Com diversas versões disponíveis, o Jeep Compass tem motores flex e diesel, tração dianteira ou 4×4, e é um dos SUVs mais versáteis do mercado brasileiro na atualidade. Não por acaso, o utilitário feito em Goiana, Pernambuco, é o SUV médio mais vendido do País desde 2016, quando estreou. Para completar a gama, desde abril a Stellantis (grupo que controla a marca norte-americana) começou a vender aqui a versão eletrificada 4xe, por R$ 349.990.
Só que, apesar de muito completo, a Compass 4xe vem importado da Europa e chegou bem caro. A ponto de competir com modelos de marcas de luxo, como Audi Q3, BMW X1, Mercedes-Benz GLB e até o Volvo XC40, que é elétrico. O Jornal do Carro enfim avaliou o Compass que recarrega em tomadas, e avalia se o SUV híbrido vale a compra.
Compass 4xe vale o dobro do flex?
De cara, a verdade: o Jeep Compass híbrido é bastante caro. Ele chega como a versão de topo da linha e, por enquanto, mantém o preço de R$ 350 mil anunciado na pré-venda. Por isso, incorpora novidades de conforto e conectividade, como câmera de visão 360° e sistema de som premium da Alpine com potência de 506 Watts. Além disso, tem internet a bordo, parceria de 12 meses com a ConectCar (para pedágios, estacionamentos e postos de abastecimento) e comandos de voz da Amazon Alexa, que é nova moda do mercado nacional. Por fim, tem teto solar panorâmico – que é opcional no resto da linha.
Da mesma forma, mantém o painel de instrumentos digital de 10 polegadas, mesma medida da tela multimídia, que tem espelhamento sem fio com Android Auto e Apple Carplay. O SUV também conta com os recursos de condução semiautônoma. Há frenagem automática de emergência com detecção de pedestres, ciclistas e obstáculos, alerta de mudança de faixa ativo, monitor de ponto cego, assistente de baliza (realiza a manobra de estacionamento), faróis Full LEDs automáticos, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e sete airbags.
Mesmo assim, na calculadora, dá pra comprar dois Compass Sport flex de entrada (R$ 171.990). Ou pegar logo as versões mais caras Limite ou Trailhawk, ambas por R$ 243.590 e com motor 2.0 turbo diesel. E ainda ficar com mais de R$ 150 mil de troco. Na prática, o Compass 4xe tem preço de SUV médio de luxo e até potência semelhante. Assim, é possível levar um Audi, BMW ou Mercedes-Benz. Mas vale lembrar os modelos de marcas premium têm custos maiores de pós-venda.
Carro eletrificado tem demandas
Se você compra um carro híbrido plug-in ou elétrico, é de praxe ganhar de “presente” a estação de recarga de parede (Wallbox), para uso doméstico. Com potência de 7,4 kW, em média, esses carregadores garantem um tempo menor de recarga. Marcas como a BMW, por exemplo, chegam a ofertar dois Wallboxes aos clientes, um para casa, outro para o escritório. Entretanto, o Compass 4xe traz apenas um carregador portátil para tomadas comuns.
Com esse equipamento, o SUV leva de 5 a 20 horas para recarregar em tomadas 110V ou 220V. É isso mesmo, quase um dia inteiro! No Wallbox, o tempo é muito menor e a carga completa leva uma hora e 40 minutos. Porém, o dono precisa comprar o acessório de fornecedoras como Weg e EnelX. Ainda assim, é bastante tempo para quem está acostumado com a praticidade de parar na bomba do posto de combustível e encher o tanque em cinco minutos.
Por fim, outro ponto de atenção é a garantia da bateria do sistema elétrico, que é de cinco anos no Compass híbrido, quando o padrão do mercado é de oito anos de cobertura.
Força bruta e consumo são pontos fortes
Segundo a Jeep, dá para rodar pouco mais de 40 km no modo elétrico – ou seja, sem gastar um mililitro de gasolina, nem emitir gases poluentes. Entretanto, na prática, o que muito comprador vai gostar de saber é que este é o mais forte da gama Compass. E bota força nisso. O motor a combustão é o conhecido 1.3 turbo, mas em versão só a gasolina. Ele gera 180 cv de potência e 27,5 mkgf de torque máximo nas rodas dianteiras.
Há também o sistema hibrido plug-in, que adiciona um motor-gerador, um motor elétrico extra montado no eixo traseiro e um pacote de baterias de 400V e 11,4 kW. Ao combinar as forças, o conjunto fica com números expressivos. São 240 cv e quase 48 mkgf de torque nas quatro rodas. Sim, o Compass 4xe tem tração integral sob demanda – daí a brincadeira com o nome 4xe, de “Four by electric”, em inglês, que indica a tração 4×4 eletrificada.
Com estes números, o Compass híbrido é rápido e acelera de zero a 100 km/h em só 6,8 segundos, contra mais de 9 segundos do Compass 1.3 turbo flex. E o reboque pode ser de 600 kg, enquanto as versões flex e diesel puxam 400 kg no máximo.
Boa autonomia é vantagem
Nas contas da Jeep, o Compass 4xe oferece economia de gasolina de até 120 litros por mês – a depender, claro, do tipo de uso e condução. A marca diz que boa parte dos consumidores de centros urbanos no Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília, rodam cerca de 30 quilômetros por dia – não mais que isso. Dessa forma, com a bateria carregada, dá pra ir e voltar das atividades diárias usando apenas os 40 km de autonomia elétrica.
Nesse cenário, a promessa é de consumo médio de 25,4 km/l na cidade, quando o SUV utiliza bastante o sistema regeneração de baterias no trânsito. Na estrada, a marca anuncia média de 24 km/l. Ou seja, números surpreendentes para um SUV de quase 2 toneladas. Mas a Jeep não fala sobre autonomia total, que considera o tanque de gasolina. Isso é um terreno espinhoso. Para saber ao certo o alcance de um carro desse tipo, é preciso usar.
Aqui temos duas questões. Primeiro, o Compass híbrido pesa cerca de 300 kg a mais que a versão flex, com quase 2 toneladas. Além disso, o seu tanque de gasolina é bem menor. São apenas 35 litros ante 60 litros no reservatório do Compass flexível. Ou seja, é bom ficar sempre atento ao indicador de autonomia do painel de instrumentos.
Custo de uso indeterminado
Uma coisa interessante nos carros eletrificados é a manutenção mais simples na comparação com modelos tradicionais a combustão. Isso porque as baterias, motores elétricos e sistemas de freios regenerativos têm menos partes móveis e mais tecnologia embarcada de monitoramento das peças. No caso do Compass 4xe, a revisão é feita a cada 15 mil km. O custo total ao fim do ciclo de 75 mil km, segundo a Jeep, é de cerca de R$ 5.200.
Por outro lado, é bom ficar esperto com o fato de o Compass híbrido ser importado da Itália. Há um compartilhamento de peças, mas alguns componentes podem não ter troca tão fácil ou rápida. Além disso, só 40 concessionárias e oficinas da Jeep estão habilitadas a realizar serviços na versão plug-in. Isso certamente pode exigir tempo maior de espera – ou deslocamentos para fazer a manutenção. São cálculos para se colocar na balança.