Se até hoje ele não é celebrado como um dos conversíveis mais icônicos da companhia e levou quase seus 20 anos de existência para começar a ser reconhecido com um clássico, o BMW Z8 tem seu valor. O modelo que foi até estrela de cinema, muitas vezes não é lembrado ou colocado abaixo de outros roadsters da BMW na escala de importância, como o Z3 e o Z4.
Projetado por Henrik Fisker, sim, o mesmo da marca Fisker, ele diz que o projeto surgiu após o passeio pelo sul da França de diretores da BMW em vários clássicos. Entre os carros, um BMW 507, que suscitou a pergunta: “por que não temos nada parecido com isso hoje”? E foi dali que Fisker começou a trabalhar no que viria a ser o Z8.
Com estilo retrô, o modelo foi apresentado pela primeira vez em 1999, no Salão de Frankfurt, na Alemanha. Além da inspiração no clássico 507, ele teve ainda um conceito criado antes, o Z07, e que foi mostrado durante o Salão de Tóquio, em 1997. No mesmo ano do evento alemão ele também faria a aparição em “O Mundo Não é o Bastante”, filme de James Bond, com Pierce Brosnan, daquele ano. As vendas começariam apenas em 2000, deixando ao consumidor um gostinho de quero mais devido as aparições antecipadas.
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Mecânica
O estilo retrô do Z8 escondia uma mecânica atual e qualificada para a época. Ele usava o mesmo V8 4.9, aspirado, do M5 (E39). Isso significava 400 cv e 50,9 mkgf. Ao estilo “raiz”, o Z8 era oferecido unicamente com câmbio manual de seis velocidades e tração traseira. Ele conjunto levava o roadster de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos e a velocidade máxima em 250 km/h.
Além de motor e câmbio emprestados do M5, o sistema de freios era emprestado do 750i. A carroceria era de alumínio, assim como os braços da suspensão, tudo para reduzir o peso ao máximo. Como o Z8 “surgiu do nada”, ele tinha uma plataforma única, o que aumentava custos do projeto, ao mesmo tempo que deu liberdade extra ao design na hora de criar o carro.
Acabamento
O interior apelava ao verdadeiro estilo retrô-moderno do início dos anos 2000. Era exagerado na tentativa de parecer antigo, enquanto forçava uma modernização das partes. O painel era todo centralizado, fora do campo de visão do motorista, como veríamos depois com outros carros mais baratos, mas por uma questão de custo: Toyota Etios, por exemplo.
O painel tinha acabamento em dois tons. A parte superior acompanhava a cor da carroceria e era de plástico, o que destoava do valor (ele era o primeiro BMW a superar os US$ 100 mil nos EUA, como referência de valores) e do estilo do Z8. A parte inferior, de couro, acompanhava a cor do mesmo revestimento nos bancos.
O volante redondo de três aros seguia o estilo dos mostradores e o moderno estava presente na partida por botão, mas que ainda exigia a chave inserida no painel, de todo modo. O Z8 era um misto estranho de estilos conflitantes, mas que ao mesmo tempo era atrativo. Seu problema em termos de fabricação era a logística. Seu monobloco era produzido na fábrica de Dingolfing, então transportado para Munique, onde era montado, praticamente à mão.
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Inscreva-seAdeus ao Z8
Vale reforçar que seu status de ícone deveria ser maior e mais significativo, afinal, o Z8 teve vida curta. Ele foi oferecido apenas até 2003. Com 5.703 unidades produzidas apenas, a sua maioria na cor prata, cor de lançamento e também do carro do filme de Bond – 3.182 exemplares. O preto foi a segunda cor mais escolhida. Havia também azul, vermelho e cinza. Mais da metade dos Z8 produzidos foram exportados para os Estados Unidos.
Z8: segunda vida após o adeus com a Alpina
Ao final da sua produção, o Z8 continuou em produção. Isso porque a Alpina, parceira e preparadora especializada em BMW, tocou o projeto como uma série limitada. Batizado de Roadster V8 Limited Edition, o modelo teve apenas 555 unidades produzidas entre junho de 2002 e outubro de 2003.
A ideia da Alpina era oferecer um carro com uma “alma” mais de Gran Turismo (GT), com esportividade focada mais em conforto e não tanto em encontrar o ápice de desempenho. Assim, saiu da cena o V8 4.9 do M5 de 400 cv e entrou um V8 4.8 que a empresa usava no Alpina B10 V8 S, sua leitura do Série 5 preparado. Ele entregava 381 cv.
Outra mudança com o mesmo foco foi a adoção de um câmbio automático de cinco velocidades. Agora o Z8 “Alpina”, acelerava de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos, mas atingia a velocidade máxima de 260 km/h. A preparadora também trocou o volante original por um próprio que tinha espaço para botões para as trocas de marcha, os antecessores dos “paddles shifts”, as aletas para trocas de marchas, atuais.
Padrão da Alpina, o modelo também ganhou as rodas raiadas de 20″ com raios finos, acabamento de couro de maior qualidade e até novo grafismo para o fundo dos mostradores. A suspensão também passou por um novo ajuste, para ficar em conformidade com a nova proposta.