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Tanquinho de partida a frio: se o seu carro tem um, é hora de completar
Manutenção

Tanquinho de partida a frio: se o seu carro tem um, é hora de completar

Com a chegada do inverno, os carros com motores flex abastecidos com etanol podem ter dificuldades para ligar no motor; confira o que fazer

Vagner Aquino, Especial para o Jornal do Carro

07 de jul, 2021 · 10 minutos de leitura.

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Tanquinho
Tanquinho de partida a frio já caiu em desuso nos carros mais modernos, mas merecem cuidados e gasolina de boa qualidade
Crédito:Vagner Aquino/Jornal do Carro

A chegada do inverno faz os motoristas evitarem a abertura de vidros. E abusarem do ar quente para se aquecer o mais rápido possível quando entram no carro. Entretanto, um dos principais pontos a se observar em um veículo nessa época do ano está lá no motor: o tanque auxiliar de gasolina. Conhecido também como tanquinho de partida a frio, o componente — presente em milhões de carros flex — jamais deve ser esquecido.

Já suprimido nos veículos mais modernos, devido à evolução da tecnologia, o componente requer cuidados. Mas, antes de falar nisso, é necessário entender o que é o sistema. Basicamente, o tanquinho de partida a frio armazena uma pequena quantidade de gasolina a fim de permitir que o motor do carro ligue, sem dificuldades, quando abastecido puramente (ou em maior proporção) com etanol.

Na prática, o sistema eletrônico do veículo verifica se a temperatura está ideal para dar a partida normalmente. Caso julgue necessário enriquecer a mistura para a partida a frio, utiliza, então, um pouco da gasolina presente no tanquinho. Por isso, ele sempre deve conter combustível novo. E de boa procedência. Especialistas recomendam gasolina premium.

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De acordo com Hiromori Mori, consultor de assistência técnica da NGK, é importante usar gasolina de boa procedência no reservatório de partida a frio. “Há gasolinas, como a Podium, da BR, que possuem melhor estabilidade do combustível. Ou seja, são mais resistentes à oxidação. Algo altamente benéfico para o tanque de partida a frio”, defende Mori.

Explicação técnica

Hiromori aponta que, nos dias mais frios, em temperatura ambiente abaixo de 17° C, ocorre a condensação do etanol. Isso dificulta a partida do motor. “A gasolina possui frações mais leves, o que facilita a vaporização e partida do motor. Antes de abastecer, recomenda-se verificar o sistema quanto à limpeza, o estado do combustível e eventuais vazamentos”, recomenda.

Outro cuidado importante: o sistema de partida a frio precisa operar corretamente e sem vazamentos. Nas situações em que ocorre falha ao dar a partida, insistir na ação de ligar o motor pode encharcar as velas.


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NGK/Divulgação

De olho nisso, a recomendação é desligar o veículo. E aguardar até que o combustível evapore. Para os sistemas mais modernos, onde não há o reservatório de gasolina, a manutenção do sistema de ignição também se faz fundamental, para facilitar a partida do motor nos dias frios.

Pisar na embreagem para aliviar o motor funciona?

Questionado se pisar na embreagem (no caso dos carros manuais) na hora da partida alivia o “peso” do motor, Hiromori explica que a ação desacopla o eixo primário da transmissão. “A resistência (inércia) deste conjunto é muito baixa frente ao restante. Não há grandes benefícios. Por outro lado, também não gera danos ao sistema. Tanto que não há recomendação expressa das montadoras para tal prática”, enfatiza.


Vagner Aquino/Jornal do Carro

Comprometimento de outros sistemas

Além de utilizar uma boa gasolina, que não deixe sujeira no reservatório, o que evita o entupimento das mangueiras e o ressecamento das borrachas que compõem o sistema, uma dica é não forçar o acionamento do veículo que esteja com pouca gasolina no sistema de partida a frio. Nestes casos, é possível que alguns componentes elétricos — como o alternador e o motor de arranque — sejam danificados.

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Shutterstock

“Em dias mais frios, quando o motor está abastecido com etanol, exige-se que as velas e cabos de ignição estejam em ótimo estado. Pois esses componentes trabalham sob condições severas de pressão e alta temperatura. Para que não ocorra nenhum transtorno na partida do veículo, recomenda-se a inspeção das peças regularmente, porque o desgaste nem sempre é perceptível”, afirma Hiromori.

Baterias vs frio

Como o motor tem uma certa dificuldade em ligar nos dias frios, é normal que o número de voltas que ele tenha que girar até pegar seja maior. Dessa forma, as baterias — que fornecem energia ao motor de partida e ao sistema de ignição do automóvel — são mais requisitadas. Por isso, se faz altamente recomendável verificar o sistema de carga, partida e o estado do componente.

As baixas temperaturas resultam na contração dos metais do motor (como os pistões, por exemplo). Sem contar o óleo que, então, fica mais grosso. E exige maior esforço para dar a partida. Nesse sentido, o frio diminui a velocidade das reações químicas na bateria.


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Sergio Castro/Estadão

Uma dica é não deixar o carro parado por longos períodos. Deve-se, todavia, dar partida no motor, pelo menos, a cada 48 horas. Isso evita fuga de corrente. E não é só problema de funcionamento. Verifique se o componente está solto, sem fixação, danificado, ou com vazamentos e estufamento. Apesar do transtorno, nem sempre um problema na bateria significa necessidade de troca.

Entretanto, antes de tomar essa atitude, é bom ficar de olho no prejuízo para bolso. E para o meio ambiente. Hoje em dia, tem empresas — como a DPaschoal, por exemplo — que prestam consultoria gratuita aos clientes. E realizam testes que apontam o tempo de vida útil restante ao produto.




Tanquinho dá espaço ao bico injetor

Nos veículos mais modernos, o tanquinho de partida a frio está aposentado, dando lugar a bicos injetores. Essa tecnologia, no entanto, esquenta o etanol por meio de velas aquecedoras dentro da galeria de combustível antes que ele seja injetado. A Delphi Technologies atua nesse mercado desde 2012. E, portanto, disponibiliza o componente em modelos como Chevrolet Onix, Honda City, Toyota Corolla, entre outros.

GM Chevrolet Onix preços
Chevrolet/Divulgação

Mas eles também podem dar problema. O sintoma mais comum de um injetor com funcionamento ruim é a perda de performance do carro. Isso significa que o componente não está dosando a quantidade correta de combustível requerida pelo motor. De acordo com a fabricante, a peça tem funcionamento superior a 10 anos ou 150 mil quilômetros.


“Para prolongar a vida útil da peça, alguns cuidados básicos fazem a diferença. Entre eles, manter a manutenção do veículo em dia, seguindo o manual do fabricante. E abastecer em postos de confiança para garantir um combustível de qualidade. Isso assegura mais durabilidade não somente para o injetor, mas para diversas outras peças e para o carro em geral”, explica André Santos, engenheiro de desenvolvimento da BorgWarner.

Respeitar prazo de troca de óleo é essencial

Outra recomendação unânime entre os especialistas é realizar as trocas de óleo do motor nos prazos recomendados pela fabricante do carro. Afinal, sempre que o motor está frio, há um aumento da contaminação do óleo lubrificante. “Temos que avaliar se a condição de uso do veículo é ou não severa para, então, seguirmos o plano de manutenção”, finaliza Hiromori.


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