Após 55 anos, o Mustang tem a missão de salvar a Ford de novo. Em 1964, o modelo popularizou a onda dos muscle cars ao vender mais que a soma de seus concorrentes juntos. Agora, a marca usa o estilo básico e a mítica do modelo para lançar o Mach-E, o tão falado SUV elétrico do Mustang, que, por sinal, é muito bom. E tem tudo para devolver a Ford ao “jogo”.
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O Mach-E chega ao mercado no fim do ano que vem em quatro versões. Select (US$ 43.895, ou R$ 183 mil, na conversão direta), Califórnia Route 1 (US$ 52.400, cerca de R$ 220 mil), Premium (US$ 50.600, R$ 211 mil) e First Edition (US$ 59.900, ou R$ 250 mil). A configuração GT estreia entre junho e agosto de 2021 por US$ 60.500 (R$ 253 mil).
O modelo será produzido no México, o que facilitará sua vinda ao Brasil. Contudo, a Ford não revelou se e quando o Mach-E chegará ao País. Assim como é de praxe no mercado, a bateria tem garantia de oito anos ou 100 mil quilômetros.
Na versão Select, o motor elétrico gera o equivalente a 259 cv, com opção de tração traseira e integral, e com torque variável de 42,1 a 59,1 mkgf. Na California Route 1, a tração é só traseira. A potência é de 285 cv, e o torque, 42,1 mkgf. A Premium tem 338 cv e o mesmo torque para as trações traseira e integral.
Já a GT tem 465 cv e 84,6 mkgf. Com essa força, a Ford promete a marca de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos. Números de um bom V8. A autonomia varia de 338 km a 480 km, dependendo da versão.
Há um carregador à prova d’água que será vendido para uso em residências. A Ford fez uma parceria com uma empresa de energia na Europa que deve entregar 400 carregadores rápidos até o fim de 2020. Com a utilização desse sistema, bastam dez minutos de recarga pra que o carro possa rodar 75 km, de acordo com a montadora.
Mustang tem tela central de 15,5″
O Mach-E tem três opções de modos de condução: whisper, engage e unbridled, este último o esportivo. A central multimídia mostra tráfego em tempo real, rota em nuvem para segurança e busca inteligente em 25 idiomas. Tudo apresentado em uma tela de 15,5 polegadas. Logo no lançamento o sistema será compatível com Waze, Pandora, Domino’s, Accu Wheater e Alexa.
Um dos destaques é um app feito pela Ford Pass. O sistema informa a autonomia da bateria e indica um local de recarregamento mais próximo, sempre de acordo com a rota e a carga restante.
Foram feitos estudos de som nos EUA, Europa e China para escolher o “barulho do motor” do Mach-E. Isso porque carros elétricos não emitem som, o que pode ser perigoso para pedestres. O “ronco” escolhido parece o dos carros voadores da animação Os Jetsons.
Para abrir as portas, basta pressionar um botão. Por dentro, além da enorme tela, há dez alto-falantes com potência total de 500 Watts, teto solar panorâmico (de série nas versões mais caras), carregador de celular por indução e saídas de ar atrás, além de entradas USB com modo de carregamento.
Um segundo porta-malas na frente, no lugar onde ficar o motor dos carros a combustão, pode virar um cooler. Dá para colocar gelo e manter refrigerados bebidas e alimentos. A tampa sela o compartimento, que tem 91 litros de capacidade.
A bordo do Mustang Mach-E
Pegamos carona em um protótipo do Mach-E. O SUV da Ford é espaçoso, tem ótimo acabamento e estabilidade pouco comum em carros do tipo. A rolagem de carroceria, por exemplo, lembra a de um hatch médio – talvez seja até melhor.
Além disso, o desempenho é instigante. E a versão em que andamos nem era a GT. Segundo o engenheiro chefe do Mach-E, David Persec, “o SUV nasceu na pista, assim como o novo Mustang. E a versao GT se comporta como um esportivo puro.”
Toda a tecnologia do motor elétrico foi desenvolvida pela Ford. Não ha ligação mecânica entre os eixos. Como há um motor para cada eixo, a tração pode ser dianteira, traseira ou 4×4. Os modos de tração são determinados pelo sistema sob demanda, automaticamente.
Dá para dirigir o Mach-E com um pedal só. Para isso é preciso ajustar a função com regeneração de bateria mais agressiva. Assim, é só tirar o pé do acelerador que o carro para quase que instantaneamente.
Um purista feliz
Em um cantinho da sala onde o Mach-e foi apresentado estava Steve Prewitt, presidente do Mustang Club da América. Ele prestava muita atenção, batia palmas. Chamou a atenção por ser um tipo de reação que não costuma ser esperada de um purista vendo seu carro favorito virar um SUV.
Ao ser questionado sobre se considerava o Mach-E como um Mustang legítimo, ele foi enfático. “Igual o Mustang original nenhum carro nunca será”, disse. “Mas é bom quando seu filho te dá um neto.”