O ano de 2022 começou com muita dor de cabeça para a Tesla. Após anunciar, em janeiro, um recall de 475 mil carros por risco de defeito na câmera traseira e no capô, a marca norte-americana anunciou um novo chamamento de quase de 54 mil modelos nos Estados Unidos. O motivo é uma falha no sistema AutoPilot, ou Full Self-Driving (FSD), que faz com que os veículos não parem completamente em alguns cruzamentos.
A solicitação veio da Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (NHTSA) dos Estados Unidos, que confirmou a desativação do recurso ”rolling stop” da montadora do Elon Musk. ”A lei federal proíbe os fabricantes de venderem veículos com defeitos que representem riscos irracionais à segurança, incluindo escolhas intencionais de design que não são seguras”, comentou em nota.
Os modelos que podem apresentar esse problema são: sedã Model S e o SUV X, com fabricação entre 2016 e 2022; o Model 3, fabricado entre 2017 e 2022; e, por fim, o Model Y, a partir do ano/modelo 2020. A estimativa é que 53.822 carros farão o recall.
Posicionamento da Tesla
Em resposta, a Tesla afirmou que o recurso só é ativado se os veículos estiverem abaixo de 9 km/h e se nenhum carro, pedestre ou ciclista em movimento forem detectados pelas câmeras. No Twitter, Musk disse que não houve problemas de segurança até o momento e justificou que ”o carro simplesmente desacelerou para cerca de 3,2 km/h e continuou em frente com a visão clara, sem carros ou pedestres”.
Além disso, em janeiro, o CEO disse que não estava ciente de nenhuma reclamação de garantia, acidentes, ferimentos ou mortes relacionados a essa questão. No entanto, ao que parece, nem todos os recursos foram completamente testados e, apesar do nome, o software não torna os veículos autônomos, e sim semiautônomos.
Diante do relatório de defeitos apresentado pela agência de segurança automotiva, a Tesla se reuniu com a equipe da NHTSA nos dias 10 e 19 de janeiro com o intuito de discutir a situação. Logo depois, em 20 de janeiro, a montadora concordou com o recall.
Mas, independentemente controvérsia, a Tesla confirmou que vai dar continuidade nos testes da versão beta do FSD, já disponível para mais de 60 mil carros. Segundo a marca, o recurso possibilita uma direção automática no meio urbano.
Mais polêmicas
Cabe recordar que, em dezembro de 2021, a Tesla foi citada pela NHTSA por causa de outros defeitos em seus veículos. A agência notificou a marca por causa de uma questão ligada à atualização de um software. Ou seja, o sistema de entretenimento passou a permitir que o motorista jogue videogame na tela central com o veículo em movimento. De acordo com a Tesla, será feito um ajuste na atualização revertendo essa possibilidade.
De acordo com o NHTSA, é grande o risco de acidente. Segundo a agência, a combinação de sistemas de direção autônoma e motoristas distraídos causou ao menos 12 mortes nos EUA desde 2016. Em todos os casos, os veículos eram modelos da Tesla rodando no modo automático. Ou seja, sem interferência de alguém ao volante.
Inclusive, o sistema de condução autônoma da Tesla vem recebendo críticas de forma frequente. Isso ocorre também no Brasil. Recentemente, um homem estava dormindo ao volante de um Tesla Model 3. O caso foi registrado na Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo ao litoral sul paulista.
Segundo Rafael Zamarian Leonhardt, o dono do carro, o AutoPilot estava ativado. Contudo, ele garante que estava acordado. Porém, no Brasil o uso do dispositivo é proibido. Isso porque a legislação do País determina que o motorista mantenha as mãos no volante quando o veículo estiver em movimento.