéria-prima para a siderurgia”, diz Moan. De acordo com ele, um carro de cerca de uma tonelada tem quase 800 kg de ferro. “Isso é insumo básico para a siderurgia. Vira aço novo e barato”, afirma.

O presidente da Anfavea garante que sempre haverá gente querendo comprar carros. “Vamos incentivar essas pessoas.”

Ele diz que há 4 milhões de carros com mais de 20 anos de uso rodando no Brasil. O número conflita com o 1,65 milhão informado pelo Sindipeças.


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