Nove anos depois de sair de produção no Brasil – por causa da obrigatoriedade de air bags e freios ABS para os carros 0-km -, a Kombi está de volta. Porém, desta vez, a nova geração da clássica van da Volkswagen renasce totalmente elétrica e repleta de tecnologias. Da velha van que foi feita no Brasil até dezembro de 2013, fica só o saudosismo e alguma inspiração no visual. Até o nome mudou: o novo furgão se chama ID.Buzz.
A sigla ID identifica os carros elétricos da marca alemã. Já o nome Buzz, este sim, remete ao modelo original lançado em 1950. Na Europa, a Kombi (conhecida dos brasileiros) era chamada de VW Bus e Transporter ou T1. O nome popular por aqui vem de “Kombinationsfahrzeug”, que, em alemão, significa “veículo combinado” ou “veículo multiuso”.
Nesse ponto, portanto, a VW ID.Buzz terá exatamente a mesma proposta da antecessora, entretanto, com os olhos no presente e no futuro, sem emissão de poluentes e com farto conteúdo tecnológico a bordo. Em outras palavras, a Kombi elétrica vem para quebrar padrões e revolucionar, tal como o modelo que estreou sete décadas atrás.
Versões e motorizações
Alimentada por um pacote de baterias de íon de lítio de 82 kWh, que fica instalado sob o assoalho, a van elétrica da Volkswagen já está em produção na fábrica de Hannover (Alemanha). Ela chega ao mercado europeu entre julho e setembro com duas configurações disponíveis. A princípio, o modelo feito sobre a plataforma MEB disponibilizará tanto versões para transporte de passageiros quanto para uso comercial – no caso, o ID.Buzz Cargo.
Para se mover, a van/furgão contará com motor 100% elétrico de 201 cv instalado no eixo traseiro. O torque de 31,6 mkgf é, como em todo carro elétrico, entregue de forma quase instantânea. A velocidade máxima será limitada eletronicamente em 145 km/h. Já a autonomia não foi informada neste primeiro momento pela fabricante alemã.
Entretanto, de acordo com a Volkswagen, para recarregar entre 5% e 80% das baterias bastam 30 minutos plugada em estações de carregamento rápido. E tem mais: na Europa, o carregamento bidirecional (que será opcional no utilitário) permite que a ID.Buzz alimente residências com a eletricidade gerada pela bateria. Ou seja, funciona como gerador.
Estética
Com grandes chances de chegar ao Brasil até mesmo ainda neste ano, a nova Kombi elétrica tem base no conceito ID.Buzz – revelado em 2017. No visual, destaque para o clássico formato de pão de forma, mas com desenho similar aos outros elétricos da linha ID . Na frente, os faróis trazem assinatura de LEDs – um filete liga um farol ao outro, como no Taos.
As lanternas traseiras seguem o mesmo estilo e são conectadas por uma faixa de luz de LEDs. O para-choques frontal tem grade em colmeia e há portas corrediças nos dois lados da carroceria. As rodas têm 18″. No modelo Cargo, vão de 18″ a 21″. Nas dimensões, são 4,71 metros de comprimento, 1,99 m de largura, 1,94 m de altura e 2,99 m de entre-eixos.
Por dentro da Kombi
O conceito sustentável também está presente na confecção da nova Kombi. Os bancos, por exemplo, dispensam couro e são feitos em materiais sustentáveis, bem como os tapetes, painéis de portas e painel frontal, que utilizam bases recicláveis.
Conforme antecipado pelo Jornal do Carro, a cabine da ID.Buzz tem forte semelhança com a dos elétricos ID.3 e ID.4 – que estreiam no mercado brasileiro nos próximos meses. O painel é, portanto, praticamente igual ao dos irmãos. Assim como o hatch e o SUV, a nova Kombi tem quadro de instrumentos digital com tela de 10″ e, no centro do painel, outra tela com 10″. Opcionalmente, o equipamento pode ter 12″.
Mas, ao contrário dos irmãos, a ID.Buzz tem alavancas de seta e limpador de para-brisa na cor preta (as hastes são brancas nos demais). Já os pedais do freio e do acelerador seguem o formato dos outros modelos da Linha ID, com os símbolos de “pausa” e “play”.
Porta-copos retráteis abaixo das saídas de ar são uma exclusividade da nova Kombi, assim como a pintura em dois tons “saia e blusa” – que reforça a conexão com o modelo do passado. Tanto na carroceria quanto no estofamento, há opções de mescla de cores. A parte de cima, sempre branca. Na de baixo, amarela, azul, laranja ou verde. É um conceito moderno.
Assentos
Por falar em assentos, um ponto curioso vai para a capacidade de ocupantes. Embora seja uma van, que remete à ideia de espaço e capacidade de carga para famílias grandes, a Volkswagen optou pela configuração cinco lugares, com apenas duas fileiras de assentos. A segunda fileira tem rebatimento total e, nesse sentido, forma um piso plano.
Os assentos de trás, inclusive, deslizam e reclinam. E tem air bags nos encostos dos bancos traseiros e até no meio dos dois bancos da frente. A ideia é que uma versão de seis lugares seja adicionada. São, portanto, duas fileiras de três assentos cada. Outra variante, com entre-eixos estendido e sete lugares (2+3+2) também está prometida, mas só chegará em 2024.
Como era a Kombi original?
Lançada em 2 de setembro de 1957 no Brasil, a carismática Kombi foi o veículo que ficou por mais tempo em produção no mundo: 56 anos. O último exemplar saiu da fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), no dia 19 de dezembro de 2013. Nesse período, mais de 1,56 milhão de unidades foram produzidas no País.
No início dos anos 1950, a incipiente indústria automobilística brasileira só montava veículos – o chamado CKD, com carros prontos trazidos em kits. Nesta época, após a construção da rodovia Anchieta, a região de São Bernardo do Campo começou a atrair fábricas. Foi, então, que o grupo Brasmotor, uma dos pioneiros, começou a montar a Kombi.
A van comercial veio importada da Alemanha, em 1950. Mas, já em 1953, ganhou produção em regime de CKD. Passados mais três anos – em 2 de setembro de 1957 -, a Volkswagen se instalou de vez no Brasil. Assim, nasceu a fábrica do ABC paulista.
A partir daí, a van apelidada pelos funcionários da fábrica da VW como “Velha Senhora”, passou a oferecer outras configurações. Ganhou versão picape com opção de cabine simples ou dupla, além da tradicional configuração Standard – disponível para o transporte de cargas e de passageiros.
Corujinha e novo visual
Em relação à estética, a primeira geração foi apelidada de “Corujinha”. Isso, devido aos vincos que formam um grande “V” na dianteira. O logotipo “VW”, em tamanho avantajado, era colado no centro do conjunto. Cabe lembrar que o desenho vem do início da década de 1940, a partir de um esboço feito pelo holandês Ben Pon – importador da Volkswagen – que imaginou a versão perua do Fusca.
No Brasil, a primeira atualização veio em 1976. Entretanto, na Europa, a Kombi já ganhava a terceira geração. Chamada de Type 2 ou Transporter, a van trocou de geração e mudou por completo em 1979.
Catalisador, arrefecimento a água e motor flex
Nos anos 1990, a Kombi ganhou opção de portas de correr nas laterais. A versão Carat também fez parte da lista de novidades e tinha a cabine mais caprichada. Em 1992, devido às novas leis de emissões do Proconve, a van passou a usar catalisador.
Já no finalzinho de 2005, a Kombi nacional mudou bastante por dentro. Adotou, por fim, componentes dos hatches Gol e Fox e, na mecânica, aposentou o veterano motor a ar. Nesse sentido, começou a oferecer o 1.4 arrefecido a água. Logo depois, em 2006, virou flex.
Já com 1,5 milhões de unidades produzidas, em 2011 foi cravado que a Kombi deixaria o mercado brasileiro. Afinal, o projeto, idealizado nos anos 1940, não previa inclusão de air bags e ABS. Para relembrar, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabeleceu que, a partir de 1º de janeiro de 2014, todos os veículos novos deveriam ter air bags frontais e sistema antitravamento dos freios (ABS) de série.
Nostalgia em família
Para quem quiser matar a saudade da Kombi, um encontro em São Paulo reunirá exemplares da Velha Senhora e de outros modelos da Volkswagen, como Fusca, Brasília e outros ícones da marca. O palco do “Amigos do Volks” será o espaço Garagem 55 Mooca, Zona Leste da capital.
O encontro acontecerá neste domingo (13). A entrada custa R$ 15 – metade, consumação. Entretanto, quem quiser expor seus carros não paga o estacionamento – que custa R$ 20. Os participantes devem levar 1 kg de alimento não perecível que será doado para a Associação Vida Caminho e Luz, localizada na Zona Norte de São Paulo.
O Garagem 55 reúne em um só lugar lazer e entretenimento para todas as idades. O ambiente coberto de 12.000 m² abriga exposição de carros exóticos e clássicos, motos das mais variadas épocas e estilos, além de bar e restaurante com o famoso Churrasco Fogo de Chão e Parrilla.
No mais, tem 8 pistas de boliche, autopista de carrinho bate-bate, pista de truckmodelismo, bem como espaço kids. A organiozação afirma ter mais de 40 atrações voltadas à crianças, jovens e adultos. Tem, ainda, fliperamas clássicos, piscina de bolinhas, snooker, pebolim, ping-pong e muito mais. Confira mais informações no site oficial.