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Stellantis: O que muda com a fusão entre Fiat Chrysler e Peugeot Citroën
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Stellantis: O que muda com a fusão entre Fiat Chrysler e Peugeot Citroën

Com mais de 400 mil funcionários, 14 marcas e 8 milhões de veículos por ano, grupo Stellantis passa a ser o quarto maior do mundo

Diogo de Oliveira, Especial para o Estado

06 de jan, 2021 · 9 minutos de leitura.

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Stellantis
Logo do Grupo Stellantis
Crédito:Stellantis/Divulgação

A fusão entre FCA e PSA está sacramentada pelos acionistas dos dois grupos. E de forma categórica, com mais de 99% dos votos de cada parte. Dessa maneira, as montadoras passam a formar uma mesma empresa, o grupo Stellantis, que se torna o 4º maior da indústria de carros.

A união entre Fiat Chrysler e Peugeot Citroën nasce com 14 marcas, mais de 400 mil funcionários e 8 milhões de veículos por ano. O portfólio reúne Abarth, Alfa Romeo, Citroën, Chrysler, Dodge, DS, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, RAM e Vauxhall.

Entretanto, as primeiras mudanças virão logo.

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suv
José Patricio/Estadão

Fusão começa neste mês

Com o aval dos acionistas, a expectativa é de que a fusão entre FCA e PSA comece a valer a partir do dia 16 de janeiro. Esta, portanto, é a data da consumação do casamento. Desse modo, a Stellantis poderá iniciar a reestruturação que pretende economizar 5 bilhões de Euros por ano.

O novo conglomerado já foi aprovado por autoridades do mundo inteiro nos últimos meses. Essa era, então, a condição para o grupo Stellantis nascer. Um negócio calculado em US$ 52 bilhões.


No Brasil, a fusão foi liberada em novembro de 2020, sem restrições, pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Já a comissão europeia fez uma ressalva para que as montadoras preservem a concorrência entre os pequenos utilitários, segmento que dominam.

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Reprodução/Internet

Jeep e Peugeot protagonistas

É unânime nesse momento que as marcas Jeep e Peugeot são as protagonistas do grupo Stellantis. As duas montadoras são as mais sólidas no momento. Contudo, a Jeep colhe os frutos da globalização promovida pela FCA, enquanto a Peugeot ainda vai tentar entrar nos EUA.


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Geraldo Carlos Francisco/@gessnermotors

Mesma plataforma

De modo geral, a reestruturação do grupo Stellantis vai buscar, em primeiro lugar, economizar custos. Isso significa que as marcas vão compartilhar plataformas, projetos e até fábricas. Assim, um dos pilares será o uso difundido da arquitetura modular CMP, de origem Peugeot.

A plataforma será utilizada dentro do grupo por modelos da Citroën, DS, Fiat, Jeep, Opel, Peugeot e Vauxhall (que é a Opel inglesa). A Alfa Romeo ainda tem o futuro incerto, entretanto deve completar a lista das marcas beneficiadas pelo uso da base modular CMP.


É esperado, então, que o compartilhamento gere economias de escala no mundo inteiro. Para o Mercosul, o que incluí o Brasil, a arquitetura modular terá sinergia indiana. Ou seja, a plataforma será simplificada, porém capaz de cumprir os mais recentes protocolos de segurança.

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Reforma deve encerrar marcas

Embora o grupo Stellantis surja com 14 montadoras, nem todas vão sobreviver. Especialistas do mundo inteiro estimam que um dos primeiros cortes será justamente no portfólio atual.


Dessa forma, marcas como Lancia, Dodge e Chrysler encabeçam a possível lista de dispensa. Essas são as empresas menos rentáveis do grupo. Contudo, não se trata só de dinheiro.

A Dodge, por exemplo, é uma marca que produz muscle cars. E esses modelos contrastam com a futura política do grupo, direcionada aos elétricos e híbridos. Assim, não devem prosseguir. Até mesmo nos EUA, berço do segmento, as regras mais rígidas de emissões já não favorecem os musculosos esportivos com o escudo do cabrito montanhês.

Da mesma forma, a Chrysler se tornou uma marca de minivans pouco expressiva e sem força no mercado de luxo. Por isso, a tendência é que seja fechada, ajudando a equilibrar as contas.


Mas há também terreno fértil na FCA. Com o avanço global das picapes, chegou a vez de apostar na RAM. E já adiante podemos ter uma versão da marca para a recém-lançada Peugeot Landtrek.

Do lado da PSA, a DS é candidata a cair, por ter presença mais restrita. Além disso, a Maserati será a principal marca de luxo da Stellantis. Outra dúvida é como a Opel será posicionada na Europa. Especula-se que os carros da Peugeot terão posicionamento “mais premium”.

208 e-GT
Peugeot/Divulgação

Como fica a fusão no Brasil?

Os primeiros frutos da fusão entre Fiat-Chrysler e Peugeot Citroën no Brasil devem chegar a partir de 2022. Para o grupo francês, a união significa uma luz no horizonte para a operação brasileira, que encolheu de forma expressiva na última década.

Já para a FCA, a fusão com os franceses é a chance de estabelecer um domínio mais amplo do mercado. Após vários anos fora do topo, a Fiat foi líder geral de vendas em alguns meses de 2020. O resultado veio com o sucesso da nova geração da picape compacta Strada.

Peugeot 208 com motor Fiat?

Em relação aos produtos, é certo que haverá o compartilhamento de motores, plataformas e tecnologias. Atualmente, a Fiat desenvolve dois SUVs inéditos. E prepara o lançamento da linha de motores turbo da família Firefly, que deve equipar os modelos de Citroën e Peugeot.


Do lado da PSA, os franceses vão compartilhar a (já citada) plataforma modular de compactos desenvolvida na Índia. A base, inclusive, já está em testes no sucessor do Citroën C3. Além disso, também proverão a arquitetura para os veículos 100% elétricos do grupo.

O significado do nome Stellantis

Anunciado em julho de 2020, o nome Stellantis foi criado a partir da palavra “stello” em latim, que significa “iluminar com estrelas”.

Sede na Holanda

Com sede na Holanda e ações nas bolsas de Paris, Milão e Nova York, o grupo Stellantis terá participação igual para as empresas, com 50% dos papéis para cada montadora. Na indústria, é a quarta maior do mundo, atrás, portanto, de Renault-Nissan-Mitsubishi, Toyota e Volkswagen.




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