Faz uma semana, noticiamos no Jornal do Carro a disparada de preços de alguns dos carros mais vendidos no Brasil. Pois os reajustes continuam, e a Volkswagen é a marca cujos carros mais encareceram em 2021. Neste início de julho, Polo, Virtus, Nivus e T-Cross voltam a subir de preço, inflacionando ainda mais a gama nacional da marca alemã, que já tem o popular Gol por até R$ 83 mil completo e com câmbio automático.
O T-Cross já tinha preço inicial acima dos R$ 100 mil, mas agora chega a superar o recém-lançado SUV médio Taos, que usa a plataforma maior, de Golf e Tiguan AllSpace, e é importado da Argentina. Enquanto o SUV compacto sai por R$ 155.980 com todos os opcionais na versão topo de linha Highline, a versão de entrada Comfortline do Taos parte de R$ 155.585.
Um adendo: ambos são equipados com o motor 1.4 250 TSI turbo flexível de até 150 cv de potência e 25,5 mkgf de torque, combinado ao câmbio automático de seis marchas. Como dizia aquele programa de TV da década de 1990, você decide…
Ao menos, a versão de entrada Sense mantém o preço de R$ 92.990, apostando num pacote mais simples, que era exclusivo para o público PCD. Mas todas as outras versões do T-Cross subiram de preço. Com transmissão automática, a 200 TSI passa, então, a custar R$ 114.450 (antes, R$ 112.790). A Comfortline subiu quase R$ 2.000, e foi de R$ 127.390 para R$ 129.290. Por fim, a Highline custa R$ 138.950 ante os R$ 136.890 de antes.
Nivus a partir de R$ 100 mil
Tal como noticiamos, em menos de um ano de mercado, o VW Nivus já saltou de R$ 85.890 para R$ 97.580 na versão de entrada Comfortline. Ou seja, estava R$ 11.590 mais caro. Isso porque o montante já está defasado, afinal, a marca alemã acaba de reajustar o valor. Agora, a configuração de entrada do crossover não sai por menos de R$ 100.050.
E não pense que foi só a versão de entrada que ficou mais cara (em R$ 2.470, mais precisamente). A variante topo de linha Highline também aumentou. Foram consideráveis R$ 2.830 de alta. Nesse sentido, o preço foi de R$ 111.820 para R$ 114.650. Mas quem quiser o Nivus completão, com todos os opcionais, não paga menos de R$ 117.310. E cabe salientar que nada mudou em relação à estética, itens de série, tampouco motorização.
Embora muitos componentes venham de fora, é bom lembrar que o Nivus tem produção nacional. Além disso, o veículo foi totalmente desenvolvido no Brasil, tanto que o design é assinado por João Carlos Pavone. Ou seja, não dá para culpar apenas a alta do dólar (cotado a R$ 5,23 no câmbio de hoje) ou os reflexos causados pela pandemia do novo coronavírus – como de praxe justificam as fabricantes. Nesse momento, você deve estar se perguntando: “Mas quais seriam as outras vertentes dessa alta?”
Virtus GTS por quase R$ 128 mil
A tabela da Volkswagen de julho, todavia, também mexeu nos preços de Polo e Virtus. A partir de agora, as versões mais baratas do hatch e do sedã partem, respectivamente, de R$ 67.090 e R$ 84.340. À época do lançamento da linha 2022, em abril — que, no entanto, trouxe poucas novidades visuais e a inclusão de itens como a central multimídia VW Play —, a dupla feita na planta da Volks em São Bernardo do Campo (SP) chegou custando a partir de R$ 66.120 (hatch) e R$ 83.120 (sedã).
Com o reajuste, entretanto, o Polo topo de linha Highline quase encosta em absurdos R$ 100 mil. O modelo dotado de motor 1.0 turbo não cruza a porta das revendas por menos de R$ 99.990. Pelo Virtus topo de linha, com a mesma mecânica, a Volkswagen pede R$ 111.340. Quem curte esportividade também precisa preparar o bolso. As versões GTS de Polo e Virtus (motor 1.4 turbo de 150 cv) custam, respectivamente, R$ 121.890 e R$ 127.790.
Problemas que afetam não só a Volkswagen
Atrás dessa resposta, fomos atrás do consultor Paulo Garbossa, da ADK Automotive, para nos explicar esse aumento. “Não é só dólar e pandemia. Tem comodities no meio do caminho. Tem inflação, taxa Selic, está tudo subindo, e isso influencia no custo (final do produto). É uma somatória de fatores. Infelizmente, o salário não sobe na mesma proporção das mercadorias. Afinal, se chove muito, acaba a safra, se chove pouco, acaba a safra, ou seja, o preço vai subir do mesmo jeito”, explica.
Para se ter ideia, alumínio, plástico, papelão, tudo tem subido. Nesse ínterim, tem ainda o aumento da porcentagem do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a compra e venda de veículos para quem mora no Estado de São Paulo — criticado pelo presidente da Volkswagen Pabli Di Si no começo do ano.
A escassez de peças (principalmente, semicondutores) é outro problema que as montadoras vêm passando de uns meses para cá. E essa falta de matéria-prima culmina, justamente, na paralisação da fabricação de veículos e acarreta em baixa nas vendas. Como qualquer negócio, montadoras visam lucros e, com isso, o jeito é aumentar os preços.