Primeira Classe

Por que Compass e Corolla são ‘os queridinhos’ do Brasil

Consumidor dos dois modelos costuma ser aquele que tem medo de ousar

Rafaela Borges

04 de jul, 2017 · 7 minutos de leitura.

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Campeões
Crédito: Compass e Corolla vendem tanto que não deixam espaço para a concorrência (Foto: Rafael Arbex/Estadão)

Por custarem acima de R$ 100 mil em suas versões mais vendidas, Compass e Corolla surpreendem no ranking de vendas: constantemente, os dois carros aparecem entre os dez mais emplacados.

(No Instagram: @blogprimeiraclasse)

Essa lista, alguns anos atrás, só tinha modelos de entrada (basicamente hatches e sedãs compactos). Essa realidade mudou com a crise econômica, que tirou poder aquisitivo dos consumidores de alguns desses carros.

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Os modelos mais caros (SUVs e sedãs médios) passaram a visitar, ou ter posição de honra, no “top 10”. Mais que esse panorama, no entanto, está a capacidade de Compass e Corolla de massacrarem a concorrência.

De uns anos para cá, o sedã da Toyota não deixa espaço – ou deixa pouco – para os rivais. Em 2017, ele já vendeu 29.188 unidades. É o dobro do principal rival, Honda Civic (14.696).

O Cruze tem cerca de 8 mil emplacamentos e os demais não passam das 2,5 mil unidades vendidas.


Já em seu primeiro mês completo de vendas, janeiro de 2017, o Compass teve mais emplacamentos que a soma de todos os rivais juntos. Seus concorrentes principais, diretos, são Honda CR-V, os Hyundai ix35 e Tucson, o Mitsubishi ASX e o Toyota RAV 4.

No primeiro semestre deste ano, foram emplacados 22.003 Compass. O ix35, segundo colocado entre os SUVs médios, teve apenas 4.587 unidades vendidas.

O sucesso é tão intenso que nos meses de abril e maio, o Compass chegou a ser o SUV mais vendido do Brasil. Ele ficou à frente, inclusive, de compactos que custam entre R$ 20 mil e R$ 30 mil a menos.


 

 

AS RAZÕES


Conversei com repórteres e editores do Jornal do Carro sobre os fatores que levam ao sucesso dos dois carros. Após debates, a conclusão geral é: os dois carros são compras seguras.

Ou, em outras palavras: os clientes de Compass e Corolla têm medo de ousar.

Eu acho que essa lógica se aplica mais ao Corolla que ao Compass. O sedã é velho conhecido do consumidor.


Sua marca tem boa fama de pós-vendas. Além disso, o consumidor a percebe como uma fabricante de carros que não quebram.

Basta ver pesquisas de satisfação dos clientes, nas quais a Toyota sempre ocupa a primeira ou a segunda posição.

 


GALERIA: COMPASS X COROLLA

 

Vale também falar com os donos de carros da Toyota: quase não há reclamações. No boca a boca, a fama se espalha, e quem não tem passa a desejar.


Dos carros da Toyota, o Corolla é representante do segmento que, até alguns anos atrás, era o principal símbolo automotivo da classe média. E, nessa categoria, o Corolla passou a ser a escolha segura.

Ele não é emocionante, nem um estouro de crítica. Mas é um bom carro, espaçoso e confortável, além de econômico. O cliente paga caro, mas ganha “status”, por ter um carro admirado, e a sensação de que não terá dores de cabeça após a compra.

 


COMPASS

O Jeep é um novato. Segundo carro da marca feito no País, ele chegou para ser tudo o que o Renegade não conseguiu.

O Renegade despertou os desejos do brasileiro. Por quê? Por causa da marca. Quem tem um Jeep, tem um jipe de verdade. Essa, pelo menos, é a ideia do consumidor. E a marca, afinal, é mesmo especialista em utilitários.


O problema do Renegade é que ele tem fatores que não atendem o consumidor desse segmento – que, aliás, é o mesmo dos sedãs médios. Falta espaço, e falta porta-malas.

Além disso, o motor flexível do Renegade é fraco, e deixa o desempenho ruim. O do Compass, se não o transforma em um exemplo de agilidade, faz dele um carro um pouco mais esperto que o SUV menor.

O Compass custa sim mais caro que os compactos, mas e daí? Ele tem custo-benefício melhor, ou ao menos igual, ao dos verdadeiros concorrentes, os SUVs médios.


Tudo isso com a “aura” da marca Jeep, e toda a tradição off-road que a fabricante representa. Então, como o Corolla, virou também uma compra segura.

O Compass entrega tudo o que o público desse segmento precisa. E seu dono ganha o status de ter um autêntico off-road – mesmo que a versão mais vendida não seja a 4×4 a diesel, e sim a flexível, que é 4×2.

Ah, o motor a diesel também merece destaque. Com exceção do Renegade, não existe SUV a diesel no Brasil tão barato quanto o Compass.


 

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