Primeira Classe

Preços dos carros na África do Sul são de deixar os brasileiros tristes

No país africano, há versões mais acessíveis de carros que, aqui, são posicionados como 'premium'

Rafaela Borges

03 de jun, 2017 · 8 minutos de leitura.

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Mercedes Classe C
Crédito: Sedã é cerca de R$ 40 mil mais barato na África do Sul (Foto: Daimler AG)

Em janeiro, visitei a África do Sul, que tem características econômicas semelhantes às do Brasil. É um país de renda média e com forte concentração de renda. Muitos carros encontrados nas ruas das principais cidades sul-africanas são, inclusive, feitos no Brasil.

Durante minha visita, observei bastante os carros que circulam nas ruas e verifiquei também seus preços em algumas concessionárias. Aqui, compartilho algumas impressões.

O mercado automotivo lá é bem menor (com vendas de cerca de 600 mil exemplares por ano), e tem uma característica  diferente do brasileiro: por lá, é mais frequente se ver modelos de luxo circulando nas ruas. Por quê? Eles são mais baratos.

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A relação entre os preços dos carros na África do Sul e no Brasil já teve um abismo maior, pois a moeda brasileira estava valorizada entre o fim da década passada e o início desta. Com as desvalorização do Real, a diferença caiu, mas ainda é bem grande, especialmente entre os veículos de marcas de luxo.

Começando pela base, chama a atenção o Fiesta com motor 1.0 Ecoboost. Por lá, ele parte de preço equivalente a R$ 57 mil. Aqui, a versão equipada com esse propulsor sai a R$ 73.990.

O 1.0 Ecoboost, lá, traz câmbio manual na versão de entrada. Aqui, ele é oferecido só com o pacote de equipamentos mais completo, e transmissão automatizada. Ainda assim, o abismo é grande. Em contrapartida, o Fiesta de entrada, no Brasil, custa R$ 53.390 – e tem motor 1.0 aspirado.


Abismo maior é o do Corolla. Aqui no Brasil, existe uma versão de R$ 70 mil, mas só para vendas especiais – com espera de oito meses, em nossa última verificação. Nas concessionárias, a configuração mais barata, GLi, sai a R$ 91.990. Na África do Sul, o sedã da Toyota começa em R$ 66 mil, aproximadamente.

Da mesma marca, a Hilux de cabine dupla parte de R$ 97.761 no país africano. Aqui, começa em R$ 113.850. Já o Civic, da Honda, na versão com motor 1.5 turbo, custa R$ 125 mil no mercado brasileiro. Na África do Sul, ele parte de cerca de R$  109 mil, podendo chegar a R$ 116,5 mil, em conversão monetária direta.

Em compensação, as versões de entrada têm preços semelhantes, em torno de R$ 84 mil. E a nacional leva vantagem: é 2.0, enquanto a disponível na África do Sul é 1.8.


 

Preço carros África do Sul
Fiesta com motor 1.0 Ecoboost é versão de entrada por lá. Aqui, é de topo (Foto: Ford)

 


Também é grande a distância do Cruze, que aqui começa em cerca de R$ 92 mil e lá, em R$ 65 mil. No entanto, o sedã, no país da África, tem versão mais simples com motor 1.6 e câmbio manual, além de ainda estar em geração anterior.

Por aqui, já em nova geração, o modelo traz motor mais moderno, 1.4 turbo com injeção direta de combustível.

Analisando esses carros, dá para concluir que nem sempre a diferença de preço é muito grande, mas, ainda assim, por lá, o carro é mais acessível.


Explico: a maioria dos modelos tem versões mais simples, com menos equipamentos, permitindo acesso de uma parcela maior da população a modelos que, aqui, por causa do posicionamento criado por suas fabricantes, acabam sendo considerados de “luxo”.

 

Premium. No mercado de luxo de verdade, as diferenças de preço chamam mais a atenção. O Classe C vendido na África do Sul começa em R$ 126 mil. Aqui, o valor inicial é R$ 40 mil superior.


Para o Q3, a diferença de preço é de R$ 25 mil, para a versão mais simples. Por lá, ele começa em R$ 126 mil, enquanto o A3 Sedan parte de cerca de R$ 100 mil (R$ 115.190 aqui).

Na África do Sul, a versão vendida traz suspensão independente nas quatro rodas e câmbio automatizado, itens sofisticados que o três-volumes feito no Brasil perdeu na nacionalização.

 


GALERIA:  OS CARROS MAIS CARROS DE CADA SEGMENTO

 

 


Exceções. Dos carros pesquisados, o Golf tem preço semelhante ao brasileiro. Por lá, ele começa em R$ 74 mil e, aqui, em R$ 77.257. Nos dois casos, as versões mais simples trazem o motor 1.0 turbo.

O HR-V, por sua vez, é mais barato aqui, onde parte de R$ 80 mil. Por lá, o opção com o mesmo motor 1.8 começa em R$ 100 mil.

As conversões foram feitas diretamente do rand, moeda sul-africana, para o Real. E, como eu disse no início deste post, as desvalorização do Real deixou o carro brasileiro mais barato no exterior, nos últimos anos – mas, infelizmente, não mais baratos para a população local.


A ideia aqui não é fazer análises profundas, como comparar o poder de compra dos consumidores dos dois países. Em conversas com alguns sul-africanos, percebi que, por lá, os carros também são considerados caros, mas os preços dos modelos de luxo não assustam tanto quanto no Brasil.

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