Dizer o nome “Cosworth” para qualquer amante de carro é dar uma deixa para ele falar sobre duas coisas: Fórmula 1 e preparação. A empresa britânica existe desde 1958 e foi fundada pelos engenheiros Mike Costin e Keith Duckworth. Da junção do sobrenome de ambos COStin e duckWORTH, surgiu o nome da companhia: Cosworth.
Tanto na Fórmula 1 quanto fora dela, a função da Cosworth sempre foi uma: melhorar motores. A empresa surgiu da saída de seus fundadores da Lotus, onde ambos trabalhavam. Apesar de ser uma empresa independente, desde os primeiros anos ela tem uma proximidade grande com a Ford.
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Colin Chapman, da Lotus, convenceu a Ford a usar os motores desenvolvidos pela Cosworth. Bem sucedida, a parceria fez com as empresas trabalhassem juntas no desenvolvimento de alguns produtos, especialmente para a Europa, por muito tempo. Quase que em simbiose.
Não à toa, a nossa lista de carros icônicos associados à companhia tem vários modelos da Ford, mas não só. Há outras grandes marcas e modelos que ficaram pra história, é claro, que também carregam a chancela da companhia, como Aston Martin, Mercedes-Benz e Subaru.
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Começando pela Ford, que tem uma infinidade de modelos que receberam motores preparados pela Cosworth, vale obviamente mais destaque para alguns deles. Dois importantes são a primeira geração do Escort RS e o último, o Escort RS Cosworth.
O motor 1.6 quatro cilindros do primeiro, também conhecido como Mk I, preparado pela Cosworth entregava 120 cv na versão de rua. Ele recebeu um novo cabeçote com duplo comando de válvulas e 16V. Ele foi criado para homologar o carro para as provas de rali, nas quais o motor com menos restrições e mais modificações chegava aos 200 cv. Números grandiosos para a década de 1970.
Sierra RS Cosworth
Na década seguinte, a empresa faria o Sierra RS Cosworth. O modelo era uma espécie de “irmão maior do Escort”. Ele usava um motor 2.0 turbo de 204 cv. Para homologá-lo para as competições foi preciso criar uma versão na qual o carro de rali era baseada, a RS500. Esse carro entregava 225 cv, mas nos ralis chega aos 500 cv. A tração era integral e o câmbio manual de cinco marchas. O conjunto seria “emprestado” ao Escort RS Cosworth depois.
RS 200
Para disputar a categoria “sem limites” do Mundial de Rali, o Grupo B, a Ford criou o RS200. Um carro curto, leve, com motor central e tração integral. A missão era brigar com o Lancia Delta S4, Audi Quattro e Peugeot 205 T16. Provavelmente é o mais raro da lista. Teve apenas as 200 unidades exigidas produzidas.
O motor 1.8 turbo entregava 250 cv na versão de rua. Kits foram criados para elevar a potência aos 300 cv. A versão de competição desse propulsor variava entre 350 cv e 450 cv. Uma versão “EVO” do motor elevava a capacidade para 2 litros e a potência para 750 cv. Ela foi usada no IMSA GTO, um campeonato de carros esporte norte-americano.
Escort RS Cosworth
O ode máximo a capacidade da Cosworth surgiria no início da década de 90. O Escort RS Cosworth. Apesar de usar o nome Escort, o modelo teve algumas “trapaças”. Se a cara era de Escort, a Ford usou o monobloco do Sierra para poder ter acesso a tração integral do irmão maior. Também como uma série de homologação para rali, ele usava o motor 2.0 longitudinal do Sierra, turbo, que entregava 200 cv.
O que deveria ser uma série de apenas 2.500 unidades, durante 1992 para homologar se tornou praticamente um carro de série até 1996. AS últimas unidades tinha um turbo menor e chegavam aos 227 cv. O destaque do modelo eram as aberturas de ar nas extremidades do capô e o enorme aerofólio de dois níveis na traseira. Ele encerrou a vida com cerca de 7.100 unidades produzidas.
Subaru
Em 2011, a Subaru mostrou um Impreza WRX STI com um toque da Cosworth. Criado a pedido do braço britânico da companhia japonesa, o hatch que já entregava 300 cv no 2.5 turbo conseguiu ter a potência do motor boxer elevada para 400 cv. Batizado de Impreza STI Cosworth CS400 vinha associado ao câmbio manual de seis marchas e tração integral. A Cosworth foi responsável por também recalibrar suspensão, freios e escapamento. A série limitada teve apenas 75 carros.
Mercedes-Benz
Se você procurar, não vai achar a chancela, plaqueta ou algo que diga a história real. Mas o cultuado Mercedes-Benz 190 E 2.3 e sua versão posterior o 190 E 2.5 EVO II, são crias da Cosworth. O sedã que antecipou a verve esportiva que os três volumes da Mercedes poderiam ter teve o motor também calibrado pela Cosworth.
Em 1984, o quatro cilindros M102 de 2,3 litros ganhou um novo cabeçote, criado pela empresa inglesa. Com duplo comando e 16 válvulas, elevou a potência dos 136 cv para 185 cv. Ele ganhou grandes entradas e saídas de ar na admissão, para “respirar” bem. Com muito mais diâmetro do que curso, era “girador” e mantinha um platô de potência máxima entre 5.500 rpm e e faixa vermelha dos 7.000 rpm.
Outras mudanças foram pistões de liga leve, anéis projetados para lidar com altas velocidades e bronzinas mais resistentes que as originais. Esse carro, para quem não lembra, é aquele com o qual o Senna, um novato da F1, venceu os medalhões da categoria, todos em modelos iguais, sem alterações.
Em 1988, em busca de mais performance, o motor cresceu, com aumento do curso, chegando aos 2,5 litros. Com isso a potência subiu para os 194 cv com catalisador. A versão, sem o componente, para as pistas, entregava 204 cv. Mesmo “restrito” aos 194 cv, ele já era mais potente que o 2.3.
Evo e Evo II
No ano de 1989, surgia a versão Evo, com pistões maiores e curso menor, mas mantendo os 2,5 litros e a potência inalterada. As mudanças apenas serviram para mudar o comportamento do propulsor; tornando-o “girador” outra vez. O carro tinha apêndices aerodinâmicos também que davam mais esportividade, como um aerofólio na traseira. Apenas 502 unidades foram produzidas para homologação, segundo as regras do Campeonato de Turismo Alemão (DTM).
Como os alemães não queriam deixar toda a fama para os ingleses que deram “uma mãozinha” para eles no projeto do primeiro sedã esportivo, eles usaram também a expertise da AMG, à época uma parceira da marca apenas.
Em 1990, surgia a mais aclamada versão, a Evolution II, ou Evo II. O motor 2.5 16V vinha de série com um pacote da AMG de potência. Ele elevava a potência do sedã aos 235 cv. Além disso, o sedã tinha um pacote aerodinâmico novo. Ele incluia caixas de rodas mais largas, nova rodas, um aerofólio maior e ajustável e um splitter ajustável no para-choque dianteiro. Novamente, 502 unidades para homologação foram produzidas.
Aston Martin
A mais recente criação com um toque da Cosworth ainda nem chegou às ruas. É o Aston Martin Valkyrie. O modelo desenvolvido pela Aston Martin em parceria com a equipe de Fórmula 1 Red Bull terá apenas 150 unidades produzidas. A Cosworth entra nesse projeto na preparação e calibragem do V12 de 6,5 litros.
Eles garantiram que o motor entregasse sozinho 1.000 cv e 75,4 mkgf. Ele vem associado a um motor elétrico que entrega mais 160 cv e 28,5 mkgf. Um total, segundo a Aston Martin de 1.160 cv e 91,7 mkgf. Todas as unidades do Valkyrie já estão vendidas.