Tradicional na linha da Ford no Brasil, a Ranger é o veículo mais vendido da marca do oval azul no primeiro semestre de 2022. Com produção na Argentina, a picape média se destaca com sua ampla gama de versões, que vai da opção com cabine simples voltada ao trabalho até modelos com cabine dupla e repletos de equipamentos e acessórios – como é o caso dessa versão FX4 que avaliamos neste vídeo abaixo exclusivo do Jornal do Carro.
Por causa dessa variedade, a Ranger tem preço inicial menor que o da Maverick, principal lançamento da Ford em 2022 no País. A inédita picape “meio-média” estreou em fevereiro importada do México, mas veio (até agora) somente na versão topo de linha Lariat FX4, com motor 2.0 turbo de injeção direta a gasolina e tração integral (AWD). Assim, chegou mais cara que a Ranger e muito acima da Fiat Toro, que é a sua rival direta no tamanho.
Entretanto, embora sejam modelos da mesma marca, Maverick e Ranger são produtos totalmente distintos, como mostramos neste comparativo entre as picapes. As diferenças vão desde o tamanho até as capacidades de carga e no fora-de-estrada, bem como nas cabines e ao volante. A Ranger tem a robustez do motor 3.2 turbo a diesel com tração 4×4 com reduzida e bloqueio do diferencial, enquanto a Maverick acena para um público mais urbano.
Dimensões
Como podemos ver nas imagens, a Ford Ranger e a Maverick são bem diferentes no visual e no tamanho. A Maverick tem porte de Fiat Toro, e, portanto, apresenta dimensões bem menores que a Ranger. No comprimento, por exemplo, a picape média é 35 centímetros maior, assim como na largura, que tem 14 centímetros a mais. Já na altura, a Ranger é 9 cm maior que a Maverick. E o entre-eixos da picape média é 22 cm maior.
Capacidades
Com essas diferenças, as capacidades das duas picapes mudam de forma razoável. A Ranger é bem mais robusta, com ângulos maiores de entrada e de saída, bem como maior altura em relação ao solo. Inclusive, a diferença no vão livre é notável: são 13,5 cm na Maverick, que parece até “rebaixada” de fábrica, enquanto a Ranger tem 23,2 cm.
O único ponto em comum é o fato de as duas terem cabine dupla. A Maverick é a primeira picape da Ford feita em monobloco. Já a Ranger tem o clássico chassi montado sobre longarina, que lhe dá maior robustez no uso fora-de-estrada. As caçambas reforçam a distância entre as picapes. Os volumes são próximos, com 943 litros na Maverick e 1.180 litros na Ranger. Já a capacidade de carga é de 617 kg na Maverick e de uma tonelada Ranger.
Visual
A Ranger FX4 tem acabamento em preto brilhante na grade frontal e nas rodas de liga leve de 18 polegadas, que calçam pneus todo-terreno. Tem também molduras nas caixas de rodas e santantônio com desenho exclusivo. Destaque ainda para os adesivos com a sigla FX4 e para o snorkel, que é um acessório e realça a imagem off-road da picape média. Por fim, a versão tem uma caixa organizadora de 42 litros na caçamba.
Já a Maverick é inovadora e traz o visual mais moderno das picapes da Ford atualmente. Ela lembra a nova geração da grandalhona F-150, modelo mais vendido da marca nos Estados Unidos, e vai influenciar a nova geração da Ranger, que chega ao Brasil em 2023.
Por fora, destaque para a dianteira cheia de personalidade, com faróis simétricos em formato de “C” que ficam integrados à grade. Quando vista de perfil, ela lembra a Ranger Splash dos anos 1990, com recorte quadrado e suspensão baixa. Na traseira, as lanternas de LEDs contornam o conjunto ótico e dão uma aparência moderna à picape mexicana.
Da mesma forma, os modelos são bastante distintos na cabine. Para quem esperava um padrão de acabamento compatível com o preço, pode se decepcionar um pouco com a Maverick. Entretanto, ela é bem mais interessante e descolada que a Ranger, que sente o peso da idade com o quadro de instrumentos do antigo Fusion.
Motores e consumo
Tal como no visual e nas capacidades, Maverick e Ranger são completamente distintas na parte mecânica. Por isso, também diferem muito ao volante. A Ranger é uma picape média tradicional a diesel. O motor 3.2 turbo de cinco cilindros entrega 200 cv a 3.000 rpm e um torque robusto de 47,9 mkgf a 1.750 rotações por minuto. O câmbio é automático convencional de seis marchas, e a tração é 4×4 com reduzida e bloqueio do diferencial.
Já a Maverick é uma picape bem mais urbana e veloz, com requintes como, por exemplo, suspensão traseira por braços múltiplos – a Ranger tem eixo rígido. Outro destaque é a presença de discos nas quatro rodas – a Ranger usa tambores na traseira. Por fim, a Maverick tem tração integral AWD com ajustes eletrônicos. O motor 2.0 turbo gera 253 cv a 5.500 rpm e um torque de 38,7 mkgf a 3.000 rpm. O câmbio automático tem 8 marchas.
No consumo, o resultado é um tanto surpreendente. Embora a gasolina, a Maverick é mais econômica segundo o Inmetro. A picape menor faz médias de 8,8 km/l na cidade, e de 11,1 km/l na estrada. Enquanto isso, a Ranger tem consumos médios de 8,6 km/l e 9,6 km/l, na mesma ordem. O mesmo ocorre no desempenho. Enquanto a Ranger acelera de zero a 100 km/h na casa dos 11 segundos, a Maverick faz a mesma tomada em 8 segundos.
Preços e versões
Com tabela a partir de R$ 218 mil, a Ford Ranger tem preço inicial abaixo da Maverick, que, por enquanto, vem do México apenas na versão topo de linha Lariat FX4 com preço de R$ 233 mil. Entretanto, na versão FX4, que tem foco no público mais aventureiro, a Ranger custa R$ 298 mil e fica bem distante da Maverick, e mais próxima das rivais diretas, como Toyota Hilux, Chevrolet S10 e Mitsubishi L200 Triton.
Conclusão
A Ranger vai ganhar nova geração em 2023 com visual parecido com o da Maverick. Já a picape mexicana estreou neste ano com preços muito acima da Fiat Toro, que é a segunda picape mais vendida do Brasil. Por isso, a Maverick ainda não decolou nas vendas. A picape “meio-média” somou 10 vezes menos emplacamentos que a Ranger em 2022. Mas isso pode mudar caso a Ford traga para cá as versões híbridas, que são mais acessíveis.
Contudo, isso vai depender da produção no México, que tenta entregar as mais de 100 mil unidades encomendadas da Maverick nos EUA. Quando isso acontecer, a Maverick terá melhores chances no Brasil. Vale lembrar que a picape menor parte de US$ 20 mil no mercado norte-americano, ou seja, pouco mais de R$ 100 mil na conversão direta.