A Stellantis, dona de marcas como Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot e RAM, apresentou planos para a eletrificação da sua linha de automóveis em evento na fábrica de Betim (MG). A montadora lançará quatro plataformas de carros no País, todas com algum tipo de eletrificação. Dessa forma, haverá desde modelos híbridos leves e do tipo plug-in até os puramente elétricos, com alimentação por bateria e sem motor a combustão.
Portanto, as marcas da Stellantis com presença no Brasil irão encorpar a estratégia de descarbonização do grupo a partir de 2024. Justamente por isso, a montadora planeja produzir veículos elétricos no País, que é o maior mercado da América Latina. Confira abaixo como serão as quatro arquiteturas eletrificadas que o grupo vai lançar no mercado nacional.
As plataformas de eletrificação Bio-Hybrid da Stellantis
A primeira das plataformas é chamada de Bio-Hybrid. Esta arquitetura traz um gerador de 4 cv que atua como um alternador e auxilia na partida do veículo. Além disso, o sistema traz uma bateria de íons de lítio que aumenta o torque em determinadas situações. Ou seja, o conjunto tem a função “boost”. O motor elétrico gera 3 kW de potência e, assim, garante menor consumo de combustível. Bem como melhora o desempenho em acelerações.
Mais acima virá a base Bio-Hybrid e-DCT. Esta tem dois motores elétricos – com tensões de 12V e de 48V – que fornecem energia para mover o veículo em modo totalmente elétrico. Mas o conjunto também trabalha com um motor a combustão. A diferença está na aplicação do segundo motor elétrico, que atua na caixa de marcha. Na apresentação, a Stellantis sugere que este sistema se destinará aos modelos mais pesados, como SUVs e comerciais leves, por exemplo.
Sistema promete quase zerar emissões na partida
Uma das vantagens do sistema Bio-Hybrid da Stellantis é o funcionamento do motor elétrico na partida. A promessa é eliminar quase totalmente as emissões nos primeiros dois minutos de funcionamento, justamente o pico de poluição. Em seguida, entra em ação o catalisador, com a tarefa de conter 98% dos gases nocivos vindos do escape.
A terceira e última opção de híbridos da Stellantis será o Bio-Hybrid Plug-In, que combina motor a combustão com motores elétricos. Desta forma, é possível a condução 100% elétrica, 100% térmica ou híbrida, por exemplo. Contudo, nesse caso, os motores elétricos (ligados diretamente ao eixo traseiro) reduzem o uso do a combustão e, então, priorizam eficiência energética e a redução das emissões de gases poluentes.
Por fim, a Stellantis terá ainda uma plataforma BEV, exclusiva para carros elétricos. Neste caso, o motor elétrico é alimentado por uma bateria de alta tensão que fica no assoalho. Uma novidade é a possibilidade de customizar a sonoridade do motor, algo até então inédito em elétricos das marcas do grupo. Os destaques ficam por conta do desempenho, com rápida aceleração e torque disponível de imediato, por exemplo.
Por enquanto, a montadora não confirmou quais veículos terão as novas plataformas, Mas Antonio Filosa, CEO da Stellantis América do Sul, deu pistas de onde poderemos ver tais tecnologias. Segundo o executivo, as bases Bio Hybrid e Bio-Hybrid e-DCT serão para as marcas mais acessíveis, como Fiat e Citroën, por exemplo. Já a Bio-Hybrid Plug-in e BEV terão maior valor agregado, para Peugeot e Jeep. Entretanto, todas as marcas terão as tecnologias.
A Stellantis, o etanol e a descarbonização
No evento em Betim (MG), executivos da montadora mostraram-se adeptos à ideia da eletrificação, mas com um porém: uma proposta de transição menos “radical” que a transição imediata para o elétrico, como pretende a General Motors, por exemplo. Dessa forma, o sistema híbrido flex da Stellantis pretende combinar a arquitetura elétrica com o uso do etanol.
Na proposta de descarbonização, o etanol será crucial. Isso porque, como biocombustível, auxilia a reduzir as emissões. Segundo a montadora, combinar o etanol com a eletrificação é uma alternativa competitiva nessa corte de carbono. Por isso, foi apresentado um motor totalmente a etanol (E4). Este poderá ser usado nos híbridos leves.
A descarbonização da Stellantis, com prazo de conclusão previsto para 2038, também contempla as futuras normas de emissões do Proconve L8, que entrarão em vigor em 2025. Bem como o Rota 2030. A intenção é oferecer opções de eletrificação para diferentes fatias do mercado.
Stellantis planeja fabricar elétricos no Brasil
A Stellantis pretende produzir elétricos no País. No entanto, isso não será logo e sequer tem data para acontecer. O grupo espera contar com a fábrica em Goiana (PE) para a produção. Assim, poderá compartilhar fornecedores com a BYD, da fábrica de Camaçari (BA) que era da Ford.
Da mesma forma, a montadora conduz estudos e pesquisas para a criação de uma tecnologia de célula de combustível a partir do etanol. Esse sistema permitirá gerar hidrogênio via reação química, por exemplo, para alimentar um motor elétrico. Mas tal tecnologia é, atualmente, a mais distante da realidade. Por isso, só deve chegar ao mercado por volta de 2040. Até lá, o Brasil já terá a maioria dos carros eletrificados.
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