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Crise sanitária paralisa produção de motos na Zona Franca de Manaus
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Crise sanitária paralisa produção de motos na Zona Franca de Manaus

Associação das fabricantes diz que situação é delicada na capital amazonense e alerta para estoques baixos e atraso na entrega de motos

Diogo de Oliveira, Especial para o Estado

27 de jan, 2021 · 6 minutos de leitura.

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Produção de motos na Zona Franca de Manaus é afetada novamente pela pandemia do coronavírus
Crédito:Honda/Divulgação

Dez meses após desligarem as máquinas no início da pandemia, as fábricas de motos da Zona Franca de Manaus vão parar novamente por causa do coronavírus. Em coletiva com jornalistas, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, afirmou que a situação é delicada na capital do Amazonas. E que algumas fábricas já pararam a produção nesta semana.

“Todos os esforços têm sido feitos para, então, minimizar o problema de saúde pública. Alguns dos nossos associados estão com dificuldade para manter a produção. Nosso maior fabricante (a Honda) vai parar esta semana. A maioria está trabalhando em um turno, e isso vai afetar a produção de janeiro”, disse Fermanian na transmissão ao vivo.

motos usadas
WERTHER SANTANA/ESTADÃO

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Estoques estão curtos

Diferentemente de 2020, quando a indústria foi surpreendida pela pandemia, o momento é de retomada. O mercado caiu 15%, e as fábricas planejavam acelerar a produção neste início de 2021 para, dessa forma, repor estoques e atender à demanda aquecida. Contudo, com a pandemia da Covid-19 em seu pico, a Abraciclo alerta para a falta de motos.

“Os estoques terminaram 2020 muito baixos. E tínhamos uma expectativa de repô-los em janeiro e fevereiro, para, dessa forma, atender à demanda de espera. Todas as modalidades estão sofrendo, desde bancos de financeiras que têm propostas aprovadas a revendas que aguardam as motos chegarem”, relatou o presidente da Abraciclo.

Segundo Fermanian, a situação dos consórcios preocupa. Há cerca de 100 mil motos em fila de espera. “O consórcio tem uma pendência muito alta. Então, nesse momento precisamos contar com o apoio da sociedade. Não é que o sistema não está cumprindo (a promessa). Há uma dificuldade que a nossa indústria está enfrentando em Manaus”, explicou.


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Freio no otimismo

A Abraciclo também divulgou os números da indústria brasileira de motos em 2020. Apesar da queda, o balanço é considerado positivo pela indústria. Entre janeiro e dezembro do ano passado foram emplacadas 915.157 motocicletas no país, um total 15% menor do que o de 2019, quando o mercado nacional comprou, então, 1.077.234 motos.

Entretanto, nos últimos cinco meses de 2020 as vendas retornaram aos níveis anteriores à pandemia. Assim, as montadoras sustentam o discurso otimista (mesmo diante da situação de calamidade pública em Manaus). E projetam crescimento de 7,1% no varejo. Além de um incremento de 10,2% na produção, que caiu 13,2% no último ano por causa da pandemia.


“Hoje não conseguimos atender à demanda. As regras de combate da Covid-19, que são essenciais, reduziram a capacidade presencial de colaboradores nas fábricas. Mas o mercado de motos vai continuar crescendo. Vamos torcer para que as autoridades consigam resolver a situação da pandemia para voltarmos à normalidade o mais rápido possível”, disse Fermanian.

motos
NILTON FUKUDA/ESTADÃO

Preços vão subir

Apesar da confiança demonstrada no país, a Abraciclo sinaliza que haverá aumento nos preços das motos nacionais e importadas. Uma das causas é o custo de insumos básicos, como aço, alumínio e borracha, que encareceram com a alta do dólar. Da mesma forma, a “segunda onda” da pandemia provocou atrasos e falta de peças. E aumento dos custos alfandegários.


“Não repassar esses aumentos ao consumidor é, portanto, um desafio que vai se acentuar em 2021”, avalia Fermanian.

Além disso, a indústria amarga a decisão do governo de São Paulo de aumentar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Para o presidente da Abraciclo, quem mais sofrerá são os consumidores com renda de até três salários mínimos. “Estes infelizmente sentirão maior impacto no preço da motocicleta”, aponta Fermanian.



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