Quem decretou que motociclistas não podem frear?

Carros e motos não andam se entendendo no trânsito e o número de mortes de motociclistas cresce assustadoramente

Motociclista no disputado corredor do trânsito na capital paulista Crédito: ALEX SILVA/ESTADÃO

Há uma guerra velada no Brasil, em especial em São Paulo, que é a dos motoristas de carros com os motociclistas. Eu fico muito tranquilo para falar sobre isso porque sou os dois e a situação está ficando insustentável. No mundo das quatro rodas, as pessoas não dão mais seta, vão trocando de faixa tentando ganhar segundos que não farão a menor diferença no fim do trajeto.

Já no mundo das motos, o que é ainda mais grave, é que “alguém” decretou que os motociclistas não podem frear nunca. Não podem perder um segundo sequer. Com isso, quem está no guidon não admite mudança de faixas dos carros, veículos parados no corredor tentando entrar em alguma alça de acesso e coisas similares do cotidiano do trânsito.

Sempre há discussão, buzinadas infernais, a tradicional balançada de cabeça seguida do gesto com a mão para chegar para lá e, em casos mais graves, o irracional chute no retrovisor. Se cada motociclista que para para reclamar apenas freasse, mudasse para outra faixa e seguisse, o tempo de viagem seria o mesmo que o com a reclamação. Reclamar leva à mesma desaceleração de frear.

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Este comportamento, dos carros e das motos, vai deixando todo mundo irritado no já estressante trânsito da maior cidade do Brasil. Isso se reflete no número de acidentes e mortes. As rodovias federais (onde a circulação de motos é nula) mostram números positivos, com diminuição de 11% nos acidentes no último feriado em relação ao mesmo período do passado.

Mortes de motociclistas só aumentam

Já o número de mortes em acidentes de motos em São Paulo, segundo último levantamento do Infosiga, o banco de dados do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, aumentou 62% no ano passado em relação a 2017. Sendo a metade dos mortos de homens entre 18 a 29 anos.


Pode calcular no GPS. Pilotar de forma normal, sem ser no modo “vida loka” sem frear nunca, vai acrescentar no máximo dois minutos a cada corrida, o que não é nada. Claro que no fim do dia, dez corridas com dois minutos a menos viram 20 minutos, ou seja, uma entrega a mais perdida. Um frete a menos todo dia, são 22 no mínimo.

É muita diferença no fim do mês para quem não já não ganha muito. Esta aí o maior desafio. Porque quando dói no bolso, não há campanha de conscientização que se sustente. Agora, se você não trabalha com moto-frete, está apenas se deslocando, e se comporta da mesma maneira, está apenas colocado sua vida em risco por dois minutos. Vale?

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