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Os carros de chefes de Estado
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Os carros de chefes de Estado

Entre os carros usados pela realeza e por chefes de Estado no mundo todo, há de clássicos, como o Rolls-Royce de 1952 do governo brasileiro a bunkers sobre rodas, como o Cadillac de Donald Trump

Tião Oliveira

28 de abr, 2020 · 10 minutos de leitura.

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CHEFES DE ESTADO
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Crédito:ARQUIVO

A ligação entre carros e chefes de Estado sempre foi muito estreita. Por isso quem está no topo da cadeia de decisão, seja o presidente, o primeiro-ministro de um país ou mesmo um monarca, não pode rodar a bordo de um automóvel qualquer. O cargo exige um veículo que esteja à altura de sua importância, uma vez que marca presença no cotidiano do dirigente e em ocasiões mais formais, como visitas oficiais e recepções a outros chefes de Estado.

Ludovic Marin/Reuters

Por isso os veículos destinados a essa função devem ter muitos predicados. De um lado, têm de oferecer luxo e conforto para o mandatário do cargo de maior pompa. De outro, um reforço na segurança. Afinal, esses modelos têm de ser capazes de garantir a integridade física dos ocupantes em caso de um eventual atentado.

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Trump usa bunker sobre rodas

O modelo que ilustra perfeitamente essa dualidade é o Cadillac One. Trata-se do carro utilizado pela presidência dos Estados Unidos desde 2009. A versão atual, batizada de “The Beast” (A Besta) é de 2018. A limusine tem carroceria feita pela General Motors sobre o chassi de um caminhão GMC Topkick. Isso porque um monobloco convencional não suportaria o peso da blindagem e dos itens de segurança.

A carroceria, composta por uma sobreposição de camadas de aço, cerâmica e titânio, tem 20 cm de espessura e as janelas, 13 cm. É o suficiente para proteger os ocupantes de disparos de fuzis, metralhadoras e até alguns tipos de mísseis.

No caso de um eventual ataque químico, tanques de oxigênio estão à mão. Há até bolsas com sangue do mesmo tipo do presidente.


Chefes de Estado
Mike Segar/Reuters

Escolha pela Cadillac

Mas o risco de o chefe de Estado ser atingido é remoto. Uma grossa parede de vidro separa o presidente do motorista. Há ainda telefone via satélite com linha direta com o Pentágono, o vice-presidente e o Departamento de Defesa dos EUA.

E, obviamente, armas. Como fuzis e bombas de gás lacrimogêneo. Um sistema que libera óleo na pista atrás do carro, fumaça na dianteira e um lançador de granadas estão entre os artefatos disponíveis.


A Cadillac, que pertence à GM, já havia sido a marca de vários veículos presidenciais dos EUA. É o caso do Majestic Series de Woodrow Wilson, do V8 de 1928 utilizado por Franklin Roosevelt, do Eldoradoconversível de 1953 de Dwight Eisenhower e do Fleetwood de 1993 que serviu Bill Clinton.

Stoyan Nenov/Reuters

Putin chegou primeiro

O atual carro do presidente norte-americano foi incorporado à frota logo após o governo russo apresentar a nova limusine utilizada por Vladimir Putin. O carro do mandatário russo estreou na cerimônia de posse para o quarto mandato.


O modelo, desenvolvido pela fabricante local Nami, é bastante parecido com o Rolls-Royce Phantom, principalmente na dianteira. A grade retangular tem tiras verticais e o emblema da Auros no topo. Abaixo dos faróis de LEDs, há grandes entradas de ar com aros cromados.

Batizado de Aurus Senat, o modelo tem 6,62 metros de comprimento e pesa mais de seis toneladas por causa da blindagem, feita para proteger os ocupantes de explosivos e disparos de armas pesadas. O motor é um Porsche V8 de 4,4 litros com turbo que gera 600 cv.

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Charles Platiau/Reuters

Chefes de Estado valorizam ‘prata da casa’

Em comum, os chefes de grandes potências costumam priorizar a “prata da casa”. Na França, por exemplo, todos os 30 modelos utilizados pelos presidentes desde 1906 foram construídos por marcas do país. Desse total, dez eram Citroën, nove da Renault e cinco da Peugeot.

O mais emblemático deles certamente foi o Citroën DS 19 de 1962 utilizado por Charles de Gaulle e Georges Pompidou. O atual presidente francês Emmanuel Macron tem à sua disposição dois modelos feitos sob medida: um DS 7 Crossback e um Peugeot 5008.

Na Itália, os carros de chefes de Estado são o Lancia Thesis e o Maserati Quattroporte. Para solenidades, há dois exemplares da limusine Lancia Flaminia Presidenziale construídas em 1960.


Bentley/Divulgação

Rainha Elizabeth usa Bentley

A família real britânica tem uma grande frota à disposição. O Bentley State Limousine é o carro oficial da rainha Elizabeth II. O primeiro-ministro Boris Johnson, por sua vez, tem à disposição um sedão Jaguar XJ Sentinel. Trata-se do mesmo carro que foi utilizado por sua antecessora, Theresa May.

No Brasil, assim como no Chile e na Austrália, há dois veículos presidenciais bem diferentes um do outro. Um é um clássico, utilizado apenas em solenidades e comemorações. O outro é um carro mais atual, para as tarefas do dia a dia dos chefes de Estado.


Em datas especiais como o feriado de 7 de setembro (Dia da Independência), é o Rolls-Royce Silver Wraith de 1952 que sai às ruas. Foi a bordo dele que o atual mandatário Jair Bolsonaro desfilou no dia de sua posse.

Por ora os carros de trabalho da presidência são os Ford Fusion Hybrid e Edge. Os modelos atuais são de 2018.


Shamil Zhumatov/Reuters

Mercedes é a queridinha dos poderosos

A Mercedes-Benz fornece os sedãs Classe S para os presidentes de países como Bélgica, Camboja, Finlândia, Índia, Vietnã e Coreia do Sul – além, evidentemente, da Alemanha. A chanceler Angela Merkel também utiliza um sedã Audi A8.

Até o ditador norte-coreano Kim Jong-Un conta com dois modelos Mercedes-Maybach. Como o país sofre sanções internacionais, os carros foram contrabandeados ao país.

A Mercedes, aliás, é a marca preferida dos mandatários no mundo todo. Levantamento feito pelo site TitleMax, da área financeira, apontou que de 45 Estados listados, incluindo o Vaticano, 15 têm modelos da marca alemã a serviço de seus líderes.


Natasha Pisarenko/AP

Mujica recebeu oferta de US$ 1 milhão por Fusca

Em 2014, um xeque árabe ofereceu US$ 1 milhão (equivalentes a R$ 2,4 milhões na época) pelo Fusca azul de 1987 do então presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica. A oferta inusitada teria sido feita em junho daquele ano, durante a cúpula de G77+China, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia – o nome do interessado não foi revelado.

Mujica, que ficou conhecido por ser o chefe de Estado mais abnegado do mundo, disse que jamais venderá seu Volkswagen. Três meses depois, o embaixador do México, Felipe Enríquez, ofereceu, sem sucesso, dez carros novos em troca do famoso Fusca.


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